Em 2020, a Reserva Extrativista Chico Mendes acumulava 873 focos de calor até o dia 3 de outubro, o que representava 64,5% do total registrado nas demais unidades de conservação federais. Em 2021, no mesmo período, a situação é pior.
A UC já tem neste ano 974 focos de calor, o que corresponde a 69,2% do total das demais UC’s, segundo os dados disponíveis no Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Grande parte das queimadas registradas na área da Resex Chico Mendes provêm dos desmatamentos ilegais feitos por invasores com a finalidade de abrir pastagens para os rebanhos bovinos que chegarão no futuro.
Sem os procedimentos adequados, como a construção dos aceiros, essas queimadas terminam por entrar nas matas ocasionando os incêndios florestais que, se não forem controlados, podem resultar em tragédias como a que ocorreu em 2005.
No último sábado (2), uma equipe de brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) trabalhou por várias horas para controlar um incêndio dentro dos limites da Resex iniciado a partir de uma queimada realizada em um pasto.
O fogo foi espalhado pelo vento, atingindo outras pastagens, e dali avançou para a mata se convertendo em um incêndio florestal que apenas foi controlado no começo da noite.
Jeffrey Caetano, coordenador de combate e prevenção ao fogo, informou que a Reserva Extrativista Chico Mendes está, atualmente, em “nível 2” de alerta contra incêndios florestais.
De acordo com o brigadista, o nível 2 é um patamar maior de atenção que faz com que combatentes de outros estados cheguem ao Acre para ajudar no controle do fogo, como é o caso de brigadistas do Parque Nacional da Serra do Divisor e da Floresta Nacional do Iquiri, em Boca do Acre, além do apoio do Prevfogo.
Caetano afirmou que a Resex Chico Mendes está com uma média diária de cerca de 300 focos de calor. Ele ressalta que a maior parte desses focos são resultantes de desmates produzidos por invasores da unidade de conservação.
“A gente tem um grande número de pessoas que invadem a reserva ali pela região de Brasiléia e Xapuri. Eles fazem um desmate de 30 a 60 hectares e usam o fogo para limpar essas áreas para futuramente colocar o gado”, disse.
Jeffrey Caetano também explicou que nem sempre os focos de calor detectados pelos satélites dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes significam incêndio florestal.
“O ICMBio compreende que o uso do fogo dentro da Resex é uma ferramenta agrícola, como uma queima controlada que a gente acompanha e realiza dentro da reserva, com os extrativistas mesmo, com o objetivo da limpeza de roçados”, esclareceu.
O ICMBio em brigadas de combate a incêndios florestais na Reserva Extrativista Chico Mendes situadas nos municípios de Sena Madureira e Brasiléia.
Em julho passado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou o primeiro Plano Estratégico Operacional de Atuação Integrada no Combate a Incêndios Florestais, por meio da Operação Guardiões do Bioma.
A ação interministerial inédita envolve cerca de seis mil profissionais para atuar em 11 estados dos Biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal na prevenção, repressão e investigação de casos relacionados a queimadas e outros crimes ambientais.
A atuação está acontecendo entre os meses de agosto a novembro nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Goiás.
Os órgãos envolvidos, conforme suas competências legais, monitoram e realizam ações efetivas nos locais onde há grandes focos de incêndios, além de apurar crimes que podem estar sendo cometidos.
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