Categories: Notícias Orlando Sabino Política

Superávit de R$ 807 milhões até o 5º bimestre em 2021 é recorde no Acre

Por
Orlando Sabino

O governo do Acre publicou no dia 29/11, o seu o Relatório Resumido da Execução Orçamentária do 5° Bimestre de 2021. Nosso objetivo de hoje é analisar os principais resultados das finanças estaduais nos 10 primeiros meses do ano de 2021. A análise vai ser comparativa, principalmente, com o mesmo período de 2020.



O bom comportamento das duas principais fontes de receitas do tesouro, as transferências do FPE e a arrecadação do ICMS,  influenciou o aumento em 11% das receitas totais.


O resultado orçamentário até o quinto bimestre de 2021, mostra que, embora tenhamos verificado um aumento de 9,5% das despesas totais, o comportamento positivo das receitas fez com que o tesouro apresentasse um superávit de R$ 807 milhões; 22,9% superior ao do mesmo período de 2020 que foi de R$ 659 milhões. Como vimos, a melhora decorre, principalmente, do resultado do aumento das receitas de FPE e ICMS, que se somam a reforma previdenciária e as dificuldades na execução dos investimentos, com veremos em seguida.



No gráfico acima podemos observar que o superávit do 5º bimestre é recorde no estado. Alcançou 12,8% das receitas totais realizadas, superando o percentual  2020 (11,6%) e o de 2014 (10,4%).



A reforma da previdência de 2020 resultou em uma queda do déficit previdenciário do Estado. Foram mais de R$ 140 milhões a menos que o mesmo período de 2020. A queda do déficit foi muito influenciada pelo lado das despesas previdenciárias, que caíram 20% no período. Por outro lado, tanto o pagamento de juros como o pagamento do principal para amortizar a dívida do estado cresceram em 2021. O estado desembolsou mais de R$ 78 milhões que no mesmo período do ano anterior, representando um aumento de 27,2% dos compromissos da dívida. Graças ao aumento da receita dos impostos estaduais, principalmente do ICMS, o repasse constitucional aos municípios aumentou 22,7%, representando R$ 70 milhões a mais na conta das prefeituras acreanas.


3. Gastos com educação precisam aumentar para cumprir a LRF

A polêmica que envolve  a reivindicação do sindicato dos professores pelo aumento salarial ou o pagamento de um abono de final de ano, diz respeito aos limites constitucionais com gastos no setor, exigidos pela legislação em vigor.



Pelo chamado novo FUNDEB, a contribuição da União vai aumentar gradativamente até atingir o percentual de 23% dos recursos que formarão o fundo em 2026. Passou dos 10%, pagos até 2020 para 12% pagos já em  2021. Vai continuar crescendo, sendo: 15% em 2022; 17% em 2023; 19% em 2024; 21% em 2025; até alcançar 23% em 2026. O novo Fundeb também alterou a destinação dos recursos recebidos. A partir de 2021, pelo menos 70% dos valores do Fundeb devem ser investidos no pagamento de profissionais da educação básica. No  modelo que vigorou até o ano passado, o percentual mínimo era de 60% e abarcava apenas os profissionais do magistério. 


Conforme pode ser verificado na tabela acima, até outubro, o governo gastou somente R$ 377 milhões dos R$ 669 milhões recebidos, correspondendo a 56,33%, dos 70% previstos em lei. Ficaram faltando R$ 91 milhões para fechar a conta. 


Outro compromisso legal com a educação é o gasto de no mínimo 25% das receitas de impostos e transferências de impostos, que somavam no período R$ 4,974 bilhões, na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE). Como podemos observar, o governo gastou até outubro, somente R$ 954 milhões, correspondendo a somente 19,18% dos 25% previstos em Lei. São R$ 290 milhões a menos. Sabemos que o governo tem até o final do ano para cumprir as metas. Portanto é de se esperar que as negociações do governo com o sindicato avancem para que os recursos destinados à educação possam ser utilizados da melhor maneira possível.


Os 12% de gastos obrigatórios em saúde estão plenamente cumpridos sendo que o governo já até ultrapassou o limite mínimo em mais de R$ 30 milhões.


