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Índios do Acre denunciam que dinheiro ganho em programa da Globo nunca chegou na aldeia

Por
Sandra Assunção

Lideranças da etnia Shawãdawa, os Arara, da cidade de Porto Walter, no interior do Acre, foram nesta quinta-feira, 21, à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e à Funai fazer denúncias contra indígenas e não indígenas, que estão ganhando dinheiro de forma fraudulenta utilizando o nome deles.



Um das denúncias e contra o casal, Txãdá Shawã e Daosha, ele índio e ela branca. A dupla foi ao Programa Caldeirão do Huck, da rede Globo, em abril deste ano, ganhou mais de R$ 100 mil, que nunca beneficiou a etnia e nem foi empregado em projeto de calçados ecológicos. Segundo Anchieta Arara , um dos denunciantes, o casal do programa comprou duas terras e criou falsas aldeias com o objetivo de atrair turistas de outros Estados e países.



“Ele mora em São Paulo com essa mulher não indígena e ganham dinheiro usando o nome e tradição indígena Shawandawa. Fazem pajelança. E o dinheiro que ganharam na Globo dizendo que beneficiaria famílias, nunca apareceu. Eles abandonaram o grupo a que se referiram no programa e já formaram outro grupo em uma segunda aldeia falsa”, relatou Anchieta, que afirma existirem apenas as aldeias Shawandawa, do Rio Cruzeiro do Vale . “O restante é aldeia falsa”, ressalta.


O cacique geral dos Shawandawa, José Maria, cita ainda que uma empresa do Rio de Janeiro está utilizando o nome da etnia como marca de produtos medicinais. “Uma empresa está patenteando o nome Shawadawa para vender produtos como rapé”, pontua o cacique.


Na Globo

No dia 17 de abril deste ano, Evandro Shawãdawa Txãdá Shawã e Daosha, ganharam R$ 102 mil no quadro “The Wall”, do Programa Caldeirão do Huck, exibido pela Rede Globo. Com o dinheiro conquistado no programa, o casal disse que iria fortalecer e ampliar o projeto de artesanato ‘Ararinha Encantada’, que envolve as mulheres Arara.


Foto: Reprodução/Globo

Segundo Daosha, as mulheres faziam calçados com Folha Defumada Líquida (FDL), do látex e materiais da floresta usando corantes naturais que são vendidos em São Paulo e outros Estados.


Na época, ela contou que conheceu Txãdá e foi a São Paulo para um evento ligado à cultura indígena. De acordo com o relato dela no programa global, o projeto com os calçados começou há 3 anos.


“O projeto empodera mulheres e ajuda a gerar renda. O mais importante é que deixa a floresta em pé. Com esse dinheiro ganho aqui vamos melhorar as casas de borracha e transporte dos produtos. Nós vamos levar adiante esse projeto que melhora a vida das famílias. Essa é nossa caminhada, como guardiões da floresta. E que a gente tenha força para nunca desistir, nunca deixar esse projeto de lado.”, falou Daosha em rede nacional.


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Sandra Assunção

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