O ex-presidente Lula (PT) afirmou ter duas posições quando se trata de aborto. Pessoalmente, o petista disse ser contra, mas “como chefe de Estado” ele acredita se tratar de uma questão de saúde pública e um direito da mulher.
Em entrevista ao podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown, o ex-presidente falou que quando se está governando um país a opinião individual não deveria importar. “Sou católico como ser humano, mas quando você vira chefe de Estado tem que ser todas as religiões. Você não tem que ter preferência enquanto chefe de Estado. É como o aborto”, afirmou.
“Não tenho vergonha de dizer que eu, Lula, pai de 5 filhos, sou contra o aborto. Mas, enquanto chefe de Estado, tenho que tratar o assunto como saúde pública”, explicou. Para ele, o assunto “é um direito da mulher” e, por isso, é preciso garantir o acesso, a segurança e a dignidade pelo sistema de saúde no Brasil.
A interrupção da gravidez no Brasil é permitida apenas em casos específicos, como risco à saúde da mãe, em casos de feto anencéfalo (problemas no desenvolvimento do crânio ou cérebro) ou quando a gestação é fruto de um abuso sexual. Recentemente, a Argentina e o México descriminalizaram o ato e tratam a questão em termos de saúde pública.
Lula disse que a maior inserção das mulheres na política é algo positivo, mas ressaltou o trabalho a ser feito. “A coisa está avançando, mas ainda é difícil mexer com a cultura. Qual era a cultura? Posso falar porque tenho mais idade, a minha cultura antes do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) era a machista, de peão de fábrica”, lembrou.
Segundo o ex-presidente, a filiação fez com que ele e a então esposa, Marisa Letícia, aprendessem sobre outros temas. “A formação política faz as pessoas crescerem”, disse.
Nesse sentido, outro aspecto positivo que Lula tem observado é a maior politização das pessoas, especialmente das gerações mais novas, que vêm mais preparadas para discutir pautas políticas.