Lula foi considerado chefe da organização criminosa (Orcrim ) petista e por isso permaneceu preso por longos 580 dias.
O ex-presidente foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal envolvendo um triplex no Guarujá.
Mesmo depois da sentença de Lula ter sido confirmada em instâncias judiciárias superiores, o STF deu provimento a um recurso cuja alegação sustentava a incompetência jurisdicional do juiz Sérgio Moro para julgar o caso.
O episódio rendeu, inclusive, um filme em cujo enredo o ex-presidente acusa o uso político-eleitoral da Polícia Federal.
Anulado o processo, Lula recuperou seus direitos políticos e é novamente um fortíssimo candidato à presidência da República
No Rio de Janeiro, após uma ação da Polícia Federal, o governador bolsonarista Wilson Witzel foi afastado por 15 votos dos ministros do Superior Tribunal de Justiça.
No Acre, a narrativa de inquérito policial classifica o governador Gladson Cameli como chefe de uma Orcrim, mas com uma abissal diferença: a Polícia Federal não pediu o afastamento dele do cargo tampouco sua prisão.
As acusações contra o governador se constituem num cipoal de ilações e suposições espetaculosas.
Exceto nas manchetes dos sites e nas manifestações de desafetos políticos, não há uma linha sequer nas 845 páginas do relatório parcial do inquérito policial onde se possa ler que houve a participação do governador no suposto desvio de R$ 800 milhões.
Há apenas uma grosseira suposição da existência de uma empresa ligada ao governador que realizou “operações suspeitas” de cerca de R$ 828 milhões. E só, somente só.
O inquérito não revela que a empresa é uma construtora administrada pelo irmão do governador e que esta executa dezenas de obras em outros Estados, sendo que nenhuma delas é no Acre.
Noutra ilação é citada a movimentação de R$ 420 milhões na conta do pai do governador, sem que haja a menor preocupação de citar que o empresário é um dos mais fortes de toda região Norte e entre seus empreendimentos consta a propriedade da geradora e distribuidora da energia elétrica em todo o Estado do Amazonas.
Imagine a Energisa acreana e multiplique por 20: é o “fraco”, como se diz popularmente.
O que quero dizer com isso? Quero dizer que não há nenhuma surpresa nisso; que o empresário tem bala na agulha e pano pra mangas para movimentar valores bem maiores em suas contas bancárias. Não é nenhum “ quebrado”.
Aos que pensarem em perguntar por que famílias tão ricas se metem na política eu sugiro que o questionamento seja atendido pelo dono da Havan, pelo Tasso Jereissati, pelo vice de Lula, José de Alencar, e pelo magnata paulista, Antônio Ermírio de Morais.
Mas no julgamento político isso não interessa. O que vale são dados pescados aleatoriamente para fundamentar uma condenação em rito sumário.
No jogo da política é natural esse julgamento e condenação antecipados. Faz parte da peleja eleitoral. Quem tem alguma memória lembrará que o PT só não chamava Orleir Cameli pelo próprio nome e depois foi beijar sua mão implorando apoio nas eleições.
Alias, esse evento está sendo tratado como a bala de prata dos petistas para tentar limpar as tatuagens da corrupção marcadas em sua história e por ex-aliados do governador ressentidos de não ter se apoderado totalmente do governo, embora tenham recebido tratamento vip em cargos e espaços na gestão.
Até o momento o que se tem é um suposto crime sem cadáver. Todavia, não faltará gente que detestava a Polícia Federal no caso do PT a elogiar como verdade absoluta a ação policial no caso do Gladson Cameli.
Como textos não são palavras que somem ao vento, deixo aqui registrado que meu relato é baseado na interpretação da peça policial que vazou via WhatsApp. Se amanhã aparecer uma prova inequívoca contra o governador, mudarei de ideia.
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