Foto: Sérgio Vale/ac24horas
A exemplo do ano passado, o Acre registra números altos de queimadas neste ano. Nas áreas naturais protegidas a situação não tem sido diferente. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que as Unidades de Conservação estaduais e federais no Acre registram mais de 1.000 focos de queimadas em 2021.
Entre o dia 1º de janeiro e esta terça-feira, 21 de setembro, foram contabilizados 1.118 focos de queimadas nas áreas de conservação localizadas no estado. A Reserva Extrativista Chico Mendes lidera esses números, com 707 focos no ano, o que corresponde a 63% do total entre todas as UC’s situadas no Acre.
O mês de setembro é disparadamente o pior na contabilidade dos focos de queimadas nas Unidades de Conservação no estado, em especial, na Resex Chico Mendes, onde dos 707 focos registrados no ano 519 foram apenas neste mês, número que corresponde a 75% do total detectado em todas as demais.
Em 2020, a Resex Chico Mendes também foi a campeã de fogo entre as UC’s da Amazônia. Foram 1.127 focos no ano – o que representou 23,7% do total. Essa grande quantidade de fogo está relacionada com a queima da floresta recém-derrubada ou a limpeza de pastagens para pecuária.
Foi também em 2020, a Resex passou a ser um dos principais centros exportadores de bezerros, novilhos e vacas do Acre para estados vizinhos. Com a escassez de bois em idade para abate provocada pela grande quantidade de vacas abatidas nos anos anteriores, bezerros e novilhos passaram a ter alto valor no mercado da pecuária.
Um bezerro que podia ser comprado no Acre por R$ 800 até a primeira metade do ano passado, hoje não sai por menos de R$ 2 mil. Essa valorização tem ocasionado a ampliação de áreas de pastagem para mais rebanhos. Para se ter mais boi pastando é preciso abrir novas áreas, o que, na prática, significa desmatamento e, consequentemente, mais queimadas.
Em todo o Acre, foram registrados mais de 6.805 focos em 2021. Os municípios de Feijó e Tarauacá foram os que apresentaram o maior número de queimadas acumuladas em 2021 no estado, com 1.441 e 944 focos, respectivamente. Plácido de Castro e Epitaciolândia estão na ponta oposta do ranking, com 20 e 49 focos, respectivamente.
Os dados do Inpe também mostram que o número de queimadas este ano no Acre é o maior dos últimos 16 anos, no intervalo de 1º de janeiro a 21 de setembro. Em julho passado, o estado foi incluído no Plano Estratégico para o Combate a Incêndios Florestais do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Com base na série histórica do Inpe, que começa no ano de 1998, apenas em 2005, quando ocorreu o maior desastre ambiental do estado, com milhares de hectares de floresta queimados na Resex Chico Mendes, o Acre teve mais focos de queimadas do que em 2021, nesse período.
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