Diferente dos demais pré-candidatos que já tem uma extensa carreira política com sucessivos mandatos, o deputado e médico infectologista Jenilson Leite (PSB) deve ser a grande novidade das eleições de 2022 na disputa pela cadeira de executivo. Eleito duas vezes consecutivas para ocupar uma das 24 cadeiras do parlamento acreano, essa é a primeira vez que ele tenta ser gestor da coisa pública e para isso ele contará com o longo histórico de serviços prestados ao povo do Acre, em especial às comunidades isoladas, de onde vem sua força em votos.
Aliás, são nesses locais sem apoio do poder público onde o médico infectologista fez o seu nome, levando serviços médicos aonde o Estado não chega. A ajuda humanitária levada aos confins do Acre lhe coloca em um patamar diferenciado, pois mesmo não liderando até agora nenhuma pesquisa, é respeitado por onde passa, abrindo assim uma brecha para futuras adesões a sua candidatura até porque, segundo todas as pesquisas, é o candidato com a menor rejeição do eleitorado, tornando-se um forte candidato ao crescimento durante a campanha que se avizinha.
Nascido no Seringal Mucuripe, às margens do Rio Muru, distante cinco dias de barco da cidade de Tarauacá, Jenilson, que atualmente tem 44 anos, é apontado como um dos principais protagonistas de um novo ciclo da esquerda do Acre por ter sido o campeão de votos da extinta Frente Popular do Acre nas eleições de 2018. Ele desbancou os concorrentes que tinham o apoio de prefeituras, secretarias de Estados e do próprio núcleo político do Palácio Rio Branco na gestão do PT.
Nos últimos 3 anos, o trabalho de Leite vem se intensificando no parlamento, sendo um dos deputados com maior produção legislativa da Assembleia, mesmo tendo que se ausentar diversas vezes do trabalho como deputado para trabalhar na linha de frente do combate a pandemia de covid-19. Foi na pandemia de Jenilson que se destacou e denunciou diversas vezes as mazelas da saúde do Estado. É na saúde que ele pretende inovar caso seja eleito. Formado em medicina pela Escuela Latinoamericana de Medicina (Elam), em Cuba, e com diploma revalidado pela Universidade Federal do Acre (UFAC), Jenilson tem uma visão diferenciada de como a saúde deve ser gerida, principalmente por ter acesso e dialogar ininterruptamente com sindicatos e representantes de classes, tornando-se “o deputado da saúde”.
Nas últimas semanas em que o Acre se viu surpreendido com a elevação dos níveis dos rios, que alagou e desabrigou inúmeras famílias, o deputado não fugiu à luta e se fez presente com solidariedade e apoio real aos necessitados. “Precisamos de forma emergencial retomar os programas habitacionais que foram esquecidos no Acre para socorrer famílias de áreas de risco do nosso estado. As casas populares são uma das possibilidades de enfrentar essa questão, tirar essas famílias dessas áreas alagadiças, dando a oportunidade de ter uma moradia digna e de qualidade”, disse o parlamentar, que chega aos locais críticos muitas vezes primeiro que o poder público.
A aceitação da candidatura do deputado vem numa crescente, e está cada vez mais sólida, o que de certa forma incomoda o PT, que sonha mais uma vez ser protagonista das eleições, mas que ainda não se recuperou da “dizimação” em 2018 e do pífio resultado eleitoral das eleições de 2020 em Rio Branco, onde o candidato da sigla teve pouco mais de 7 mil votos. Em levantamentos internos do PSB, Leite apareceria na segundo colocação, caso fosse o único candidato da esquerda nas eleições de 2020, ou seja, ele acabaria atraindo o eleitorado de Jorge Viana, caso este decida disputar o senado de fato.
A postura política de Jenilson é vista com bons olhos até mesmo por adversários, como o senador Sérgio Petecão (PSD), que não descarta uma parceria com o médico nas eleições, dependendo do cenário que se desenhe. Os dois têm mantido as portas abertas para uma possível união futura.