O salário mínimo necessário para atender as necessidades básicas de uma família brasileira de quatro pessoas subiu para R$ 5.969,17 em novembro, o maior valor da história, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Trata-se da oitava alta seguida do valor, que supera em 5,42 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100. Na comparação com o piso em março de 2020, início da pandemia do coronavírus no Brasil, o salário mínimo já subiu 33%, acompanhando a escalada de preços da economia.
O cálculo do Dieese é feito com base no valor da cesta básica mais cara no mês — que, em novembro, foi a de Florianópolis (R$ 710,53), seguida por São Paulo (R$ 692,27) e Porto Alegre (R$ 685,32).
A pesquisa entende como necessidades básicas os gastos com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
O valor do piso sugerido pelo governo para 2022 é R$ 1.210, o que corresponde a um reajuste de 10% em relação ao vigente. O aumento acompanha a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para este ano, de 10%, e indica que os trabalhadores não terão aumento real.
Apesar de não reconhecer que mudou a política do salário mínimo, a equipe econômica já vinha reajustado o piso apenas com a variação da inflação mesmo antes da pandemia, com o argumento de que precisa preservar o ajuste fiscal.
Tradicionalmente, os reajustes do mínimo são calculados a partir do aumento do INPC somado da variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Criada pelo governo Lula, essa regra virou lei em 2012, durante o governo Dilma, mas expirou em 2019.
Durante esse período, o salário mínimo não teve aumento acima da inflação em 2017 e 2018, já que o cálculo considerou os anos de 2015 e 2016, respectivamente, quando o país estava em recessão.
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