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“Moveleiros não têm como colocar pão na mesa”, diz trabalhador

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Raimari Cardoso

No último dia 18 de agosto, o ICMBio e a Polícia Federal realizaram uma fiscalização Polo Moveleiro de Brasiléia que resultou na prisão de 11 marceneiros e na apreensão de 190m³ de madeira ilegal no interior dos galpões. O fato chamou a atenção para um problema crônico do setor que se arrasta há anos sem que se chegue a uma solução por parte do Governo do Estado.


Quando os marceneiros foram levados para os galpões cedidos pelo governo do Estado, a partir de 2013, como resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público, para que as marcenarias fossem tirados da informalidade, a ideia era a de que eles tivessem acesso à madeira extraída pelos Planos de Manejo Florestal Madeireiro.


Esse acesso à madeira de qualidade e a preço acessível se daria por meio da então Fábrica de Pisos, concebida para absorver a produção do manejo florestal, mas essa intenção se perdeu com a privatização do empreendimento público, que ocorreu após o objetivo governamental fracassar. O resultado foi que os moveleiros foram abandonados à própria sorte.


Sem o acesso à matéria-prima, os moveleiros se viram obrigados a lançar mão da madeira sem procedência, que chega em forma de blocos, cerrada nas matas, de maneira ilegal, e fornecida às marcenarias, em uma prática que resultou, no último dia 18 de agosto, na prisão dos 11 marceneiros e na apreensão de madeira sem o Documento de origem Florestal (DOF).


Diante da situação, o empresário Aldenor Ferreira, dono de uma das marcenarias estabelecidas no Parque Industrial de Xapuri, como é chamado o lugar onde estão os galpões, afirma que sem o acesso à madeira muitos profissionais estão sem ter como “colocar o pão na mesa”. Apenas no município, são cerca de 10 marceneiros que geram aproximadamente 20 empregos diretos.



Segundo ele, os profissionais estão sendo tratados como criminosos por buscar alternativas para continuar produzindo e garantindo o sustento de suas famílias. Ele afirma que o Governo do Estado precisa encontrar uma solução para essa situação, pois a informação de que dispõem é a de que não há de onde se tirar madeira.


“O único encaminhamento que temos até agora é o de que na próxima quarta-feira (8/9) os moveleiros de Xapuri, Epitaciolândia e Brasiléia devem se dirigir à Fábrica de Pisos para discutir sobre essa questão do acesso à madeira porque o pessoal está sem nada para trabalhar, sem dinheiro e sem ter como colocar o pão na mesa, e com a Polícia Federal na porta”, disse.


Aldenor se refere a um encaminhamento que saiu de uma reunião ocorrida na semana passada, quando o Governo do Estado por meio da Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), conversou com representantes da categoria dos moveleiros da regional do Alto Acre e apresentou propostas de apoio para viabilizar o trabalho e a produção do setor.


Na reunião, que aconteceu no Polo Moveleiro de Epitaciolândia, estiveram presentes representantes do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), da Agência de Negócios do Estado do Acre (Anac), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), além de autoridades locais, como o prefeito de Epitaciolândia, Sérgio Lopes, e da deputada federal Wanda Milani.


“Nosso objetivo é garantir o movimento e expansão do setor de forma segura e dentro da lei, proporcionando o aquecimento do mercado e mais segurança para eles a partir dessa adesão às normas legais”, disse durante o encontro o secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, Anderson Lima.


Na ocasião, os moveleiros receberam documentação referente às licenças ambientais para que os trabalhadores do setor atuem dentro da legalidade em seus galpões, segundo informou a Agência de Notícias do Acre.


No entanto, o maior problema para que os profissionais do setor trabalhem com tranquilidade ainda não tem uma solução definida: o acesso a matéria-prima para a fabricação de móveis, pois toda a madeira que hoje é extraída dos Planos de Manejo é exportada e o que sobra tem baixa qualidade e custo inviável para as marcenarias.


Nesta reunião, porém, esteve presente o empresário Alisson Cerqueira, diretor-administrativo do empreendimento que já foi a Fábrica de Pisos de Xapuri e que hoje está na mão da iniciativa privada com o nome de Agouti. A intenção é chegar a um acordo com a empresa que garanta o fornecimento a um preço acessível à madeira que os moveleiros precisam para a produção de móveis, portas e esquadrias.


“O governo do Estado vem trabalhando de maneira incessante, por meio da Seict e do próprio Imac, que é o órgão licenciador e fiscalizador, para que esses problemas sejam resolvidos”, disse André Hassem, presidente do órgão ambiental estadual quando consultado sobre o assunto.


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