Em 2020, o Acre bateu recorde de emissões de gás de efeito estufa, liberando 59.662.485 toneladas de CO2 e outros gases na atmosfera. Em 2018, o Estado havia emitido cerca de 32 milhões de toneladas e no ano seguinte, 39 milhões/t.
O aumento nas emissões tem tudo a ver com a devastação da floresta: em 2020, 85% dos gases vieram de mudanças do uso da terra e da floresta e 13% da agropecuária, os dois fatores principais.
Os dados fazem parte da segunda edição do SEEG Municípios, uma iniciativa do Observatório do Clima, divulgada nesta segunda-feira (13) -um grande estudo que mostra que oito dos dez municípios que mais emitem gases de efeito estufa no país estão na Amazônia, onde o desmatamento é a principal fonte de emissões. Altamira e São Félix do Xingu, no Pará, lideram a lista, seguidos por Porto Velho e Lábrea (AM). São Paulo e Rio de Janeiro são os únicos de fora da Amazônia entre os campeões de emissões, na quinta e oitava posições, respectivamente. Em 2019, os dez municípios emitiram juntos 198 milhões de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e), mais do que todas as emissões de países como Peru e Holanda.
O Acre ocupa a 14ª posição no ranking dos maiores emissores. O SEEG calculou as emissões de gases de efeito estufa de todos os 5.570 municípios brasileiros. O levantamento cobre duas décadas (2000-2019) e inclui mais de uma centena de fontes de emissão nos setores de energia, indústria, agropecuária, tratamento de resíduos e mudança de uso da terra e florestas.
A Amazônia encabeça o ranking de emissões per capita. Dos dez municípios com mais emissões por habitante, 6 são de Mato Grosso, 3 do Pará e 1 do Amazonas. Em Novo Progresso (PA), por exemplo, epicentro do desmatamento no eixo da BR-163, foi registrada a décima maior emissão por habitante do país: 580 toneladas de CO2e por ano, ou seja, 14 vezes a emissão de um cidadão do Qatar, o país com maior quantidade de carbono per capita do planeta. É como se cada morador de Novo Progresso tivesse mais de 500 carros rodando 20 km por dia com gasolina. A média global é de 7 toneladas de CO2e ao ano por habitante.
Por outro lado, municípios amazônicos extensos com muitas áreas protegidas também têm grandes remoções de carbono — quando subtraídas as remoções das emissões totais, chega-se às chamadas emissões líquidas. O campeão de remoções é Altamira, o maior município do país em área, que teve remoções de 25,7 MtCO2e em 2019. O levantamento destaca a importância de criar e manter Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
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