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“Não sentia vontade de pegar meu filho no braço”, diz mãe que venceu a depressão pós-parto no Acre

Por
Leônidas Badaró

O caso de uma digital influencer do Acre que admitiu ter colocado uma chupeta suja na boca da filha de poucas semanas de vida após desavenças com o ex-marido reacendeu a discussão sobre depressão pós-parto, que é muito mais comum do que se imagina. De acordo com estimativas de estudiosos, o quadro caracterizado por sintomas típicos da depressão atinge cerca de 70% das mulheres no pós-parto, mas em menor grau e duração.


Falta de energia, choro fácil e irritabilidade costumam surgir no segundo ou terceiro dia após a chegada do bebê. É normal que esse tipo de sentimento dure até duas semanas. O que preocupa os especialistas é quando vira uma depressão pós-parto, que passa por esse período.


O ac24horas conversou com uma mãe que passou por depressão pós-parto. B. T. C., de 27 anos, que prefere não se identificar, conta como tudo começou. “Depois que foi passando o efeito da anestesia, já que meu parto foi cesárea, trouxeram meu filho para eu amamentar. Sabe aquela sensação que toda mãe, ou a maioria conta, do prazer de dar o peito pela primeira vez ao filho? Comigo foi o contrário, e não senti esse prazer. Pelo contrário, como é normal a gente ter que adaptar a tal pegada no peito, eu senti uma profunda raiva. Era muito esquisito porque eu não conseguia me sentir feliz. As minhas amigas, minha família, todo muito em êxtase e tentando disfarçar e mostrar uma felicidade que eu não tinha, já que eu sabia que não era normal não estar feliz”.


A mãe, que passou pela depressão pós-parto há 6 anos, conta que só começou a melhorar quando admitiu para si mesma que precisava de ajuda. “Quanto mais eu tentava disfarçar, mais eu me sentia sufocada pela tristeza e pelo sentimento ruim de achar que eu não amava meu filho. Um dia não aguentei e contei para a minha mãe tudo que estava sentindo. Meu filho já tinha três meses. Só em desabafar, já me senti muito melhor. Minha mãe fez duas coisas que foram extremamente importantes para eu conseguir superar. Uma, foi pesquisar junto comigo sobre o assunto. Saber que muitas mães passam por isso me ajudou a entender que eu não era um monstro como me sentia. A outra, foi procurar uma ajuda profissional que me orientou, que fez com que eu reencontrasse o caminho. Hoje, eu tenho um outro filho de 2 anos e meu puerpério não foi nenhum paraíso, porque é sempre um processo difícil, mas eu consegui enfrentar o pós-parto sem depressão”, conta.


A reportagem conversou com a psicóloga Melissa Tomé de Oliveira, que reiterou que não poderia falar sobre os casos acima, já que nenhuma das mulheres foi sua paciente, mas que é importante a mãe contar com uma rede de apoio. “A depressão pós-parto é uma doença que acomete mulheres após o parto. É definida como uma profunda tristeza, em alguns casos a mãe perde o interesse pelo bebê e por todo o processo que envolve a maternidade, podendo vir a comprometer o vínculo mãe e filho. A duração dos sintomas depende de cada caso, do diagnóstico em tempo hábil e da rede de apoio que essa mãe tem. Inclusive, é importante ressaltar o quanto é necessário que essa mãe tenha uma rede de apoio, que se sinta acolhida no puerpério”, explica.


Melissa diz ainda que nos casos onde é identificada depressão pós-parto a ajuda profissional é extremamente importante. “Os sintomas podem surgir tanto nas primeiras semanas, como podem ocorrer meses depois após o parto. O puerpério é um momento muito delicado, essa mãe que está em processo de construção, precisa de todo apoio e de forma alguma deve ser julgada. É essencial que a mãe se sinta amparada tanto na gestação, como após o nascimento da criança. Uma forma de ajudar essa mãe, logo após a identificação de algum sintoma ou suspeita, é indicar sempre um profissional para que ela receba o atendimento adequado”, destaca.


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Leônidas Badaró

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