Uma enquete conduzida pelo Sindicato dos Médicos do Acre traduz, apesar da frieza dos números, a rotina de tensão e medo que os trabalhadores em saúde vivem diariamente nas unidades de saúde.
A consulta, um levantamento interno, alcançou 340 médicos em todo o Estado e 63,2% disseram que já foram ameaçados durante o plantão na unidade de saúde -e um número muito maior, de 94,7% já foram ofendidos no local de trabalho, e 89,5% tem colega que sofreu algum tipo de agressão.
15,8% das ameaças tinham ocorrido há trinta dias. A maioria, há mais de três meses, e apenas 21,5% registrou boletim de ocorrência visando se proteger.
Produzida no final de 2021, a enquete revela que uma parte dos médicos sofre assédio do gestor da unidade: 36,8% disseram que vivenciam esse tipo de situação -e desses, 15,8% declaram que a frequência é diária.
A categoria quer um ponto final a essa situação e não apenas médicos como os demais trabalhadores já buscam meios de se proteger. No começo do mês de fevereiro, médicos e profissionais que trabalham no Hospital Dr. Ary Rodrigues, em Senador Guiomard, prestaram depoimentos tidos como “chocantes” pelo Sindimed, que acionou o Conselho Regional de Medicina para juntos buscarem providências.
O sindicato continua com uma ação civil pública para obrigar o governo a implementar ações de segurança que possam garantir a proteção de pacientes e servidores.
O ac24horas encaminhou mensagem à assessoria da Secretaria de Estado da Saúde e aguarda manifestação sobre segurança nas unidades de saúde.
Insegurança nos ambientes hospitalares não é exatamente uma coisa nova e o governo já faltou em providências. Os números da enquete, ainda que frutos de uma pesquisa básica, expressam a dura e triste realidade dos trabalhadores em meio à árdua luta contra a Covid-19.
A doença tem devastado a linha de frente de seu combate. Segundo o Conselho Federal de Medicina, 7 médicos morreram de Covid-19 no Acre e, de acordo com o Conselho Federal de Enfermagem, são 583 casos confirmados do novo coronavírus entre enfermeiros e técnicos de enfermagem com 10 mortos.
“Os números demonstram que o governo precisa atuar com urgência na implementação de melhorias da segurança dos hospitais e no combate ao assédio moral. A interferência no ato médico pode resultar em mortes”, criticou Guilherme Pullici, presidente do Sindmed, ao avaliar o resultado da enquete.
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