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Indicadores da força de trabalho acreana em 2021: redução do desemprego, queda nos rendimentos e aumento da informalidade

Por
Orlando Sabino

A nossa conversa de hoje é sobre os números da nossa força de trabalho em 2021. Vamos aproveitar e apresentá-los de forma comparativa com alguns dados expondo os números dos quartos trimestres de 2018, 2019, 2020 e 2021 e outros comparando o quarto trimestre de 2020, o terceiro trimestre de 2021 e o quarto trimestre de 2021. Os dados são do IBGE, que no último dia 24/2, divulgou os dados da Pnad Contínua Trimestral, que trata dos números da força de trabalho brasileira desmembrados por unidades da federação.


 A taxa de desocupação (desemprego) da força de trabalho acreana fechou o quarto trimestre de 2021 em 13,2%, a menor dos últimos 4 anos. A taxa caiu 2,6 pontos percentuais (p. p.) em relação ao mesmo trimestre de 2020 (15,8%), 0,7 p. p. frente ao mesmo trimestre de 2019 (13,9%) e 0,1 p.p em relação ao mesmo trimestre de 2018.



Conforme pode ser observado no gráfico acima, o Acre tinha 51 mil pessoas desempregadas no final de 2021, 6 mil a menos que em 2020 e 2 mil a mais que em 2019 e 2018. Porém, num cenário de crescimento contínuo da população total, é importante observar os números das pessoas na força de trabalho. Verificamos que apesar da queda de 3% de 2018 para 2019 e um pequeno aumento de 2019 para 2020 (1,4%), no período de 2018 para 2021, o crescimento foi de 4,7%, saindo de 364 mil para 381 mil, influenciado, fortemente, pela redução das restrições do isolamento social em função da pandemia.  É importante ressaltar que a taxa de desemprego é medida pelo número de pessoas que não conseguiram emprego dentre o número de pessoas na força de trabalho, ou seja, a população com mais de 14 anos que quer trabalhar.



A taxa de desemprego do Acre, embora mantendo a tendência, aparece desde 2018, sempre acima da taxa brasileira. Em 2021, no quarto trimestre, a taxa Brasil foi de 11,1%, enquanto a taxa do Acre foi de 13,2%. A taxa média anual brasileira caiu de 13,8% em 2020 para 13,2% em 2021 e a acreana caiu de 15,4% para 15,3%, no mesmo período.


Aumento na informalidade e queda dos desalentados 

O número de desalentados (pessoas que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado) apresentou uma redução de 21% em relação ao 4° trimestre de 2020, saindo de 48 para 38 mil pessoas. No entanto o patamar ainda está muito alto, alguns estados com estruturas econômicas sólidas e população maior que a do Acre, apresentaram números bem menores de desalentados, como foi o caso de Mato Grosso (25 mil) e Rondônia (27 mil).



A taxa de informalidade do Acre subiu 1,1 p.p do terceiro (46,3%) para o quarto trimestre (47,4%) com 157 mil pessoas da população empregada. O Setor informal é constituído pelos empregados no setor informal, por aqueles sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), pelos sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) e pelos trabalhadores sem remuneração. O maior contingente dos trabalhadores informais do Acre é constituído pelos chamados “conta própria” (autônomos), que representa 56% de todos os informais (88 mil pessoas). A taxa de informalidade do Acre é bem mais elevada que a do Brasil, que foi de 40,7% da população ocupada.


Emprego por setores da economia – Em um ano, ocupações no setor industrial aumentam 50% 

Como pode ser observado no gráfico abaixo, no 4º trimestre de 2021, o setor de serviços domina as ocupações da força de trabalho acreana com representatividade de 56,6%, sendo que 24,5% das ocupações do setor trabalham na administração pública. Em seguida vem os ocupados no comércio, com 19,6% e na agropecuária, 12,1%. Se juntarmos as ocupações da indústria em geral com a construção civil, as ocupações somam 15,7% do total (9,1% da indústria e 6,6% da construção).



No 4º trimestre de 2021, três setores de ocupação da força de trabalho acreana obtiveram crescimento em relação ao 4º trimestre de 2020. O maior destaque foi o setor industrial em geral (exceto a construção), que ocupava 20 mil em 2020 e, em 2021 ocupava 30 mil, um aumento de 50%. em um ano, ocupando 30 mil. O setor de serviços cresceu 11,5% (as ocupações do setor público cresceram 11%) e finalmente as ocupações da agropecuária que cresceram 5,3%. Os setores da construção civil e do comércio não tiveram variação nas ocupações no período analisado.


Em um ano caiu o rendimento, mas aumentou a massa de rendimento das pessoas ocupadas

No 4º trimestre de 2021, o rendimento médio real de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas ocupadas, com rendimento de trabalho, foi estimado em R$ 2.152. Este resultado apresentou redução de 4,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior (R$ 2.259) e de 2,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.199).


A massa de rendimento médio real de todos os trabalhos foi estimada em 688 milhões de reais, registrando queda (3,7%), em relação ao trimestre anterior (R$ 715 milhões de reais). Porém, houve um aumento (6,2%) em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 648 milhões de reais).


Verificamos a redução na taxa de desemprego, porém, continuamos com uma taxa alta, acima da taxa Brasil. Afinal são 51 mil desempregados, 38 mil desalentados e 157 mil desocupados estão na informalidade. Além do mais, o rendimento médio caiu 2,1% em um ano, num cenário de alta inflação (11,43% em Rio Branco). Esperemos um crescimento no ritmo de recuperação dos postos de trabalho que depende diretamente das políticas macroeconômicas dos governos. Vamos esperar mais investimentos públicos e uma política forte de combate à inflação.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas


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