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“Orelhas” de Gladson e Rocha esquentam com reclamação

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A Assembleia Legislativa do Acre promoveu nesta sexta-feira (1), audiência pública para debater a economia e organização da agricultura no Vale do Juruá. A audiência ocorreu em Cruzeiro do Sul com a presença do presidente da Aleac, deputado Nicolau Júnior (PP), e do vice-governador do Acre, Major Rocha, entre várias outras autoridades e lideranças da região. O governador Gladson Cameli, o secretário da pasta de agricultura, Nenê Junqueira, e o diretor-presidente do Deracre, Petrônio Antunes, e o secretário de meio ambiente, Israel Milani, não compareceram ao ato, o que foi duramente criticado pelos produtores.


O presidente da cooperativa de agricultura e extrativistas do Juruá, Adauto de Paula, reclamou da falta de apoio aos produtores por parte do governo. “Se sente só e desamparado pelo poder público. Perdi de trabalhar em uma terra de um hectare por falta de apoio, pois o único meio é através de brocar, tocar fogo e plantar”, exemplificou o produtor, criticando a falta de equipamento para destoca e a fiscalização é intensa para evitar o fogo. “Precisamos que os deputados tenham projeto de colocar nas prefeituras equipamentos. O produtor não quer contribuir com a fumaça, mas é o jeito dele sobreviver”, disse.

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Foto: Sérgio Vale/ac24horas

De acordo com os produtores, a farinha custa R$ 152 para ser produzida, mas o atravessador só paga R$110 a saca. “Precisamos muito da ajuda de cada um de vocês”, clamou, afirmando que os produtores de farinha estão “pagando para trabalhar”.


O agricultor Jairo Meireles, líder no Ramal 12, disse que todo ano são realizadas reuniões para melhoria de ramais. Este ano, o Ramal 12 foi bem trabalhado, mas o futuro é incerto. Ele pediu garantias de que o serviço será feito no ano que vem. De seu lado, o colono José Francisco Alves, o Bimba, representou os moradores de Santa Luzia. Ele é subprefeito naquela comunidade. “Hoje, temos a BR 364 e a maioria os ramais são de barro. Para que organizar a agricultura temos de melhorar o acesso. 90% das pontes das pontes do Santa Luzia estão quebradas”, afirma. Ele também considera que é preciso melhorar o atendimento em saúde na zona rural.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

Evandes Serra, do Ramal 4, disse que no Santa Luzia as pessoas vivem fora da realidade mostrada pela mídia do governador Gladson Cameli. “Todos os anos a conversa é a mesma. O povo não precisa de sacolão, precisa de estradas para escoar a produção e tirar o Estado da miséria”, disse.


E dirigindo-se ao Major Rocha disse que atualmente é fiscal do Ibama de fuzil na mão, multando os produtores. “Lá o governo não nenhum trator para arar a terra. A saúde se encontra do mesmo jeito”, afirmou o colono. “Precisamos que o governador saia da mídia e vá para fazer acontecer”.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

A subprefeita da Vila Liberdade, Kedna Rodrigues, disse que sua comunidade é um pequeno pedacinho do Acre, com cerca de 800 famílias em uma unidade de conservação. Ela pediu alternativa diferenciada para esses grupos. “Se o Estado der incentivo há como ter maior produtividade em área menor”, disse ela.


A reclamação da produtora é em cima da necessidade de se resolver a questão das culturas sensíveis às pragas, melhoria no atendimento em saúde e rede elétrica às comunidades mais isoladas.


O vereador Noeca, que também é agricultor na região, avalizou as críticas feitas pelos colegas anteriores. “Diziam que ia ter muito e ninguém viu quase nada”, disse. “Os deputados ficam lá, ninguém quase vê deputado, governador…”, completou.

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O agricultor Rafael Santos, do Ramal 5, que saiu do Acre para se capacitar, voltou, mas viu o esquecimento que o governo impôs ao homem do campo desde 2018.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

Outro produtor, Anchieta, avalizou tudo o que foi dito em relação à produção rural no Vale do Juruá. Ele diz que essa audiência pode servir de exemplo para as comunidades.


