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“É a economia, estúpido“

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A frase usada como título desse modesto artigo é atribuída a James Carville, marqueteiro do democrata Bill Clinton.


Numa disputa renhida, George Busch focava a campanha do Partido Republicano na exaltação das vitórias militares dos EUA, enquanto a economia americana derretia, o desemprego disparava assustadoramente e a miséria se alastrava nos guetos de Tio Sam.


Considerada com uma jogada de mestre, o adversário Bill Clinton, em som inaudível e traduzida apenas pela leitura labial, expressou a seguinte frase: “É a economia, estúpido”.

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Desde então, virou lenda em todas as campanhas eleitorais que o fator determinante para decidir vitórias ou derrotas é o desempenho do governo central diante dos indicadores econômicos. Se estes vão bem os votos aparecerem nas urnas. Caso contrário, é balsa rio abaixo.


Programas eleitorais resumidos a falsos valores religiosos fundamentalistas, pautas ultraconservadoras e preconceituosas de conceitos de família, militarismo, supostos enfrentamento ao “sistema”, como não enchem a barriga de ninguém, ficam em segundo plano na intenção do eleitor.


Nenhum candidato adversário resiste aos encantos da inflação próxima a zero, satisfação causada pelo consumo desenfreado e da taxa de emprego próximo a plenitude, assim como efeitos adversos são pedras e obstáculos no caminho de quem está no poder.


Foi assim com o Plano Cruzado do presidente José Sarney, quando em 1986 o PMDB fez barba, cabelo e bigode ao eleger 26 dos 27 governadores no Brasil.


Em 1994, ao se apresentar como pai do plano Real, organizador das contas públicas, da economia e dos preços, FHC impôs duas derrotas a Lula, sendo vencedor no primeiro turno.


Afogado no mar da roubalheira e da crise econômica, o PT fez emergir do subsolo do baixo clero do Congresso Nacional um deputado medíocre transformando-o em “ salvador da pátria” e restaurador dos valores éticos e morais.


Declarando-se, sem cerimônia, completamente analfabeto em questões econômicas, Bolsonaro outorgou a seu ministro da Economia uma procuração com amplos poderes para gerir a economia, enquanto se dedicava exclusivamente a cultivar encrencas e intrigas.


Despido de respeito no cenário internacional, Bolsonaro acabou com a credibilidade do país, que, junto com a falta de confiança e os efeitos da pandemia, estão afundando a economia nacional na inflação de dois dígitos, no desemprego, na desvalorização continua da moeda pátria e na miséria de parcela significativa de seu povo.


Como a prática do governo Bolsonaro não corresponde aos fatos, a plataforma Deus, Pátria e Família está se esvaindo. A reprovação de sua gestão é astronômica.


Difícil acreditar nos valores cristãos de alguém que não demonstra o mínimo de sensibilidade com as lágrimas de milhares de brasileiros vítimas da pandemia.


Impossível manter o discurso de valores da família, quando a única prole privilegiada é a dele com a aquisição de mansões e a proteção política contra as denúncias de “rachadinhas” nos salários de assessores.


Como acreditar em uma nova política, se o ator principal dela sentou no colo do Centrão, cujos integrantes eram chamados de ladrões apenas para enganar frouxas e incautos?

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Fato é que as eleições de 2022 serão decididas nos fogões e nas panelas vazias. O preço do gás, da gasolina, do pão, do arroz e do feijão terão pesos superiores aos discursos de kit gay, armas e outras atrocidades do rosário bolsonarista.


Pouco adiantará a tentativa de terceirizar a culpa do caos para governadores e prefeitos, pois o acelerador e o freio dos instrumentos de políticas monetária, cambial e orçamentária estão nas mãos da União.


O estúpido Bolsonaro será derrotado pela economia. Lamento somente que ele mesmo tenha elegido Lula para ser o seu carrasco.



Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas .com


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