Menu

Diário do Acre: Alto Juruá e Porto Walter – Parte 2

Receba notícias do Acre gratuitamente no WhatsApp do ac24horas.​

Cedo desfizemos a dormida para liberar a cozinha. Seu Amadeu passou um café pra despertar e já começou cedo com os causos. Pediu para demorarmos mais um pouquinho, mas ainda tínhamos muito caminho pela frente. Arrumamos as coisas, agradecemos a dormida, comida e conversa. Seguimos adiante.


Fomos tomar café na casa do Chiu, um pequeno comerciante da margem do rio. Assim que chegamos, ele serviu café, leite, bolachas, torradas e farofa de conserva. Lamentei ter deixado as bananas no Amadeu. Tentei pagar pela comida, seu Chiu não quis receber. Insisti, pois não é bom abusar da hospitalidade, mas não adiantou nada, nem sair devendo para a próxima ele permitiu!

Publicidade

Paramos no Chicão, mais uma pequena comunidade no curso do Juruá rio acima. Conheci o Tuti e sua esposa Simoni. Ângela avançou pra cozinha com a Simoni, enquanto eu, Gena, Roney e Arinilton conversávamos com Tuti na varanda. Na conversa sobre as pescarias, Tuti falou do vizinhos, que tinham trazido uns peixes mais cedo. As meninas estavam na cozinha tratando. Fui lá conferir.


Bodós, branquinhas, maparas e um cuiú-cuiú. As bacias estavam cheias. Ângela me pediu pra esperar, ainda era cedo, mas a Simoni já estava torrando uns peixes para levarmos. Avistei um cercado dividindo um pedaço da cozinha. Simoni me chamou pra mostrar seu bixinho de estimação, um Caititu bem novinho. Com um saco de farofa de peixe nas mãos, nos despedimos.


Entramos pela cozinha na casa da Zeneide. O esposo dela enrolava um cigarro de fumo e nos serviu um café! As crianças chegaram pra perto, quando viram a Ângela com alguns bom-bons. A conversa no chão da cozinha era animada e muito afável, mas os rapazes da casa permaneciam na sala atentos a TV, um deles avisou que, como se fosse um acontecimento, começava o globo esporte.


Paramos rapidinho na comunidade Lindalva. Fui conhecer o Alan! Enquanto esperávamos, Chica, uma macaca barriguda da comunidade, chamava a atenção de todos, ela estava um pouco chateada por estar presa. Tinha tomado banho e lhe deixaram ali na pequena serraria até ela secar! Alan estava em um almoço de aniversário algumas casas adiante. Nos convidaram pra comer, agradecemos e seguimos.


Entramos no Igarapé Grajaú. Já era mais de meio dia! O ronco do motor concorria com os roncos da barriga! Chegamos a casa do Jonas, onde pedimos dormida e umas panelas para fazer o almoço. Na cozinha, a dona da casa estava pegada na massa para fazer Beléu. Os peixes na farofa da Simoni estavam ótimos e não deu pra quem quis.


Arenilton e Gena voltariam dali, mas antes de sair, Gena me convidou para conhecer um amigo dele, algumas casas adiante. Era uma construção imponente, 18 metros de casa toda amarelinha, feita de Angelin. Na cozinha, Pita nos recebeu de braços abertos. Lavei bem os pés antes de subir as tábua vermelhas encerradas, faziam gosto de ver.


Nos despedimos do Gena e Arinilton, que iriam voltar, e seguimos por um lago do Grajaú, para uma comunidade um pouco mais adiante. Chegamos na casa da Dona Doca. Enquanto a Ângela proseava, aproveitei para fazer uma ligação do orelhão da comunidade, sempre é bom matar um pouquinho da saudade de casa.


play-rounded-fill

Fomos tomar um sorvete e, durante a conversa, me disseram que é a casa de um mágico. Mal terminamos o sorvete e ele chegou! Conhecido como Mister M, que além de tudo é o padeiro da comunidade, buscou 4 pães na padaria e nos convidou pra subir. A conversa chegava ao fim e não aguentei, pedi pra ver uma mágica! E maravilhado sai com a mágica e a felicidade de todos.


Voltamos para a casa do Jonas, tomamos banho no igarapé, jantamos galinha, fomos convidados para um aniversário e não perdemos a oportunidade de comer bolo. A felicidade de todos estava nos pequenos detalhes. Apegados com Deus, a vida por aqui parecia melhor de se viver.


INSCREVER-SE

Quero receber por e-mail as últimas notícias mais importantes do ac24horas.com.

* Campo requerido