Pessoas com opiniões firmadas sobre determinados assuntos geralmente são antipatizadas. Isso é decorrência da natureza intolerante do ser humano em ser confrontado e de conviver pacificamente com opiniões divergentes.
De fato, a maioria aprecia apenas quando há concordância irrestrita sobre o ponto de vista delas ou naquilo que consideram como sendo verdades absolutas.
Como, sem falsa modéstia, integro a minoria que tem algumas convicções sobre temas sociais e políticos, sou também vítima do patrulhamento. Minhas participações em reuniões são tão curtas quanto voos de galinha.
Quando escrevo algo consonante com os leitores, até adversários, em seus círculos íntimos, abrem o baú de elogios. Caso contrário, o couro come.
Na política, principalmente: tente ser autêntico e prove dos amargos resultados de suas posições.
Raros, senão inexistentes, são os governantes que se distanciam da bajulação gosmenta.
Entre um parecer factível, sustentado em dados reais e uma puxada de saco de primeira categoria, o bajulado não conta nem até dois: a opção pela concordância falsa sempre vence de goleada.
Particularmente, nunca fiz cavalo de batalha em minhas percepções. Desde que os argumentos sejam convincentes , não as mantenho apenas por birra. Sempre fiquei de orelha em pé diante de elogios feitos por qualquer bobagem.
Quem logrou chegar a algum lugar de destaque não o fez meramente por ironia do destino. A sorte e as circunstâncias momentâneas podem até ter influenciado, mas a capacidade de discernir a distância entre o elogio sincero e a falsidade de conveniência tem importância capital.
Certa vez, participei de uma reunião na qual estava presente o então governador Romildo Magalhães. Confesso que fiquei horrorizado com o nível de puxasaquismo. Cá com meus botões, pensei: “não creio que esse cidadão ponha fé no que ele está ouvindo”. E o pior: ele estava e aparentava gostar.
Hoje em dia, um jovem que o vê de bermudas pelas ruas não acreditará que aquele cidadão seja dono do invejável currículo político de ter sido vereador e prefeito de Feijó duas vezes, deputado estadual por vários mandatos, agora torce para que o STF não julgue inconstitucional a pensão vitalícia de governador que recebe.
No Acre, observe que o exército de bajuladores passou por poucas modificações. O poder governamental tem o condão de transformar num passe de mágica “esquerda” em “direita”, adversário mortal em aliado incondicional.
Isso tudo, obviamente, com o tempero do Diário Oficial do Estado.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.
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