“Seria interessante que todos fosse visitar os produtores. O produtor rural só tem direito de ir e vir no verão. No inverno, fica isolado”, disse Anchieta. Ele questiona por que não se elabora programação de ramais para o começo do verão e que se realize a limpeza dos rios ao menos duas vezes no ano. “Além disso, os ribeirinhos não tem energia elétrica. Está na hora de um programa de placa solar”, afirmou.


Falta de comunicação também problema. Segundo ele, os filhos dos produtores não tem internet e são os mais prejudicados com os efeitos da pandemia por causa dos estudos pelo modo remoto. “O crédito precisa se desburocratizado. Das 80 associações que existem no Vale do Juruá. Se uma associação financiar um equipamento fica pesado, mas se dividirem entre as associações, não”, explicou.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

Ao usar a palavra, o deputado Jonas Lima (PT) disse que os prefeitos tem tomar vergonha na cara e ajudar o Estado a cuidar do homem do campo. Lima considera que as prefeituras tem de ter maior participação nesse setor e aproveitou também para criticar o governador Gladson Cameli e o vice, Major Rocha. “Três anos de governo do Gladson Cameli não tem nenhum convênio para ponte”, disse, afirmando que a vida em muitas localidades é de muito sofrimento. “Cadê o Rocha e o Gladson que diziam que o problema era falta de gestão”, alfinetou.


Já o deputado Marcos Cavalcante disse que a agricultura familiar é a maior economia dos municípios com menos de 20 mil habitantes. “Entendo que os produtores da nossa região passam por muitas dificuldades”, disse ao criticar a presença de fiscais muitas vezes armados intimidando os produtores.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

O prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, fez justiça a atitude tomada pela Aleac em realizar a audiência. “A pandemia nos ensina que nós da política temos de estar unidos”, disse o gestor reclamando da dificuldade em alugar maquinário para mecanização da terra.


O deputado Roberto Duarte (MDB) disse que trata da questão em quatro pontos: trafegabilidade, mecanização, assistência técnica e regularização fundiária. “São os temas centrais desta audiência”, disse ele, baseando-se nos problemas que ouve na sociedade. Ele condena forma com que Ibama e Imac atuam nos ramais.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

O líder do governo na Aleac, deputado Pedro Longo (PV), fez a defesa do trabalho desenvolvido pela gestão estadual. Ele parabenizou o prefeito Zequinha, de Cruzeiro do Sul, afirmando que o tom do discurso dele trata da parceria, algo muito necessário para encontrar solução e conseguir resultados. “Tem gente que descobriu agora que a agricultura tem problema. Eu sei reconhecer o que vem sendo feito, como a recuperação da Emater, tirando ela da extinção. Falta quase tudo, saúde, internet, luz rural, mas temos de encontrar solução e não ficar no discurso”, disse. “A gente já sabe: mecanização, curso, alternativa de renda, cooperativismo, ramal… é isso que nós desejamos”, frisou Longo.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

O deputado Daniel Zen (PT) disse que se sente feliz pela Aleac deslocar-se para o Vale do Juruá com essa audiência e criticou duramente a falta de planejamento do Governo do Estado em relação à política agrícola. “Senão, fica todo mundo querendo apagar incêndio no bico do beija-flor. Quem dá a organização é o governo”. Segundo ele, o governo concede ao agronegócio tirando da agricultura familiar, e que é necessário investimento no gado como também na macaxeira. “É o jogo do ganha-ganha”.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

O vice-governador Major Rocha teve a oportunidade para falar e cumprimentou a Aleac pelo debate no Vale do Juruá. Para ele, o debate deveria ter ocorrido no início do governo de Gladson Cameli. “Lembro bem das muitas conversas com os produtores rurais, os quais manifestaram abandono e desalento. Estamos devendo e devendo muito. Fico triste vendo o Imac comemorar recordes de multas, sendo que a maioria não condições de pagar”, disse, elencando várias críticas à situação do produtor rural no Acre.


Fotos de Sérgio Vale/ac24horas 

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