Uma fala do secretário de Estado de Meio Ambiente do Acre, Israel Milani, na COP26, em Glasgow, na Escócia, dividiu dois dos maiores pecuaristas do Estado, Fernando Zamora e Assuero Veronez.
A fala de Israel ocorreu durante encontro da Assembleia da Coalizão Under 2, representando o governador Gladson Cameli. Na ocasião, o secretário afirmou que era possível aumentar a produção de 1 para 4 cabeças de gado em uma mesma área, já consolidada, usando novas tecnologias.
“Estamos tentando elevar para 4 cabeças por hectare para a gente poder utilizar as nossas áreas já consolidadas, para que não tenhamos mais que desmatar para chegar ao agronegócio sustentável”, destacou Israel.
Nos stories do Instagram, Fernando Zamora, afirmou que as falas de Israel mostram um discurso antigo e inviável do ponto de vista econômico.
“Esse discurso é antigo, o governo não tem fazenda e quem tem aderir a isso é o produtor rural. Se tem como criar quatro reis [gado] por hectare, porque nós criamos só duas? Será se somos burros? Tem gente que faz com cinco por hectare, mas aí tem que ir pro confinamento e isso tem um custo muito alto e tira o produtor do mercado”, afirmou Zamora.
Ao ac24horas na manhã desta segunda-feira, 8, o pecuarista minimizou as falas contra Israel, afirmando que não se tratava de críticas, mas sim de trazer um assunto importante ao centro do debate de produzir e de preservar em parceria com meio ambiente.
“Eu não quis fazer uma crítica ao gestor, eu quis trazer esse assunto a debate porque é muito importante. Precisamos preservar e produzir, e esse discurso de produzir mais na mesma área que temos hoje ou que tal atividade dá muito mais lucro por hectare, como produtor rural fico indignado, porque isso é um discurso antigo que não foi pra frente”, explicou Zamora.
“Se eu consigo produzir mais por hectare, porque eu não tô produzindo? Se plantar cacau numa floresta dá cinco vezes mais rentabilidade do que pecuária, porque não estamos plantando cacau? Quem lida com as terras é o produtor rural que quer produzir mais e ter maior rentabilidade no seu negócio. É um assunto que deve ser debatido e é importante, mas não com discursos antigos. Você produzir mais animais por hectare, é inviável, se fosse viável nós estaríamos colocando. É um assunto complexo que merece ser debatido”, encerrou.
Já para o pecuarista, Assuero Veronez, influente tanto na Federação da Agricultura e Agropecuária do Estado do Acre (Faeac), instituição que preside, como na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da qual já foi vice-presidente, a fala de Israel mostra uma ‘estimação muito otimista’, mas que aliada com políticas públicas pode se tornar viável.
“É uma estimativa muito otimista, mas tem espaço sim com tecnologia e investimento em reforma de pastagem, mas para isso é necessário uma política de crédito que hoje o produtor não tem. Nós temos uma linha de crédito que permite isso, mas, por exemplo, a linha de crédito chamada ABC que é o Banco do Brasil que opera com essa linha, não têm dinheiro e é uma linha destinada a introdução de reforma de pastagem e diminuição de emissão de carbono, só que pra isso é preciso ter recursos suficientes, mas o banco não tem e os juros que tem hoje são muito caros”, explicou Veronez.
Ao comentar a fala de Zamora, Assuero concordou em partes com colega, mas salientou que é necessário políticas públicas para implementação da ideia.
“Eu não discordo do Zamora. O discurso é antigo, na prática, nós não temos tido as devidas políticas governamentais que favorecem o investimento na reforma de pastagem e, inclusive, a integração chamada lavoura e pecuária, onde planta milho para reformar pasto”, explicou.
Em outro trecho, Veronez fez críticas ao acordo assinado pelo Governo do Acre que renovou o compromisso do Estado com a redução das emissões de gases de efeito estufa até 2050. O pecuarista salientou que o acordo foi assinado sem a consulta das entidades do agronegócio.
“O governo fez um acordo na COP sem consultar ninguém para diminuição de emissão de metano, mas isso depende de alteração de dieta dos bovinos e depende da reforma de pastagem e da recuperação de áreas degradadas e para isso a gente necessita de uma política bastante efetiva”, destacou.
“Agora, dizer que não precisa desmatar, eu te pergunto, quem tem direito a desmatar 20% da área, iremos tirar o direito da pessoa? Não é justo e nem correto, o desmatamento legal tem que continuar e o produtor faz um sacrifício muito grande ao preservar 80% da sua propriedade e outra coisa, você não consegue estender esse programa de recuperação de pastagem para todos os produtores rurais. Esse discurso tem que ter alguma ressalva quanto a isso, se é um discurso para tentar convencer as pessoas que iremos praticar atividade rural e abdicar de direitos que os produtores têm de avançar em suas áreas, não cabe. De um lado, tem que investir em avanço tecnológico e o outro é avançar no desmatamento legal, hoje é 14% apenas e o Estado tem 86% de preservação. Então, com 14% é difícil ter escala de produção e etc. É preciso deixar aberto às oportunidades e oportunizar ao produtor o conhecimento de novas tecnologias, mas de outro lado permitir que os que tem área de desmatar legalmente, eles tem que estar liberados para isso”, encerrou o pecuarista.
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