Mesmo sem tradição alguma na produção de bebidas alcoólicas, o estado do Acre tem entrado nas listas e indicações mais importantes do país quando o assunto é cachaça. Isso graças ao surgimento da indústria Potio, que produz a cachaça Jibóia, uma das maiores inovações e promessas em bebidas destiladas nos últimos anos. A qualidade no processo de produção da Jibóia tem impressionado os maiores especialistas do ramo. Tanto que a fábrica, localizada no município de Acrelândia, tem recebido pedidos de sete estados e diversas visitas a fim de saber como um produto de tamanho requinte e delicadeza tem sido feito na Amazônia.
Apesar do reconhecimento em outros estados e até países, o consumidor local desconhece o valor do produto feito no Acre. A empresa é 100% acreana, pensada e criada pelo engenheiro eletricista e advogado riobranquense Jakson Soares, que morou um tempo em Curitiba e decidiu se tornar Mestre Cachaceiro desde 2014. Soares fez curso em Minas Gerais e especialização na USP. Dois sócios também integram o plano de negócio da indústria, que é extremamente fundamentado, elaborado para os próximos 10 anos. Atualmente, a empresa está se preparando para lançar novos produtos que serão comercializados a partir de 2022: as cachaças saborizadas de Jambu, Guaraná e Açaí.
“A ideia de montar esse negócio veio porque não existia esse tipo de negócio no Acre. Tudo vinha de fora, 100% da bebida alcoólica que era consumida aqui vinha de fora, então nossa ideia foi montar essa empresa aqui, gerar emprego, renda e, principalmente fazer um produto acreano, essa é a nossa ideia principal. Eu e dois sócios começamos isso aqui do zero”, relata Jakson. A construção da indústria Potio, que fabrica a cachaça Jibóia, começou em 2014, mas foi em março de 2018 que a marca foi consolidada e entrou efetivamente em operação.
“Foi então que lançamos nosso primeiro produto, a aguardente Jibóia, ainda na garrafinha de plástico,mais conhecida como buchudinha. Hoje a gente domina um ciclo inteiro. A gente planta cana, temos nosso canavial com 50 hectares de cana”, explica o empresário, que também está plantando um novo canavial para produzir canas e bebidas experimentais, com diferentes matérias-primas e totalmente orgânicas. A indústria está fechada no momento, pois o novo período de safra começa no próximo mês de novembro e vai até meados de março.
“A gente colhe as canas em carretinhas. O local onde hoje é a indústria, antigamente era uma serraria, e tudo foi derrubado. A nossa indústria como é hoje eu mesmo desenhei. Muitos detalhes aqui chamam atenção, principalmente de quem vem de fora conhecer. Recentemente, recebemos o masterblender Nelson Duarte, que era da Ypióca, o maior do Brasil. Ele ficou aqui uma semana e há cerca de 10 dias nós recebemos Natanael, que faz a melhor cachaça do país”, comenta Soares.
O que mais tem impressionado fora do estado é o fato de a Jibóia ser produzida na Amazônia, mais precisamente no Acre, onde os maiores centros de compras são extremamente longes e a logística é mais complicada. “Nossas dificuldades são extremas. Na Amazônia, é uma briga eterna fazer esse tipo de produto, pois é uma luta contra os passarinhos, contra os insetos, contra a umidade, a temperatura e temos que fazer tudo diferente. Tanto que as pessoas que já vieram aqui disseram: ‘Como vocês conseguem produzir aqui? Porque tudo eu faço diferente lá no Sul’, destaca.
A cachaça Jibóia é diferente e o criador sabe e faz questão de ser assim. A indústria Potio busca produzir tudo dentro dos padrões de qualidade de certificação internacional, não à toa que a fábrica foi desenhada obedecendo critérios para essa certificação internacional, o que a difere de tantas outras também feitas Brasil afora. São no mínimo seis processos que a matéria-prima da cachaça acreana passa para seguir em produção. Inúmeras filtragens e pasteurização é o que torna a Jibóia essencialmente especial, sendo a única cachaça pasteurizada do país.
“O trator traz a cana, temos uma máquina colheitadeira onde as carretinhas descarregam na esteira, que leva e picota a cana para depois jogá-la dentro de uma moenda”, salienta Jakson, afirmando que a fábrica é dividida entre salas e áreas. A primeira área é a recepção da cana, mais à frente fica a sala de moagem, sendo todas identificadas.
