Foto: UOL
Espero que a turma que fala tanto em liberdade de expressão respeite a minha opinião.
Certamente um dos artigos mais conhecidos e amplos da Constituição Federal seja o que expressa a igualdade de todos os cidadãos brasileiros perante a lei. Independentemente de quaisquer condições, todos têm as mesmas obrigações a cumprir e direitos a serem respeitados. Todavia, na vida real, a regra é aplicação da lei pela exceção; pela de forma diferenciada e privilegiada. A tal expressão latina “dura lex, sed lex” (a lei é dura, mas é lei), cantado em prosa e verso, é, dependendo da importância do infrator, conversa para boi dormir.
Nos tempos atuais, o presidente Jair Bolsonaro prega o respeito às leis só da boca pra fora. Sua prática recorrente é chutar o pau da barraca e correr para o seu cercadinho para dizer que “joga dentro das quatro linhas da carta magna”, sob os aplausos de uma parcela significativa da população.
E o pior: sua inserção é mais representativa no extrato social que sentou em banco de escola. O que não significa, necessariamente, que aprenderam a conviver numa sociedade plural.
O pior de todos os fanáticos bolsonaristas são aqueles que justificam sua opção política não pelas qualidades do seu ídolo, mas pelos defeitos de seu principal adversário, como se a nossa República estivesse limitada a dois extremos perversos que se retroalimentam.
Em todos os tempos o Brasil foi dirigido por presidentes que, com acertos e erros, tinham um rumo, um norte. No mínimo, um rascunho de projeto nacional de desenvolvimento capaz de fazer o país gerar emprego e renda.
O projeto de Bolsonaro se resume a distrair incautos com suas birras com o STF, questionar a credibilidade das urnas eletrônicas que contabilizaram suas próprias vitórias e de sua prole e também colocar no outro a culpa sobre problemas que ele mesmo cria. O exemplo mais recente é a polêmica sobre o aumento dos combustíveis.
A fotografia que ilustra este modesto texto é a representação do maucaratismo e do desprezo daquele que, de fato, deveria ser o espelho do bom exemplo a ser copiado. O Brasil assistiu indignado os vídeos gravados por câmeras de celulares que registraram a ação de um grupo de marginais federais rodoviários, que, sem nenhum constrangimento ou sentimento humano, agiam para enlamear a imagem da Polícia Rodoviária Federal, ao assassinar a sangue frio e por asfixia gasosa um cidadão já algemado e rendido.
Justificativa: o motociclista foi preso por desrespeitar o Código de Trânsito ao ser flagrado trafegando sem o capacete. Pela infração o cidadão deveria ter sido multado e preso, caso tivesse oferecido qualquer resistência.
Entretanto, o que se assistiu foi um assassinato frio, nos moldes das câmeras de gás dos campos de concentração de Adolf Hitler.
Ainda não tivemos tempo de outra comoção social para passar borracha na memória das horrendas cenas do crime e eis que o presidente foi a mais um de seus passeios políticos, montado numa possante motocicleta, sem capacete e seguido por centenas de fanáticos.
Um acintoso deboche ao motivo do homicídio.
Na segunda-feira, 31/05, Jair Bolsonaro arregimentou um grupo em Jataí (GO ) para falar que é contra o comunismo, embora já tenha sido um ardoroso apoiador de um dos ícones do comunismo brasileiro, o ex-deputado Aldo Rebelo, para comandar o Ministério da Defesa durante o governo da petista Dilma Rousseff. Os seguidores do mito não devem saber disso, pois escrevi acima banco de escola não é sinônimo de aprendizado.
A pergunta é: onde estava a PRF para multá-lo pela transgressão e, caso necessário, prendê-lo?
Resposta: estava comboiando o presidente.
A lei é dura, porém não é para todos.
Esperar o quê de um presidente cujo caráter tem traços de psicopatia?
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas
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