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Vinho de açaí feito no Acre ganha destaque entre consumidores de outros estados

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Que o açaí se tornou referência em doces, sorvetes, sucos etc., todos já sabem, o que pouca gente sabe é que o fruto também rende um surpreendente produto hidromel (bebida fermentada a base de água e mel). Quem descobriu isso no estado do Acre foi o servidor público acreano Marcos Vieira do Nascimento Júnior, que há cerca de 7 anos, quando iniciou despretensiosamente a produção de bebidas fermentadas, fazendo cerveja artesanal em casa.


 

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Marcos é servidor público, trabalha analisando transferência e a aplicação de recursos entre órgãos da administração direta e entidades sem fins lucrativos, na forma de convênios federais. Para ele, o vinho é um projeto que desenvolve paralelamente ao seu trabalho, portanto, ainda não tem o vinho como uma atividade econômica.


 


Foi em 2021 – após inúmeros testes – que chegou à receita que hoje é chamada de vinho de açaí, uma bebida totalmente nativa da floresta amazônica. Foi então que surgiu o rótulo Florisa Açaí Wine, que carrega características únicas da vinificação de açaí extrativo. Para o criador, a bebida que leva o “cheiro de floresta” já recebeu encomendas de clientes em pelo menos seis estados brasileiros, ganhando admiradores não só no Acre, como Brasil afora.


 


“Desde o começo, ao ver o resultado da primeira cerveja que fiz, fiquei encantado com a possibilidade de fazer uma bebida de boa qualidade em casa, e então passei a investir um pouco em conhecimento: adquiri alguns livros sobre produção e fui estudando o processo fermentativo, produzindo vários estilos de cerveja: IPA, Blonde Ale, Fruit Beer, Vienna Lager, Black Beer, etc”, conta Marcos Júnior.


 


Em meados de 2020, o servidor público começou a se interessar por outra bebida: Hidromel (fermentada com água e mel). Segundo ele, é possível ainda adicionar frutas ou especiarias ao hidromel. “Na época eu testei cidreira, amora e o açaí. Os resultados foram bons, pois o mel é um ingrediente extraordinário para produção de bebidas”.


 


O processo

 


Os ingredientes para produção do vinho são: açaí, água e alguma fonte de açúcar (mel, sacarose, caldo de cana, açúcar mascavo, dextrose). De acordo com Marcos, atualmente há muita informação sobre o processo de fermentação e, basicamente, durante a fermentação são gerados os subprodutos que dão o perfil da bebida fermentada. Os principais para o vinho são o álcool, ácidos orgânicos, e ésteres.

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Com o açaí, percebeu uma semelhança muito grande entre o hidromel de açaí e o vinho tinto convencional da uva. “Como sabemos, o açaí tem sabor muito intenso e singular, então eu vi que daria para direcionar o perfil da bebida para destacar o açaí. Acredito que o vinho de açaí foi concebido nesse momento”, destaca.


 


Marcos produziu vários lotes, observando os resultados e fazendo ajustes na receita. No início de 2021, já estava com uma boa versão do vinho de açaí. Sem formação específica nessa área, aprendeu tudo lendo e procurando informações sobre o assunto na internet. “Gostei da possibilidade de se produzir bebida em casa, algo que desconhecia até 2015. Comprei o material necessário e fui fazendo as coisas. Fiz uma imersão em blogs, grupos de discussão, literatura cervejeira, e atualmente venho lendo sobre produção de vinhos”.


Sucesso orgânico 

O servidor explica que a vinificação do açaí tem um tempo relativamente curto quando comparado ao da uva. “Como não há estágio em barricas, por volta de 2 a 3 meses é possível ter o vinho já em garrafa. Como se sabe, alguns vinhos vão evoluindo com o tempo”. A escolha pelo açaí se deu porque, na literatura sobre produção de bebidas, há incentivo para uso de insumos regionais, seja pela logística de disponibilidade para uso, seja pela abundância na região, seja pela redução de custos.


 


E ele tem convicção de que, além do açaí, o cupuaçu, buriti, manga, abacaxi, podem render bons vinhos. “Há semelhanças entre os vinhos de açaí e de uva. Alguns aromas de frutas escuras, como amora e ameixa, podem ser percebidos em ambos. Somente no vinho de açaí, porém, eu percebo um aroma como se fosse aquele jambo muito maduro, e no sabor também. Acredito que essa é uma característica única do vinho de açaí. Mas também tem outras, como reminiscências de madeira, terrosidade, “cheiro de floresta”, alguns desses que observamos no fruto in natura, podem ser encontradas no vinho também”.


 


 



 


 


O criador é entusiasta do açaí há bastante tempo por se tratar de um alimento incrível. “Faz tempo que o açaí vive um hype nacional e internacional. Não é por acaso: é saboroso, nutritivo, e como se não fosse o bastante, faz um bom vinho”, ressalta. Marcos percebeu uma ótima aceitação desde o começo da produção desses vinhos, mas só passou a oferecer a terceiros somente após perceber que o vinho já estava com uma qualidade adequada.


 


Ainda assim, tem notado que sua criação tem ganhado certa repercussão, inclusive com reportagens em outros estados. “Há também as redes sociais que ajudam a divulgar. Então houve bastante interesse de alguns estados como Pará, Goiás, Brasília. Já enviei o vinho também para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais”, revela, dizendo que não imaginava tamanho sucesso. “Acreditei que localmente haveria algum interesse devido o açaí ser um fruto muito apreciado. Graças a Deus, algumas pessoas aqui em Rio Branco de forma voluntária têm me incentivado e dado apoio com a divulgação. Porém foi fora do estado que os contatos foram maiores. Acho que as redes sociais contribuem”.


 



 


No momento, segue “estudando” o vinho, uma vez que o perfil do vinho evolui/altera com o tempo. “Vou fazendo anotações. Já aumentei a produção um pouco, pois teve muita procura. Minha intenção é ir percebendo a demanda e ir tentando disponibilizar o vinho. Quem sabe, possa surgir uma oportunidade para fazer uma escala maior de produção”.


 


Marcos tem certeza de que o vinho de açaí, não somente da Florisa Açaí Wine, mas de outras produções, pode se tornar popular a nível nacional. “É um vinho de qualidade que poderia ser produzido em todos os estados da região amazônica e oferecido como alternativa ao vinho convencional a pessoas abertas a novas experiências”.


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