Por Adriano Magalhães
Bastardos Inglórios é um filme teuto-americano de 2009, dirigido por Quentin Tarantino e estrelado por Brad Pitt, Christoph Waltz, Mélanie Laurent e Diane Kruger. O filme conta a história de dois planos para assassinar os líderes políticos da Alemanha nazista, um planejado por uma jovem francesa judia proprietária de cinema (Laurent), e o outro por um grupo de soldados judeus aliados liderados pelo tenente Aldo Raine (Pitt).
E daí, o que tem isto a ver com o Bolsonarismo?
Vamos lá. No filme, a horda liderada pelo tenente Aldo Raine tem como missão matar nazistas e, em alguns casos, marcá-los como se marca gado, sem trocadilhos (risos).
Quando a 2ª guerra acabou, os nazistas faziam de tudo para esconder o que foram e passar despercebidos na sociedade, nem sempre deu certo. Na trama do cinema, os Bastardos marcavam aqueles que não eram assassinados com uma suástica na testa, “esculpida” por uma faca, para que nunca conseguissem negar o que foram.
Na vida real, nos dias atuais, as redes sociais deram vida a uma legião anônimos digitais. Todos têm uma opinião a dar, uma posição a defender sem guardar nenhuma conexão com a verdade.
Com a eleição de Jair Bolsonaro a presidente do Brasil, nasceu o chamado Bolsonarismo. Governo que ao longo do tempo foi se mostrando ultradireitista, reacionário e obtuso. Governo este evidenciou que parcela significativa da sociedade brasileira (de 20 a 30% dos eleitores) nutre este pensamento político dentro de si. Pessoas de diversas matizes: pobres, classe média, ricos, super ricos, negros, gays e mulheres, manifestam concordar com o estilo truculento e supostamente “antissistema” do presidente Bolsonaro. Este pensamento deturpado independe de classe social, econômica, religiosa, raça, cor ou gênero. Este sentimento de ódio, vontade de esfolar quem pensa contrário, de romper com todo Estado Democrático de Direito está dentro das pessoas por diversos motivos.
Eu mesmo, que combati os desmandos do PT durante anos, postura que me custou algumas inimizades e perseguições no ambiente de trabalho, de repente, ao criticar o Bolsonarismo, virei “esquerdopata”. Vejam só!
De outro lado, a esmagadora maioria dessa gente viveu em absoluto ostracismo durante os governos supostamente de esquerda no Brasil, Lula e Dilma, não dava um pio, caladinha. Agora, empoderados nas redes sociais, destilam um ódio à esquerda, ao “comunismo” e ao Poder Judiciário (STF). Aqui abro um parêntese: me digam onde os governos do PT foram de esquerda? Governos em que os bancos mais lucraram? Governos que fizeram duas reformas da Previdência? Sem olvidar que o vice de Lula foi um dos maiores empresários do país, José Alencar. E que Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central por 8 anos?
Essa parcela da população brasileira, que defende a volta do AI-5, fechamento do STF, volta da ditadura, que defende homofobia, racista etc, não poderá se esconder quando essa “guerra” acabar. Todos mostraram suas caras, quer seja nas redes sociais, quer seja em manifestações nas ruas defendendo suas posições nazifascistas.
Como no filme, na vida real, essas pessoas estarão marcadas nas suas testas o que defenderam e, apesar de materialmente invisível, a marca não poderá ser apagada da memória, tampouco da consciência.
As postagens podem ser apagadas, mas os “prints” são eternos!
Adriano Magalhães é contador, advogado e auditor fiscal
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