O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a indicar hoje que não irá se vacinar contra a covid-19, considerada pela comunidade científica a melhor estratégia para evitar hospitalizações e óbitos em decorrência da doença.
Durante um discurso de cerca de 40 minutos na cerimônia em que oficializou a saída de ministros que devem disputar as eleições, o mandatário disse, dirigindo-se ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que precisa estar no meio do povo, “inclusive sem máscara”.
O problema é meu, a vida é minha. ‘Ah, ele não tomou vacina’. Pô, tem gente que quer que eu morra e fica me enchendo o saco para eu tomar vacina. Deixa eu morrer Jair Bolsonaro
O presidente foi aplaudido por parte dos presentes e Queiroga foi filmado rindo após a declaração.
Por reiteradas vezes o chefe do Executivo desacreditou a vacinação como forma de combate à covid-19. Além disso, seu governo tomou atitudes que atrasaram a compra de imunizantes e o calendário de vacinação no país, conforme mostrou o UOL Confere.
As vacinas aplicadas no Brasil foram autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e passaram por avaliações do órgão regulador que comprovaram a sua eficácia, qualidade e segurança, após testes clínicos com milhares de pessoas.
O avanço da vacinação é considerado o grande responsável pela redução do número de mortes por Covid-19.
Em razão de sua idade, Bolsonaro poderia ter tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19 em abril do ano passado no Distrito Federal, mas sinalizou diversas vezes que não foi imunizado, postura que o deixa completamente isolado entre os demais líderes de países do mundo — a maioria não só tomou a vacina como o fez em cerimônia pública, como forma de incentivar os cidadãos dos seus países a também se vacinarem.
O mandatário chegou a declarar que, como já havia contraído o vírus, não teria necessidade de ser imunizado. Esse tipo de argumento, no entanto, não encontra respaldo na ciência e há um consenso entre os especialistas de que a vacinação é importante mesmo para quem já teve covid-19.
Em dezembro do ano passado, ele declarou que não iria vacinar a filha Laura, 11, decisão que também contraria a comunidade científica.
Durante sua fala, o presidente voltou a atacar o STF (Supremo Tribunal Federal). Sem mencionar nomes, ele disse que ministros “atrapalham”.
“A gente tem tudo para ser uma grande nação. O que falta é que alguns poucos não nos atrapalhem”, disse. “Se não tem ideia, cala a boca. Coloca a sua toga e fica aí, sem encher o saco dos outros”, completou deixando claro que se referia aos ministros da Corte.
Bolsonaro também enalteceu a ditadura militar hoje, dia em que o golpe completa 58 anos. Ele disse que o Brasil seria uma “republiqueta” se não fossem as obras do “governo militar”.
O Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência.
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