4. Disponibilidade de caixa bruta aumenta mais de 50%

Uma boa notícia trazida pelo relatório foi a queda em mais de 22% da dívida consolidada líquida que saiu de R$ 3,308 para R$ 2,580 bilhões. O tesouro está muito confortável nesse quesito, estando o Acre com plena capacidade para pleitear novos financiamentos para o financiamento do desenvolvimento. O aumento das receitas em proporção bem superior às despesas fez com que a Disponibilidade de Caixa Bruta (DCB) apresentasse um aumento de 50,1% no período. Conforme o relatório dos Resultados Primários e Nominal, a disponibilidade do tesouro do Acre, fechou outubro de 2021, com mais de R$ 1,758 bilhão.


Volto a repetir o que comentei no artigo do dia 07/10. Tecnicamente, as disponibilidades são recursos mantidos no caixa do tesouro e elas são consequências do aumento do superávit primário, observado em 2020-2021. As disponibilidades de caixa consistem, portanto, em recursos disponíveis para despesas. É um balizador da liquidez e a solvência do estado e integra o rol de indicadores utilizados para avaliar a capacidade de pagamento. O crescimento das disponibilidades de caixa sinaliza o aumento do espaço fiscal e, em princípio, uma melhora da situação fiscal-financeira. Portanto, o estado está muito confortável nesse quesito.



5. Aumenta o gasto com investimentos, mas ainda é tímido em relação a folga fiscal

A pergunta é a seguinte: Por que esse fabuloso espaço fiscal não está servindo para aumentar os investimentos do governo de forma significativa? 


O governo alega que a pandemia freou a dinâmica que a administração iria imprimir ainda em 2020. O governo também justifica que teve problemas nas licitações e na elaboração dos projetos de investimentos, além de outras justificativas.



Os números do 5º bimestre apresentam uma queda de 3,2% na dotação disponível para investimentos. Embora observemos um aumento de 59,2% de gastos em investimentos em relação ao mesmo período de 2020, o valor foi de somente 76 milhões a mais. Saímos de uma execução de 15,3% no ano passado para 25,2% em 2021. Falta praticamente um mês para terminar o ano, não temos mais tempo para melhorar esse importante indicador, capaz de dinamizar todos os setores da economia e gerar os empregos que tanto necessitamos. 


Temos dois indicadores que chamam a atenção. O superávit orçamentário recorde e o aumento de mais de 50% na disponibilidade de caixa bruta. Reforço que os dois indicadores são condições necessárias para o investimento. Os números indicam que temos um espaço fiscal largo, como a muito não se observava nas finanças estaduais. Mas, como temos dito, o superávit orçamentário e a disponibilidade de caixa não são  condições suficientes para que os investimentos aconteçam. Investir implica desafios de ordem técnica e de natureza estratégica e política. Que venha 2022.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas


Share
Por
Orlando Sabino

Últimas Notícias

  • Cotidiano

Polícia prende três criminosos e apreende mais de 2 kg de drogas em Sena Madureira

Durante uma operação de combate ao tráfico de drogas, realizada nesta terça-feira, 25 de dezembro,…

25/12/2024
  • Acre

Homem é agredido por facção após furtar perfumes e tentar vendê-los ao dono

Francisco Rodrigues Vitoriana, de 29 anos, foi agredido por integrantes de uma facção criminosa na…

25/12/2024
  • Acre

Mais de 20 presos tentam fugir do presídio de Cruzeiro do Sul no natal

Neste dia de Natal, 25, em Cruzeiro do Sul, 21 presos estavam se preparando para…

25/12/2024
  • Acre

Friale anuncia chegada de onda polar no Natal com temperaturas amenas no Acre

O pesquisador Davi Friale utilizou seu perfil no Instagram nesta quarta-feira, 25, para anunciar a…

25/12/2024
  • Destaque 3

Ação “Papai Noel nos Bairros” leva ceia e presentes para famílias carentes da capital

A magia do Natal ganhou um novo significado para dezenas de famílias em situação de…

25/12/2024
  • Acre

Independência e Humaitá terão novos adversários na Copa Verde

Com a decisão da CBF de retirar a vaga direta na terceira fase da Copa…

25/12/2024