O governo do Acre vive um impasse que pode resultar na redução do poder de compra de carne pela população. Prestes a assinar um decreto visando reduzir em 66,67% sobre a base de cálculo do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) nas operações interestaduais com bezerros, o governador do Gladson Cameli resolveu adiar nesta segunda-feira, 11, a efetivação dos efeitos do decreto alegando aguardar um alinhamento com o governo de Rondônia para tomar a decisão. Acre e Rondônia foram autorizados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) a vender cada um 500 mil cabeças até o dia 31 de agosto com a redução.
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A proposta, que é vista com bons olhos pelos produtores de bezerro visando vender os animais para fora do Estado e aumentar a margem do lucro, pode ser a mola propulsora para inflacionar o preço da carne vermelha. Diferente de Rondônia, cujo o rebanho ultrapassa os 16,2 milhões de cabeças de gado, o Acre registra 3,8 milhões, e o efeito a curto e longo prazo deste decreto seria a quebradeira dos frigoríficos instalados no Estado e também a falta de produto para abate nos próximos 2 anos, encarecendo ainda mais a carne. O ac24horas apurou que o efeito do decreto no Estado do vizinho é irrisório já que não compromete nem 4% do rebanho, já no Acre, pode causar problemas pode comprometer cerca de 11%.
Em entrevista na manhã de hoje, antes de participar do evento de assinatura do decreto que foi adiado, o governador Gladson Cameli afirmou que a redução da ICMS do bezerro tinha como objetivo beneficiar pessoas de baixa renda. “Eu preciso que quem mais precisa, que é a população de baixa renda que ela possa ter certeza que ela pode comer uma carne, um filezinho, não só comer o osso, nós temos que comer o filé. Não adianta eu comer o filé se o povo não comer. Todo mundo tem que ter. E é isso que eu quero. Não estou com demagogia aqui. Esse é o meu jeito. Então eu preciso que as pessoas entendam que nós temos que olhar para quem mais precisa. Pasto cheio de boi não quer dizer que o Acre está com a economia forte, não. Nós temos que estar com hoje cheio de boi e amanhã sem nenhum porque está vendendo e a economia está girando”, afirmou.
A declaração do governador caiu como uma bomba para empresários do setor da carne. Assessores próximos do governador foram avisados que as declarações do chefe do executivo não condizem com o que ele pretende implementar e ele teria acabado sendo levado ao erro. Para especialistas consultados pela reportagem, informaram que a melhor forma de baratear o preço da carne a curto prazo seria reduzir o ICMS do abate do animal que no início da atual gestão subiu de 2% para 2,5%, tendo um incremento de 25% em relação aos anos anteriores. Com o decreto prestes a ser oficializado, o Acre deve deixar de arrecadar por baixo mais de R$ 100 milhões, o que pode resultar em falta de recursos para a saúde, segurança, educação e custeio da máquina pública.
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