O Acre aparece em um estudo entre os estados onde a relação entre a distribuição populacional e o tempo de deslocamento para se chegar a uma unidade de saúde provedora de soro antiofídico pode ser fatal, considerando-se que o tempo estimado ideal para a aplicação do soro seria de até duas horas após a picada de uma cobra peçonhenta.
Publicado na revista científica on-line Plos One, o estudo é realizado pelos pesquisadores Ricardo Dantas e Diego Ricardo Xavier, do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), e Maurício Gonçalves e Silva, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo levantou áreas com alta incidência de acidentes ofídicos, com população dispersa, o que dificultaria o socorro, como na região Norte do Brasil, mas também em áreas do Maranhão e Mato Grosso. O risco da demora é que as pessoas possam utilizar de métodos caseiros para controlar os efeitos da picada, podendo levar a complicações físicas como amputações de membros ou até a morte.
O Acre está entre os estados onde há localidades em que se pode levar de 4.2 horas a 13 horas para se chegar a um ponto onde haja o soro antiofídico. Em estados como Mato Grosso e Maranhão, esse tempo pode ser de 22.3 horas a 29 horas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a picada de cobra é considerada como uma doença tropical negligenciada, devido ao alto número de acidentes em várias regiões do mundo, especialmente nas áreas rurais de países tropicais.
Entre 81 mil e 138 mil pessoas morrem por ano e cerca 400 mil sofrem incapacitação permanente como consequência de ataques de cobras venenosas, como amputações ou perda definitiva da visão, além do estresse pós-traumático que as vítimas sofrem após as picadas.
