O povo do Acre foi surpreendido com o escandaloso anúncio da alocação de uma emenda ao orçamento geral da União no valor de R$ 126 milhões, de autoria do todo poderoso relator senador Márcio Bittar.
É isso mesmo: R$ 126 milhões destinados para a Santa Casa de Misericórdia, entidade de natureza privada e que desde os tempos das freiras carmelitanas não atende em seus leitos uma demanda sequer originada do SUS.
Há tempos que os atendimentos feitos na Santa Casa somente são iniciados após o paciente “coçar” o bolso para pagar os valores cobrados.
À guisa de comparação, a fortuna de R$ 126 milhões seria suficiente para reformar e modernizar toda a rede básica do sistema público de saúde ou concluir, com boa sobra, o Instituto de Traumatologia do Acre.
No dia seguinte ao espantoso anúncio, a magnífica reitora da Universidade Federal do Acre, professora Guida Aquino, manifestou sua indignação revelando que o dono do orçamento nacional não consignou uma pataca para tirar o Hospital Universitário dos sonhos e do papel.
É redundante escrever que na UFAC funcionam as graduações em medicina, enfermagem e biologia, portanto, um hospital cuja utilidade seria dupla: atenderia a comunidade ao tempo da formação de seus futuros profissionais de saúde.
Apesar de muitos ficarem de queixo caído com a afronta do senador Bittar, essa atitude dele e outras não me causaram qualquer espanto.
Desde que abandonou os partidos socialistas e comunistas nos quais fez carreira política para se converter ao bolsonarismo de oportunidade, o parlamentar tem se revelado um aplicado discípulo do desmonte indiscriminado dos serviços públicos universais.
Para aqueles de memória fraca, lembremos: Márcio concentrou seus esforços para desvincular os recursos do SUS, sem ao menos considerar que estamos atravessando a maior crise sanitária mundial. Sob intensa pressão popular ele foi obrigado a recuar.
Em diversas entrevistas, Bittar tem revelado sua ojeriza à universidade pública e gratuita. Por sua vontade o ensino público superior seria pago.
Se não bastasse isso, mais uma: ainda este ano o sul-mato-grossense foi pego pela imprensa nacional com as calças nas mãos ao destinar emendas para o município de Gameleira ( GO) e para o estado do Ceará.
Sorte dele ter sido o depositário dos votos do ódio ao PT sem que o povo soubesse, previamente, suas verdadeiras intenções.
Em 2022 será a vez de sua ex-mulher, Márcia Espíndola, ser submetida ao voto eletrônico e auditável. Menos mal que ela já tenha declarado publicamente algumas de suas lutas a serem defendidas no Senado.
Quem optar em votar nela saberá, antecipadamente, que esta defende os mesmos ideais do ex: universidade pública com mensalidade, por exemplo.
Como conhecedor de Bittar desde os tempos que éramos filiados a partidos progressistas, posso afirmar que não estou surpreso com suas atitudes. Do mato dele não sairá nenhum coelho.
Certamente o Ministério Público Federal está de olho em tudo isso. Com mandato até 2027, o pior ainda estar por vir.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com