O litro da gasolina pode chegar a R$8 em Rio Branco no fim de abril, mantido o contexto da Guerra da Ucrânia no mercado internacional do petróleo. Em algumas praças, onde o preço já é exorbitante sem guerra, pode chegar a R$10, segundo entrevistados pelo ac24horas. Em Rio Branco, alguns postos estão vendendo a gasolina a R$6,89.
Sob críticas dentro e fora do governo, o presidente Jair Bolsonaro fala em aplicar um subsídio bilionário para congelar o preço da gasolina. Nem mesmo o ministro da Economia, afinado que tem sido com o presidente, aprova a ideia.
“Há expectativa de que os preços cheguem a esse patamar, a não ser que o governo federal defina políticas que permitam a manutenção, ou até mesmo a redução, dos preços cobrados nas bombas. Na estrutura de custos dos combustíveis, além do custo de produção, há incidência de tributos federais, como o PIS;PASEO e Cofins. Na fase de distribuição, haverá a incidência do ICMS que é definido sobre o MVA (margem de valor agregado), determinado pelas secretarias de fazenda de cada estado e chanceladas pelo Conselho Fazendário”, avalia Egídio Garó, consultor da Federação do Comércio do Estado do Acre.
Para ele, essa cadeia tributária, que representa a maior fatia do preço final do combustível, é a que chega nas bombas de transferidos ao consumidor final.
“O aumento nos preços dos combustíveis impactará sobremaneira na economia local, haja vista que a grande parcela dos produtos negociados em todo o Estado utilizam modal rodoviário, o que certamente acarretará aumento nos custos dos fretes e, consequentemente, no ICMS cobrado sobre o mesmo”, completa Garó, hoje o maior conhecedor do mercado consumidor do Acre.
Além do aumento dos combustíveis, a economia acreana pode sentir reflexo também no aumento de preços de outros produtos, desde os supermercados e farmácias, até lojas de departamentos.
Para o pesquisador Rubicleis Gomes, da Universidade Federal do Acre, o preço da gasolina pode realmente chegar a R$8/litro e o congelamento de preços é “mais do mesmo” e não dará certo. “Congelamento de preços geralmente é uma medida que não dá certo. No Plano Cruzado tivemos várias vezes o congelamento e várias vezes deu errado”, lembrou ele.
“O que deve acontecer no Acre? Eu imagino que até o fim do mês que vem a gasolina estará aproximadamente a R$8 ou até acima disso. Se a gente for para os municípios, até R$10 o litro”, prevê.
Não há muito a ser feito. O atual governo teve três anos para achar uma política para os combustíveis mas não achou. “O que pode ser feito é dar isenção total de impostos aos carros híbridos. Mais pessoas comprariam esses carros e teria um impacto menor nos preços dos combustíveis”, sugere.
Uma questão complicada e injusta em alguns casos é o subsídio do diesel, que favorece os caminhoneiros em algum momento como também os donos de SUV, pessoas de grande poder aquisitivo que não precisam desse benefício.
O contexto de guerra pode mudar a qualquer momento. Nesta quarta-feira (9) o petróleo caiu quase 5% em meio a um cessar-fogo na ofensiva militar russa na Ucrânia e também aos esforços de países produtores para elevar a oferta com objetivo de se contrapor ao choque causado pela guerra.
Depois de subir cerca de 20% na semana passada, o preço do barril chegou perto dos US$ 140 na manhã desta segunda-feira (7), o nível mais alto desde 2008. O aumento ocorre perante a perspectiva de o Ocidente banir a compra de petróleo e gás da Rússia. Para frear essa escalada e evitar que chegue ao combustível brasileiro, o senado está votando hoje várias medidas com esse objetivo.
O Sindicato dos Postos de Combustíveis do Acre informou que os impactos nos preços depende de vários fatores, inclusive de como a Petrobras vai repassar essa situação para as refinarias e posteriormente às distribuidoras.
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