“Os detalhes técnicos são muito importantes porque hoje somos quase um modelo nacional nesse quesito técnico, de padrão construtivo. Nessa sala de recepção, por exemplo, recebe muito líquido, então a gente lava ela todos os dias, antes e depois da produção. Há barreiras de proteção para que não caia nada de líquido para fora quando a gente está produzindo”.
A fábrica inteira é feita com paredes térmicas, laváveis e de aproximadamente 7 metros. Assim que chega, a cana passa pela peneira rotativa para limpeza e retirada dos bagaços, depois vai para o decantador, onde retira os bagaços menores e depois para o tanque de transferência. A partir deste momento a produção da cachaça é realizada em objetos 100% inox. “A matéria-prima não passa mais em nenhum momento por madeira, plástico, cimento, nada. É 100% inox porque a gente lava a fábrica todos os dias antes de produzir”.
Na época da safra, trabalham cerca de 15 pessoas na linha de produção, que é completamente lavada com água quente, ácido peracético e álcool 70% todos os dias pela manhã. Enquanto uma parte dos trabalhadores colhe a cana, a outra está lavando a fábrica. “Chega a cana, a gente mói, faz o caldo de cana, produz durante todo o dia, e no final do expediente lava tudo de novo. A gente usa bastante água para manter a qualidade. Tudo isso para garantir um padrão de qualidade diferenciado, porque nós fazemos bebida,e bebida é alimento, então temos que garantir o mínimo de padrão de segurança alimentar”, diz Jakson, que completa: “posso garantir que tem muita gente fazendo bebida alcoólica que não chega nem perto disso, desse cuidado”.
A primeira a sala que inicia o processo de produção da cachaça Jibóia é a de moagem. Todas elas possuem pia inox, dispenser com papel, sabão bactericida e água quente e fria. Os ambientes são separados, ou seja, um processo não se mistura com o outro e não há contaminação. As portas abrem e fecham rapidamente para não permitir a entrada de insetos. Depois de moído, o caldo de cana passa por inúmeras filtragens. Os cantos das paredes são todos arredondados no chão para não acumular líquido. A pintura é de epóxi, refeita anualmente.
Em seguida passa pela sala de tratamento, onde o caldo de cana é filtrado até ficar bem limpo e seguir com o tratamento. “Tratar é verificar a quantidade de açúcar que tem no caldo de cana, o PH e a temperatura dele. A gente estabiliza tudo isso, só que a gente trata o caldo de cana de uma forma que poucas indústrias fazem no Brasil. A gente pasteuriza o caldo de cana, que elimina bactérias, insetos. Além de filtrar, a gente pasteuriza, e isso em termos de qualidade é um diferencial muito grande, porque o que eu obtenho aqui é um caldo de cana excelente”, destaca Soares.
O tratamento dá todos os números da qualidade do produto e é onde se coloca o fermento no caldo de cana para dar início ao trabalho de fermentação em tanques de 5 mil litros. Ao todo, líquido passa por 26 filtros. Jakson salienta que todo o controle da pasteurização é eletrônico. “Nossa água é tratada, a gente tem uma Estação de Tratamento de Água (ETA). Nosso processo de produção é em linha, isso significa que ele entra e sai todo em linha reta”.
Após o tratamento do caldo de cana e colocação do fermento, ele vira o mostro, que vai para a sala de fermentação. Esse é um dos processos mais importantes da produção de bebidas e cachaças. O líquido fica descansando por 48 horas, fermentando. O fermento transforma o açúcar em álcool. “Aqui acontece a mágica e isso tem que ser controlado, o tempo, temperatura, a fermentação, se há contaminação ou não. E esse controle é feito por um circuito de água gelada e serpentina. A sala esquenta e se passar de 32°C o fermento morre. Então temos sempre que estar resfriando o líquido em tanques de 10 mil litros cada um”.
Outro diferencial da indústria Potio na fabricação da cachaça é que a empresa só utiliza cana fresca. A cana tem de ser colhida e moída o mais rápido possível. O proprietário afirma: “A gente não estoca cana, porque é um ser vivo, e quando corta desenvolve bactéria, inseto, açúcar e ela começa a produzir compostos químicos que atrapalham no processo de uma boa bebida”. Dessa maneira dá muito mais trabalho, mas garante a qualidade da cachaça Jibóia.
Quando o caldo de cana zera o açúcar, depois de ser fermentado, onde a levedura come todo o açúcar e o transforma em álcool, é transferido para outra sala. “A gente tem que separar a levedura, então segue para a sala de uniformização”. Lá, passa pela centrífuga, que separa o fermento que está dentro, o devolve para ser reutilizado e o que sobra chama-se vinho. Este fica 24 horas descansando para seguir para o próximo passo.
