Nada, absolutamente nada contra quem decide votar no candidato que bem entender. Aliás, isso não é uma concessão, senão uma questão de respeitar um sagrado direito de cidadania.
Quem optar por votar no Jair Bolsonaro, que vote. Idem para quem quiser votar no Lula, no Sérgio Moro, no Ciro Gomes ou até no Cabo Daciolo.
Minha cobrança é com relação à manutenção da coerência de suas exigências e expectativas no dia seguinte ao exercício do posto para o qual algum destes venha a consagrado nas urnas.
Quem vota num candidato, não necessariamente por suas virtudes ou por suas prévias manifestações públicas, mas em razão da rejeição ou raiva do outro, termina colocando uma viseira com aros de ignorância que o impede de olhar para os lados em busca de outras alternativas, às vezes até melhores.
O mapa eleitoral de um eleitor é um labirinto de muitas trilhas. O percentual de votos sem qualquer relação ideológica ou programática é significativo. É uma salada. Um verdadeiro bacanal partidário permitido pela legislação brasileira.
O cidadão vota num senador, deputado ou vereador que apoia um presidente, governador ou prefeito que não é o dele. Ou seja, vota sabendo. Depois vai chorar o leite derramado porque o parlamentar vota a favor de projetos do governante que ele foi contra.
De uns tempos pra cá o eleitor se deixou levar com mais facilidade pela lábia adocicada e pelas promessas fáceis de políticos carreiristas e oportunistas. Os interesses empresariais tomaram o lugar dos ideais de políticos vocacionados.
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Eu, por exemplo, procuro nunca votar com a bílis do fígado. Nunca avaliei nenhum candidato enxergando nele os trajes de herói ou de salvador da pátria. Sempre procurei ver neles as qualidades que me contemplavam e os defeitos que não me envergonhavam.
Sou avesso a extremos. Sou contra aqueles que tratam o contraditório como crime. Adversário político não é inimigo mortal a ser eliminado.
Gosto e admiro quem tem opiniões firmes e as defendem com bons argumentos. Quem não faz da denúncia ou notícia falsas uma arma para destruir reputações.
A minha única radicalização é ser contra quem não admite a existência da pluralidade social.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com