A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do transporte público ouviu, na tarde desta terça-feira, 3, o ex-prefeito de Rio Branco Raimundo Angelim, na Câmara de Vereadores. O ex-prefeito contou suas experiências, modelos de gestão que levaram Rio Branco ao auge do transporte coletivo, mas que também trouxe desavenças e até ameaça de morte.
Angelim compõe a lista de ex-prefeitos e ex-gestores da municipalidade que devem ser convocados para prestar esclarecimentos sobre a crise no sistema de transporte da capital. Na leitura do seu relatório, Angelim destacou que a crise no sistema público vem de longa data, porém, o gestor relatou que mesmo com as tentativas de boicote no início de seu mandato, ele teve pulso e fez por meio de medidas jurídicas, que as empresas da época cumprissem o acordado no contrato firmado na gestão do ex-prefeito Isnard Leite (MDB).”Eu me reuni com eles [empresários] dizendo que eles teriam que cumprir o contrato do processo licitatório. Se ganharam é porque tem condições de cumprir”, relembrou.
Porém, as empresas se mostraram propensas a continuarem descumprindo os termos e ele decidiu entrar com uma ação na justiça. “Quando procurei a justiça eles quiseram conversar. Eles assinaram um termo de conduta e se comprometeram a cumprir os termos. Nós conseguimos na nossa gestão e implantamos a bilhetagem eletrônica que facilitou o troco, depois trouxe transparência. Implantamos um centro de controle operacional, onde cada ônibus tinha um GPS para saber quanto tempo vai demorar”, ressaltou.
Em meio ao seu discurso, o ex-prefeito afirmou que o que torna o sistema eficiente é a trafegabilidade e cumprimento do horário. “Não é só ônibus novos, o que faz o sistema ser eficiente”, indagou.
Angelim disse ainda que após as implantações do sistema resolveu cobrar renovação de frota de veículos, na ocasião, das quatro empresas, três cumpriram e uma delas, a São Roque, se negou a renovar a frota. Com a negativa, ele emitiu um decreto de caducidade que é a extinção de contrato de maneira unilateral, causando a ira dos empresários e até ameaças de morte. “Cheguei a ser ameaçado até de morte, mas eles foram embora do Acre. Eu fui ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para que as empresas absorvessem os trabalhadores da empresa extinta”, comentou.
O petista aproveitou a oportunidade para, indiretamente, alfinetar o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom. De acordo com ele, em sua gestão houve a renovação de 95% da frota de veículos novos. “Esse aqui é zerado que veio. Exigimos que trouxesse ônibus adaptados. Na minha gestão não houve contratação de novas empresas”, declarou.
O vereador Emerson Jarude (MDB) fez questão de enaltecer a presença do ex-prefeito Raimundo Angelim que, segundo ele, deu uma aula de ‘gestão’, especialmente ao atual prefeito da capital, Tião Bocalom (Progressistas). “Está mostrando que é possível fazer a coisa correta. Coisa que o atual prefeito deveria ter feito. Estamos tendo problemas com esses ônibus no Rio de Janeiro. É triste ver nossa cidade desse jeito”, comentou.
A presidente da comissão, vereadora Michele Melo, questionou se na época da gestão de Angelim, as empresas que assumiram as linhas de ônibus cumpriram os acordos trabalhistas da antiga empresa. Em sua resposta, o petista garantiu que não houve contrariedade dos trabalhadores.