“Nossa fábrica foi desenhada para ser toda redundante, o que significa que se tiver contaminação em um tanque, eu paro esse tanque, isolo ele, e trabalho com o outro, sem a fábrica parar. Tudo isso para garantir o produto sem contaminação e não perder também”, revela. Depois de ter virado vinho, o líquido vai para a sala de destilação. “Aqui a gente pega o vinho, que é um líquido com álcool dentro, ferve de um lado, condensa do outro, e separa o álcool. Tudo isso controlado com medidores eletrônicos. Controlamos temperatura, pressão e velocidade do líquido que está entrando. Se quero mais forte ou mais fraco, basta alterar as configurações”.
A primeira cachaça Jibóia, na garrafinha de plástico, tinha teor alcoólico de 38%. Agora, a marca só produz em garrafas de vidro, em duas opções: com teor de 40% e 48%. “A gente destila alto, a 55%, só que a gente derruba essa graduação a 48%, diluindo, inserindo água. É nesse processo também que se produz o álcool 70%, só que utilizando muito mais cana. Nesse caso, o gasto é muito maior e o equipamento não foi feito para esse tipo de produção, então o rendimento não é o ideal”.
Em seguida entra a sala de padronização, que equilibra, padronizando o teor alcóolico, no caso da nova Jibóia, a 40% e 48%. “Temos os equipamentos de medição, de controle. A gente tem laboratório próprio. A gente destila, separa o líquido, filtra novamente, e fica estocado. Uma parte é álcool 70% e outra destilado”. Por último, entra a parte do envasamento. O líquido é estabilizado por um tempo antes de ser armazenado em garrafas. “Ainda aqui a gente filtra novamente. Todos os processos são conferidos. A gente tem uma planilha de controle e uma linha semiautomática de envasamento. Agora estamos montando uma linha manual também para poucas quantidades e também para os próximos produtos que nós vamos montar”, diz Jakson Soares.
A indústria Potio tem se dedicado a desenvolver projetos pela causa socioambiental. Ao menos nove projetos estão para serem encaminhados, sendo que alguns deles já estão em funcionamento. Entre eles, a utilização da água da chuva tratada para diluição, fornecimento da ETA para análise de água no município e doação de caldo de cana para escola municipal utilizar na merenda das crianças.
“Como hoje a gente só faz cachaça na garrafa de vidro, a gente compra a garrafa de fora, da fábrica, não usadas e vamos implementar um programa de recompra de garrafas.Ou seja, o consumidor vai poder trazer a garrafa que eu compro de volta, recebe desconto para compra de outra garrafa cheia. Vou fazer o tratamento e reutilizar a garrafa. Isso é ambientalmente correto”, diz o mestre cachaceiro.
A empresa doou 5 mil litros de álcool durante um dos piores momentos da pandemia de Covid-19 no estado do Acre. Para isso, foi usado quase todo o canavial. Outra peculiaridade é que a água usada para baixar a graduação de 55% para 48% da cachaça é proveniente da chuva. “Somos a única indústria do Brasil que usa água da chuva no processo produtivo de bebida alcoólica”, garante o empresário.
Um tanque de 30 mil litros recolhe água da chuva para que seja tratada. “Ela é filtrada e desmineralizada. Temos um tratamento de água e ela é sempre analisada na Unidade de Tecnologia de Alimentos (Utal), da Universidade Federal do Acre (Ufac). Hoje, quem bebe a Jibóia, bebe água da chuva”, brinca. Segundo Jakson, especialistas vêm ao estado só para ver o que a Potio tem feito de inovação, como essa. “Não é muito difícil fazer isso, basta ter um tanque e montar um tratamento. Temos outros processo também de limpeza da água de um lago que usamos para fazer a limpeza da fábrica. Essa água passa pela nossa ETA”.
Entre os projetos consta ainda a criação de um viveiro próximo ao canavial. Lá, haverá plantação de cana, árvores nativas e frutíferas para reflorestamento. “Vamos fazer doação dessas mudas, campanhas de reflorestamento para ajudar nessa questão. A gente quer pegar pequenos agricultores, fornecer a muda da cana, ele vai plantar e a gente vai garantir a compra dessa cana. Vamos ajudar os pequenos agricultores aqui da região. Queremos abranger bastante pessoas”, assegura.
