A Copinha leva esse apelido carinhoso por se tratar de um torneio de juniores. Porém, para os mais de 3 mil garotos que a disputam, principalmente nos times de menor expressão, a relevância da Copa São Paulo está mais para uma Copa do Mundo. É ali nos gramados paulistas — e, sobretudo, nos jogos televisionados — a grande vitrine desses jovens e dos clubes formadores.
Conseguir um lugar ao sol não é fácil. Parte desses garotos de até 20 anos já sai na frente por estar nas bases dos grandes clubes, com mais chances de se profissionalizar ou de conseguir contratos fora do país. Os demais, por vezes, têm apenas os três jogos da primeira fase para mostrar algo que desperte o interesse.
— É a Copa do Mundo da categoria, até pelo formato. São os campeões por estado e os clubes grandes. É uma visibilidade enorme para poder negociarmos os jogadores. Ali, bastam 15 ou 20 minutos para mudar a vida do jogador e ele conseguir a ascensão para outro time — diz Luciano Sato, dono do União Iacanga, clube-empresa criado em 2019 no interior de São Paulo e que participa pela primeira vez.
Por isso, algumas estratégias já são traçadas antes mesmo de começar a competição. Usar o máximo de jogadores inscritos é uma delas. Para quem sabe que dificilmente passará da primeira fase, rodar quase todos os meninos é a forma de dar oportunidade a cada um deles. A competição permite seis substituições por partida, o que garante, ao todo, a possibilidade de colocar até 17 meninos diferentes em campo por jogo.
Tal decisão foi um dos grandes acontecimentos da Copinha e permitiu que ocorresse a grande história até aqui: o goleiro Tomate, do Andirá-AC, ganhou projeção nacional não apenas pelo seu bom desempenho contra o Atlético-MG. O choro ao ser trocado por Carlos no momento da cobrança do pênalti — que deu a vitória aos mineiros — lhe rendeu convite para treinar no Galo e espaço na mídia.
O destaque de Tomate
A decisão da troca já estava tomada de antemão pela comissão técnica. O momento da substituição, no entanto, foi criticado até internamente no clube. Mas a ideia de usar todos os 27 jogadores inscritos fazia parte da estratégia. O time do Acre terminou em último lugar da sua chave, após perder para o Desportivo Aliança.
— Trouxemos 27 jogadores para serem usados. Achava que o técnico ia tirar o Tomate no intervalo, mas deixou ele mais alguns minutos em campo. A decisão de tirá-lo no momento do pênalti foi dele. Acabou ganhando essa repercussão toda e, no fim das contas, foi bom para ele — conta o gerente de futebol do Andirá, Civaldo Nery Viana, destacando que o goleiro recebeu sondagem para um período de avaliação no Atlético, mas ele já tem vaga no time profissional do Andirá para o estadual deste ano.
A sorte também conta. Afinal, cair na chave de um dos grandes do Brasil, como aconteceu com o Andirá, pode ser a diferença entre ser visto ou não. A competição é transmitida no YouTube e na Rede Vida. Mas são os jogos do SporTV que têm mais audiência e repercutem mais nas redes sociais.
Os clubes e os jogadores sabem disso. E há todo um cuidado com o aspecto emocional dos jovens nestas partidas. O entendimento de que a individualidade só vai se destacar num bom coletivo é fundamental.
— É a grande chance de ser visto porque somos um clube do Nordeste e, por sermos uma equipe nova, temos somente o Estadual pós-Copinha. É a chance de ouro para esses meninos — diz o técnico Erick Luchetti, do Falcon, clube-empresa da cidade de da Barra dos Coqueiros, em Sergipe, estreante na Copinha e que avançou à próxima fase.
O sonho dos jogadores também é dos clubes. Alguns participantes da Copinha sequer têm time profissional, como o União Iacanga — está previsto uma equipe para disputar a Série D do Paulista em 2023 —, e veem nessa vitrine a chance de render bons frutos no futuro. Um ou dois jogadores da base negociados com clubes grandes podem garantir a sobrevivência dessas equipes de baixo investimento.
Aí entra outra estratégia comum ultimamente. Apesar de ser um torneio para jovens de até 20 anos, a média de idade é menor. Hoje em dia, os jogadores são revelados mais cedo para os grandes centros do futebol e há mais possibilidades de negociação com atletas promissores de 16, 17 anos. A expectativa é que do clube formador, os mais talentosos encontrem espaço na base de um time grande do eixo Sul-Sudeste e, em seguida, ganhe o mundo.
— Jogar com atletas de uma categoria abaixo nos dá maior visibilidade e o interesse de negociação também é maior. Um jogador de 20 anos já está estourando idade do profissional — conta Luciano Sato, do União Iacanga, que negocia dois jogadores com clubes grandes do Brasil.
Classificados
Aí entra outra estratégia comum ultimamente. Apesar de ser um torneio para jovens de até 20 anos, a média de idade é menor. Hoje em dia, os jogadores são revelados mais cedo para os grandes centros do futebol e há mais possibilidades de negociação com atletas promissores de 16, 17 anos. A expectativa é que do clube formador, os mais talentosos encontrem espaço na base de um time grande do eixo Sul-Sudeste e, em seguida, ganhe o mundo.
— Jogar com atletas de uma categoria abaixo nos dá maior visibilidade e o interesse de negociação também é maior. Um jogador de 20 anos já está estourando idade do profissional — conta Luciano Sato, do União Iacanga, que negocia dois jogadores com clubes grandes do Brasil.
Depois de Flamengo, Vasco e Fluminense, no domingo foi a vez do Botafogo, mesmo desfalcado por casos de Covid-19, garantir classificação à próxima fase: venceu o Taubaté por 2 a 0. Raí e Maranhão marcaram.