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Polilogismo – o eterno embuste da esquerda

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Valterlucio Campelo

Desde Engels e Marx, o polilogismo toma conta de mentes ingênuas, maliciosas, ou estúpidas mesmo. Quando Karl Marx, o falacioso que sempre viveu às custas alheias, disse que cada classe social tem a sua própria lógica, ou seja, o proletário tem a lógica de proletário e o burguês a de burguês, de certo modo tonificou um pensamento de classe e definiu o adversário sem precisar de um padrão lógico. Tinha dois.


O economista austríaco Ludwig Von Mises em “A Ação Humana”, lançado em 1949, foi na veia e relacionou a essa mesma teoria o Nazismo. Hitler usara, igualzinho a Marx, um polilogismo, este de ordem racial. Para ele os arianos tinham a sua lógica e esta era diferente da lógica dos não-arianos, o que os autorizava a agir conforme a “sua” lógica. Deu no que deu.


Da mesma espécie cientificamente frouxa é o polilogismo dos dias de hoje, utilizado à larga por esquerdistas de focinheira leninista-marxista. Qual dos leitores não se deparou com a expressão infantil “não entendo como pode um pobre ser de direita”? O sujeito pensa que a esquerda pertence aos pobres e que a direita pertence aos não-pobres. Para ele a sociedade global se divide desse modo simplório e isso é suficiente para definir sua ideologia. As transformações da sociedade teriam que ser analisadas sob esse prisma, a luta de classes seria uma luta embasada em duas lógicas concorrentes. Macaqueando Marx, pobres (oprimidos) tem uma lógica e não-pobres (opressores) tem outra.


Em si mesmo o polilogismo é uma fraude. Simplifiquemos. Como Marx chegou à conclusão de que proletários são os explorados que só possuem a força de trabalho, capitalistas são os exploradores que possuem os meios de produção e as duas classes são inconciliáveis? Precisou, por acaso, de duas estruturas mentais diferentes, a do oprimido e a do opressor, para esta conclusão? E mais, sendo ele um burguês (embora sustentado), assim como Engels, como poderia possuir a lógica do proletário?


Nas últimas décadas surgiram vários outros polilogismos com o mesmo defeito de fábrica. Como principais, apontamos o polilogismo racial remasterizado, o polilogismo gay e o polilogismo feminista que enchem as mídias, os filmes, as universidades e o ativismo político da esquerda, cada um deles (há outros) servindo de muleta mental que ampara a debilidade militante.


Ora, se os pobres, os negros, os LGBTQI+ e as feministas possuem cada um sua própria lógica desde que se identifiquem como grupo oprimido pelos não-pobres, não-negros, não-LGBTQI+ e não-mulheres, implica que estes últimos possuem também sua própria lógica, certo? Só aí são oito. Não importa que, a rigor, uma mulher gay, pobre e negra, portanto, “quatro vezes oprimida”, necessite de quatro lógicas para compreender as várias opressões e perceber o mundo. Também não vem ao caso que uma pessoa possa ser ao mesmo tempo gay e rica – oprimida ou opressora? Se for pobre e branca, é oprimida ou opressora? Esquizofrenia tem limites. Picaretagem ideológica também.


Como não é viável dividir a sociedade em tantos grupos sem cair no ridículo, quem se apresenta para recolher e amalgamar todos esses ressentidos, como denominaria o filósofo Roger Scruton? Quem? Quem? Eles, a esquerda progressista! A ideologia Tabajara, diria em manchete o programa Casseta & Planeta, aquela que promete o paraíso na terra e entrega o inferno todas as vezes que tem oportunidade.


Todos esses grupos identitários se abrigam sob o guarda-chuva socialista, alguns deles sem desconfiar que, sem exceção, na URSS, Cuba, China, Coréia do Norte, Nicarágua e até aqui do lado, na Venezuela, foram e continuam sendo perseguidos e, muitas vezes, assassinados quando a elite partidária chega ao poder. São os chamados idiotas úteis, sempre esmagados pelas mãos finas da elite que chega ou se forma nos altos escalões das estruturas dos governos socialistas.


Essas minorias, barulhentas e articuladas, inicialmente encontram espaço amplo na esquerda porque são alvo da manipulação, seguem qualquer slogan mais ou menos elaborado, entram com tudo na beberagem teórica das universidades, são largamente promovidas pela mídia e pela intelectualidade de auditório, e adquirem fácil penetração na sociedade, afinal, querem “mudar o mundo para melhor”. Quem for contra arrisca ser chamado de racista, misógino ou homofóbico. Contudo, estes são embates epidérmicos, o que subjaz a toda esse teatro é a velha ideologia marxista, reformatada segundo a perspectiva gramsciana.


Hoje em dia é comum até negar a livre expressão de quem não pertença a algum desses grupos. Surgiu o “lugar de fala”, um remendo autoritário e fascista para restringir o debate e dar vezo à “lógica” particular daquele grupo. Em assuntos feministas só quem tem “lugar de fala” é feminista, em assuntos de discriminação racial só negros falam e assim por diante. Ali eles podem expressar livremente, sem debate, a sua “lógica” particular, reforçando o polilogismo por onde transita a esquerda sem exposição ao contraditório. 


As pessoas não pensam diferentemente sobre determinado assunto porque usam lógicas diferentes. Tudo depende da quantidade e do valor das informações a que teve acesso e ao seu grau de adesão. Algumas pessoas podem ter mais informações, outras podem ser mais capazes de aprofundar a reflexão em mais camadas de deduções, mas, ao cabo, como disse Von Mises, a estrutura lógica mental utilizada é a mesma.


Se alguém disser que, biologicamente, o homem nasce homem e mulher nasce mulher e seus pares de cromossomos encerram o assunto, será apedrejado pelo movimento LGBTQI+ e só pode ser um conservador homofóbico. Eles jamais o atacarão no mérito, explicando como biologicamente um sujeito nasce não-mulher e, ao mesmo tempo, não-homem. Para eles, a “lógica” é que o autor é heteronormativo e todo heteronormativo é homofóbico, logo, ele é homofóbico. Diz uma bobagem dessas usando o quê? Sem saber, usa (de modo errado) a mesma estrutura dedutiva – premissas e conclusão. Resumidamente, não existe a lógica LGBTQI+, nem feminista, nem racial, existe militância política que se aproveita do identitarismo para nutrir a velha luta de classes.


Em um trecho de sua obra mais conhecida, Von Mises afirma que “o polilogismo é a substituição da razão e da ciência pela superstição”. Não só. Em certo sentido, se pode dizer que o polilogismo aparta a ética da ciência e serve de rede de captura e manutenção de grupos sociais que ativam as células de uma corpo ideológico doente.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no site ac24horas e eventualmente no seu BLOG, no site do Puggina e outros.


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