O bagaço da cana usada para fabricação da cachaça serve para fazer adubo orgânico. A empresa já doou 200 toneladas de bagaço de cana para a prefeitura de Acrelândia fazer adubo e utilizar em hortas. “Vamos fazer uma plantação orgânica de cana para fazer um produto orgânico. Algo que já até combinei com a prefeitura, já que a gente pasteuriza caldo de cana, é o fornecimento de caldo de cana pasteurizado para escola primária de Acrelândia quando voltarmos a produzir, porque hoje eles tomam suco de pozinho e o caldo será muito maia saudável”. A ideia é enviar pelo menos uma vez por semana o caldo de cana pasteurizado para a escola.
Mesmo que o consumidor local ainda não conheça a fundo o produto da terra, fora do estado e em outros países a cachaça Jibóia já é sinônimo de qualidade e bom gosto. A bebida possui diversas certificações que confirmam a procedência confiável e única. “Nosso produto tem o selo de empresa sustentável e o selo reciclável. A nova Jibóia vem em duas apresentações, em cores diferentes. Ela tem o registro do Ministério da Agricultura, pois é a única indústria registrada no Acre para produzir bebida alcoólica. Temos registro para exportação e o selo holográfico, que significa garantia, que não dá para falsificar nosso produto”.
O símbolo da cachaça é a cobra jiboia, cujo nome surgiu por três motivos: era o apelido de Jakson em sua primeira graduação, era o animal colocado em potes de vidro com cachaças e significa proteção aos indígenas. “Na embalagem é possível sentir o relevo da pele de cobra. Antigamente tinha muito nas casas aqueles potes de vidro com cobra e cachaça dentro, isso também contribuiu para o nome. Depois de já ter registrado a marca, descobri que a jiboia é um animal sagrado para as etnias indígenas no Acre, o que casou muito bem. Ribeirinhos e comerciantes de Rio Branco ainda utilizam a cobra para se proteger dos roedores, principalmente em depósitos de milho e afins. E é a única cobra que o Ibama permite criar como animal de estimação, pois não é venenosa. E se não tem roedor, não tem outro tipo de cobra no local”, diz o mestre.
A cachaça possui na garrafa o ‘cachaçômetro’, para o consumidor verificar o quanto consegue ingerir. “Nossas garrafas são todas numeradas, têm as bandeiras do Acre e do Brasil, o que é ideal para dar de presente. Na embalagem as cores formam uma cruz, que é uma referência à terra de Vera Cruz, que foi o primeiro nome que o Brasil recebeu ao ser descoberto por Pedro Álvares Cabral. E a cachaça é a bebida típica do Brasil. E Potio, o nome da nossa indústria, significa bebida em latim”.
Jiboia é só o primeiro produto de muitos que a fábrica pretende lançar. Hoje, a empresa se orgulha por ser uma das poucas que não vende um produto apenas, mas uma verdadeira experiência. “Quando alguém compra um produto desse, está comprando uma história, essencialmente qualidade e a experiência de consumir um produto que ajuda nas causas ambientais”. A fábrica foi inteiramente desenhada pensando em expansão e na maneira de oferecer melhor qualidade.
“Essa fábrica tem o mesmo sistema de indústria de automóvel, isso significa que eu posso duplicar o tamanho dela sem parar de produzir e sem contaminar. A fábrica vai contar daqui a um tempo com sistema de som e câmeras. Um processo novo, há somente duas indústrias hoje no Brasil que fazem a fermentação com música clássica, porque segundo estudos, as ondas da música clássica reverberam melhor com as leveduras e vamos fazer isso também”, diz Jakson.
Todo o processo de fabricação da cachaça Jibóia, do início ao fim, dura aproximadamente 7 dias até chegar na parte de padronização. Depois da padronização, é preciso que o produto fique mais seis meses descansando. O ideal, segundo Jakson, é produzir e deixar a cachaça descansando por seis meses em tanques de inox. Ele reafirma que o produto tem uma qualidade diferenciada, mas que o acreano não reconhece como deveria.
“Às vezes as pessoas acham que o santo de casa não faz milagre. Fora do estado a Jibóia está super reconhecida, ficamos entre as 250 melhores cachaças do Brasil, um feito muito grande, e agora estamos concorrendo novamente. A gente tem um produto com padrão exportação. O mundo da cachaça já conhece a Jibóia, sabe que ela existe, sabe da qualidade”. No próximo mês de janeiro a indústria acreana vai receber um especialista da Inglaterra que percorre países do mundo inteiro para conhecer bebidas destiladas diferentes.
