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Sena Madureira e Feijó são os maiores desmatadores do Acre

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O total de florestas derrubadas no Acre no mês de agosto foi de 236 km². O resultado colocou o estado pela primeira vez no ano no terceiro lugar do ranking dos estados desmatadores, segundo reportagem de Cristiane Prizibisczki para o portal O Eco.


Esse desmatamento, segundo o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), se concentra em Sena Madureira e Feijó, que acumularam 40% da área desmatada no estado para o mês.

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Duas das 10 unidades de conservação com maiores áreas destruídas em agosto também estão no Acre: as reservas extrativistas Chico Mendes e Cazumbá-Iracema.


“Quando analisamos o mapa de perda de floresta na Amazônia, notamos uma intensidade muito alta de ocorrências de alertas no Acre, especialmente na divisa com os estados do Amazonas e de Rondônia. Isso indica a possibilidade de a região estar sendo alvo do avanço da fronteira do desmatamento, que está mais evidente no sul do Amazonas”, explica o pesquisador Antônio Fonseca.


A explicação de Fonseca coincide com o que disse em agosto passado ao ac24horas a pesquisadora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Sonaira Souza. Segundo ela, a região mais central do estado, ao longo da BR-364, passou a ser alvo de forte ocupação agrícola a partir do melhoramento da rodovia federal.


“Aquela área era um grande vazio de ocupação agrícola até por volta de 2016 devido às condições da rodovia federal. Então, depois que começou a abrir, foram chegando pessoas de fora do estado, principalmente de Rondônia, Mato Grosso e de outras regiões, que vêm em busca de terras baratas”, disse.


A pesquisadora também afirmou que a ocupação naquela região ocorre sem fiscalização e sem ter uma política forte de incentivo a produções mais sustentáveis, proporcionando uma ocupação que é feita com base em desmatamento e queimada, maneira como têm se constituído muitas grandes fazendas naquela região.


De acordo com os dados do DETER, levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, feito pelo INPE, os maiores polígonos de desmatamento no Acre estão nesta mesma região, com áreas de cerca de 200 a 600 hectares de uma única vez.


Os dados sobre o desmatamento na região mostram que a ocupação que ocorre ali não é apenas de pequenos produtores, mas também de médios e grandes. Sonaira também explicou como esse processo de instalação de pessoas que vêm de fora ocorre de maneira mais fácil que em outros pontos do estado.


“Ali é uma área que tem muito vazio fundiário, muitos antigos seringais, muitas terras não destinadas, poucos projetos de assentamento e poucas unidades de conservação, nesse eixo, o que acarreta que a ocupação agrícola é mais facilitada do que na região leste do estado”, esclareceu.


Os especialistas apontam que é prioritário que o governo avance com os processos de destinação de terras públicas, com a criação de unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas, nas áreas ainda sem destinação fundiária. Outra medida seria barrar projetos de lei que flexibilizam regras para regularização, que retiram direitos dos povos indígenas e reduzem áreas protegidas.


Desmatamento em agosto na Amazônia

Foram 7.715 km² de desmatamento na Amazônia entre janeiro e agosto de 2021, valor que equivale a cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo e representa aumento de 48% em relação ao mesmo período de 2020.O dado representa também o pior índice da década.

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Considerando-se apenas os dados de agosto, o desmatamento chegou a 1.606 km², uma área equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte (MG). O mês é o quinto do ano que registra os piores índices desde 2012.


Os números referentes a outros meses do ano denunciam que as medidas do governo para conter o desmatamento não estão sendo eficazes. Março, abril, maio e julho também tiveram a maior área de floresta destruída dos últimos 10 anos.


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