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Exploração madeireira aumenta mais de 120% em dez anos no Acre

Por
Orlando Sabino

Foto: Sérgio Vale/ac24horas


Enquanto a produção brasileira e da Região Norte de Madeira em tora, caiu 10,3% e 22,5%, respectivamente, no Acre a produção registrou um aumento de 120,7% no período de 2010 a 2020. Os dados são do IBGE, através da divulgação da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura de 2020, divulgados no dia 06/10/2021. O Acre também, para o mesmo período, registrou um aumento de 15,7% na produção de carvão vegetal, enquanto a produção brasileira registrou queda de 75,1% e a Região Norte 29,4%. Observou-se uma queda da produção de lenha tanto para o Brasil (-49,4%), Região Norte (-46,1%) como para o Acre (-48,3%), onde os dados completos podem ser observados na tabela abaixo.



A indústria madeireira é o ramo da indústria voltado ao processamento da madeira. Inclui o plantio ou extração, o corte, o armazenamento, o tratamento bioquímico, a modelagem e a finalização. O produto final desta atividade pode ser a construção civil, a fabricação de móveis ou a obtenção de celulose para a fabricação do papel, entre outros derivados da madeira. A indústria madeireira é um setor muito forte na indústria acreana. Conforme os dados da Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo do IBGE, existiam 20 indústrias extrativas no Acre em 2019. No mesmo ano existiam 580 empresas, que geravam 5.543 empregos com carteira assinada na indústria de transformação, muitas delas utilizando como matéria-prima a madeira.



No gráfico acima temos o comportamento dos 22 municípios do Acre na produção de madeira em tora no Acre. Observamos que 11 municípios apresentaram crescimento na produção, com destaque para Feijó que produziu 80.385 m3, crescimento de 1.099% em relação a 2010 e Sena Madureira, com 53.572 m3, crescimento de 1.013% em relação ao mesmo ano. Esses dois municípios representam quase 50% de toda a madeira em tora produzida no Acre, em 2020. Dentre os municípios que registraram as maiores quedas na produção, nos últimos de anos, destaque para Plácido de Castro (-77,3%) e Xapuri (-78,2%).


O IBGE estima que o Valor da produção na extração do carvão, da lenha e da madeira no Acre, em 2020, foi de R$ 29,6 milhões. Valor que corresponde a 51,1% de todo valor gerado pela extração vegetal do Acre, estimado em R$ 57,1 milhões – valor que inclui também a extração da castanha, da borracha, do Açaí e de outros produtos florestais. Acredito que os valores estejam subestimados. Conforme o último Informativo do Setor Florestal do Acre, elaborado e publicado pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre, de outubro de 2019, o preço do m3 da madeira em tora no Acre, foi estimado entre R$ 200,00 e 250,00. Utilizando estes valores, o valor da produção, somente da madeira em tora foi de R$ 67,3 milhões, em 2020. 



Os produtos florestais (madeira e castanha), detêm a hegemonia no valor das exportações no Acre. No gráfico acima vem que, em 2021, até o mês de setembro, as exportações de madeiras e derivados já representam 30% do valor total das exportações do Acre para o exterior. Vemos no gráfico a importância da madeira para a economia acreana. Em 2010 a participação dos produtos madeireiros chegou a corresponde a 72% de tudo que o Acre exportou.


O fato é que estamos vivenciando uma nova frente de expansão com intensas transações de terras no Acre. As informações que temos é que pequenos e médios produtores do estão vendendo suas terras no vizinho estado de Rondônia e comprando terras no Acre, com uma grande margem de lucro nestas transações. Esse amplo movimento pode explicar a expansão da produção madeireira nos últimos anos, principalmente nas regionais do Purus e Tarauacá-Envira, vide gráfico abaixo. Os impactos ambientais são inegáveis como consequências do desflorestamento acelerado, nem sempre dentro da legalidade.  A exploração madeireira, a expansão agropecuária e do agronegócio são bem-vindos e geram emprego e renda na nossa economia, mas o respeito às leis ambientais é fundamental.



Na próxima sexta-feira, dia 5/11, haverá um encontro das indústrias de base florestal sustentável, promovido pelo Sindicato da Indústria Madeireira do Estado do Acre (Sindusmad). No encontro as lideranças do setor estarão reunidas na FIEAC para construção e implementação de agendas para o impulsionar esse importante setor da indústria acreana e fundamental para o desenvolvimento econômico regional. Que as lideranças possam encontrar os caminhos para a introdução de inovações tecnológicas ao setor e focar numa produção cada vez mais sustentável para o bem de todos.


Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.


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