O tema da redação da edição de 2021 do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. A informação foi divulgada pelo Ministério da Educação em sua conta no Twitter.
O tema é o mesmo tanto para o Enem impresso quanto para o digital e, em ambas as modalidades, o texto deverá ser feito a mão. Por isso, é obrigatório levar caneta esferográfica de tinta preta fabricada em material transparente.
Os participantes devem produzir um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, com uma proposta de intervenção a um problema apresentado. Na edição 2020, o tema da redação foi “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”.
Para participar de programas como o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que oferece vagas em instituições públicas de ensino superior, e o Prouni (Programa Universidade para Todos), que concede bolsas de estudo em instituições privada, é necessário não ter tirado zero na redação. Mil é a nota máxima.
Além da redação, os participantes respondem hoje perguntas das provas de linguagens e ciências humanas, com duração total de cinco horas e 30 minutos.
Os portões foram abertos às 12h em todos os locais de prova (horário de Brasília), com fechamento às 13h. A prova vai até as 19h. No próximo domingo (28), é a vez de ciências biológicas e matemática.
Professores comentam tema: “uma excelente discussão”
Para Maria Aparecida Custódio, professora do Laboratório de Redação do Objetivo, esse é um tema de extrema relevância “uma vez que no Brasil existem pelo menos 3 milhões de pessoas sem certidão de nascimento”.
“Nós sabemos que a certidão é imprescindível para que as pessoas possam obter outros documentos de mesma importância: o RG, o CPF, a carteira profissional, o cadastro do SUS… Documentos que possibilitam que essa pessoa não só obtenha benefícios garantidos pelo governo federal, mas para exercer sua cidadania”, afirma.
De acordo com o professor Thiago Braga, que leciona língua portuguesa no Sistema de Ensino pH, os alunos não terão problemas com o tema e já devem estar preparados para discutir assuntos como esse. “É um tema bastante importante dentro do padrão do Enem, um tema considerado tranquilo para os alunos”, afirma.
“É uma importante discussão já que muitas pessoas não conseguem ter registro civil ainda, a gente fala de analfabetismo digital, de desemprego, só que algumas pessoas não conseguem ter acesso aos seus direitos mais básicos porque não são reconhecidas pelo Estado. Uma excelente discussão para toda a juventude do Brasil”, diz.
Segundo o professor Sérgio Paganim, diretor pedagógico do Curso Anglo, a primeira questão importante para se abordar é o registro civil. “Acho que tem uma dimensão aqui muito importante sobre os registros dos fatos da vida civil e dos indivíduos como nascimento, casamento, divórcio e a morte”, explica.
“Trata-se de um ato jurídico e, portanto, seria importante ligar esse registro civil à concepção de que vivemos em uma sociedade baseada no Estado democrático fundado no direito. Então, é uma peça jurídica que coloca os indivíduos juridicamente assentados na sociedade”, diz.
Paganim também concorda com Braga que é possível trabalhar com a problematização do tema. “A gente pode pensar, por exemplo, na marginalização socioeconômica de parte da população que descrê da importância do registro. Podemos citar a força que o Estado tem que ter para promover o registro”, explica.
Na opinião de Maria Catarina Bózio, coordenadora pedagógica e de Redação do Poliedro Colégio, nos anos anteriores, era possível ver que o Enem fazia um recorte sobre direitos, incluindo algumas minorias. Desta vez, ela afirma que a prova buscou generalizar essa garantia de direitos.