“Ele entrou em contato comigo esse mês de outubro. As pessoas acham interessante a maneira como trabalhamos. A gente tem um controle de tudo que fazemos. Os especialistas estão impressionados com o que a gente está conseguindo fazer aqui, porque produzir na Amazônia é muito difícil e fazer um produto diferenciado como esse é muito bacana. Eles se impressionam também com as técnicas que a gente utiliza aqui para desenvolver a cachaça. Isso tem chamado bastante atenção, tanto que estão vindo conhecer um produto do Acre”.
A meta atual da Potio é exportar seus produtos. “Até o primeiro trimestre de 2022 vamos exportar. Será a primeira exportação de uma indústria de bebidas do Acre. Vamos fazer uma certificação internacional também para exportar para Europa”. A fábrica conta com o conhecimento do engenheiro agrônomo Victor Bezerra, de 25 anos, que veio de Belém (PA) há dois meses trabalhar por meio de uma parceria da indústria com a Ufac.
“Estou ajudando a melhorar a produção da cana. Quando cheguei aqui, me deparei com uma produtividade muito abaixo do que é considerado o mínimo para produção de cana, inclusive abaixo da metade. Meu objetivo aqui é melhorar a produção de cana da fábrica, principalmente com manejo, adubação adequada, controle de plantas invasoras, porque isso é o que baixa muito a produtividade de um canavial, assim como não saber controlar os problemas que estão acontecendo”. Sem o profissional, a marca acabava com alguns problemas diários. O projeto que permitiu a vinda do agrônomo dura cinco anos. Pelo planejamento, a cada ano virá um residente.
A Portio também está empenhada em produzir bebidas envelhecidas, o que acarretará em mais padrão aos produtos que já são elaborados. A ideia é estar auxiliada pelo Senai, uma vez que pretendem usar madeira local, para treinar pessoas na confecção dos barris e gerar uma nova economia local. “Hoje o barril vem de fora. São produtos especiais, os barris de envelhecimento possuem 250 litros cada um, são madeiras diferentes, como castanheira, bálsamo, murano e jequitibá”, comenta Soares.
Na empresa, oito barris estão sendo amaciados para envelhecer bebida. “Nessa semana já vamos enchê-los. Eles vão ficar um ano aqui dentro e depois vamos fazer blend, que é misturar madeira ou cachaça nova com uma mais antiga. Esse é nosso projeto de cachaça envelhecida, que iremos colocar para comercializar em 2022”. Na ocasião, a marca pretende comercializar no modo ‘adote um barril’, onde o cliente poderá comprar um barril com bebida envelhecida, deixar na empresa onde será mantido ou levar para casa.
Jakson quer tornar o local um ponto de turismo voltado a produtos destilados. “A gente quer que as pessoas que venham ao Acre e conheçam o nosso empreendimento. Uma van irá buscar o turista e ele vai aprender o processo da cachaça, provar, poder comprar. Já estamos nos preparando para receber as pessoas para esse tipo de turismo. Isso é bom para a região, para o estado. Gerar emprego, oportunidade de negócio, movimentar pessoas”.
A ideia é montar uma lojinha próximo da fábrica para comercializar produtos da marca Jibóia. “A Potio tem que ser referência de bebida de qualidade a nível nacional, um produto que represente o estado do Acre, a Amazônia e o Brasil. Representar da melhor forma possível, com extrema qualidade e todo cuidado que a gente tem. Nossa meta de exportação já está estabelecida, além de estarmos nos melhores restaurantes de Rio Branco, São Paulo, Porto Velho, Curitiba, Fortaleza, em Santa Catarina e Minas Gerais”.
A empresa começou com um produto simples, de elástico, quando ainda estava aprendendo a engatinhar, reconhecendo o mercado, fazendo testes, e agora possui um produto de vidro, de alto padrão, com nível diferenciado. “A gente não pode errar de forma alguma, vamos ter as bebidas saborizadas, lançar outras linhas, teremos cachaças envelhecidas. Tudo isso num plano de negócio de 10 anos, para mantermos tradição e qualidade. Temos um produto de forma contínua, reconhecido nacionalmente. Os acreanos precisam conhecer um pouco mais nosso produto, da indústria, ter orgulho que hoje nós temos uma bebida alcoólica com padrão de qualidade. A gente produz cachaça e também fazemos nossa parte social e colaboramos com isso”, declara o empresário.
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