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Marreteiros apostam na Festa de São Sebastião, em Xapuri

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Raimari Cardoso

Uma das grandes dúvidas da população de Xapuri neste começo de ano era a respeito da realização ou não da maior festa religiosa e cultural da cidade, que em 119 anos, apenas no ano passado não aconteceu, por conta da pandemia da Covid-19, da maneira tradicional – com extensa programação e com a presença de um de seus principais componentes no decorrer da história: os marreteiros.


Marreteiro é termo usado para designar os comerciantes ambulantes que se dirigem à cidade nesta época, todos os anos, com origem em várias localidades do estado e até de outras parte do país. Independentemente de crise ou dificuldades, eles chegam a Xapuri nos dias que antecedem o ponto alto da festa com uma fé muito grande em fazer boas vendas e ganhar dinheiro, o que, segundo grande parte deles, sempre acontece.


A realização da festa nos moldes tradicionais foi confirmada pela igreja e pela prefeitura, mas com a aproximação da terceira onda da pandemia, muitos acreditavam que poucos comerciantes se arriscariam a vir até Xapuri neste ano. A própria prefeitura temia isso a ponto de não investir recursos na construção do “Shopping Popular”, como ficou conhecida a área ocupada pelos marreteiros. Neste ano, os boxes foram montados por eles mesmos.



A ameaça de uma eventual suspensão da programação ou da não realização da procissão, que é a principal atração da festa e o que que faz com que cerca de 20 mil pessoas se aglomerem na cidade no dia 20 de janeiro, não intimidou os comerciantes, que mesmo em quantidade menor do que nos anos que antecederam a crise sanitária, já estão instalados em Xapuri. São cerca de 160 lojas instaladas neste ano contra 240 em anos anteriores à pandemia.


Os comerciantes Francisco Piedade, de 40 anos, e Rodomilson da Silva Oliveira, 44 anos, são dois dos marreteiros que apostaram na festa deste ano. Vindos de Plácido de Castro, eles investiram R$ 250 em cada um dos terrenos que adquiriram e cerca de R$ 300 na madeira e em outros materiais para a construção das pequenas lojas cobertas por lonas pretas. Mesmo assim, estão confiantes em sair da cidade lucrando.


“O movimento ainda está pequeno, mas é porque ainda não chegou a hora certa. Nossa expectativa é de que do dia 18 para o dia 22 é de que a movimentação de pessoas cresça muito e a gente faça boas vendas”, disse Francisco. “Já viemos em anos anteriores e é sempre assim, quando chega mais perto do dia (20), a coisa esquenta e a gente sempre vende bem”, completou Rodomilson.


O casal Sandro Herculano e Sângela Garcia, ele com 33 e ela com 53 anos, também estão otimistas. A mulher, mais experiente no comércio, já veio à Festa de São Sebastião outras nove vezes e o motivo do retorno, segundo ela, é a garantia de que os negócios sempre alcançam bom resultado. De acordo com ela, o fato de não ter acontecido a festa do ano passado é uma das razões para as boas expectativas deste ano.



“Como no ano passado não teve, acho que esse ano teremos um movimento bom. Estamos acreditando que teremos a procissão e que os casos de Covid-19 não aumentaram por aqui. As mudanças que a prefeitura fez foram boas, tirando a circulação das pessoas por dentro dos boxes, o que vai diminuir a aglomeração, mas poderiam ter colocado banheiros químicos à nossa disposição, pois essa está sendo uma das dificuldades”, explicou.


De acordo com a prefeitura, a contratação de banheiros químicos para um evento do porte da Festa de São Sebastião não é viável. O Setor de Cadastro informou que o público presente na festa dispõe de banheiros públicos localizados na Rodoviária Municipal, no Mercado dos Colonos e no Mercado Municipal, todos próximos à áreas dos Marreteiros, sendo necessário apenas pagar uma taxa de manutenção que custa R$ 2.


A três dias da procissão, não há mais vagas nas poucas pousadas e hospedarias da cidade. A decisão da igreja e da prefeitura de manter a programação da festa mesmo diante da nova onda da Covid-19 motivou críticas por meio da internet à organização do evento. Para o prefeito Bira Vasconcelos, o evento é uma tradição e garante a renovação da fé dos fiéis e já faz parte da cultura xapuriense.


“Manter a tradição da festa em homenagem a São Sebastião é preservar a fé das pessoas, principalmente nesse momento de pandemia, em que muitos perderam seus familiares e encontram na fé o sentido para seguir em frente”, disse o prefeito por meio de uma divulgação da festa feita na página da prefeitura no Facebook e na página oficial na internet.


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