Na quinta-feira, 26/8, o Ministério da Economia, através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego – CAGED, divulgou dados muito importantes para a geração de empregos com carteira assinada no Acre. A publicação indica que o saldo do emprego formal para o mês de julho de 2021, no Acre, foi de 806 vagas e no ano (janeiro a julho de 2021) o saldo positivo já atingiu 5.647 vagas.
Por outro lado, foi divulgada na terça-feira, dia 31/8, pelo IBGE, os dados sobre a força de trabalho de todos os Estados da federação brasileira, através da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral, referente ao segundo trimestre de 2021. A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios brasileiros. Nosso objetivo de hoje é comentar o resultado da Pnad para o Acre. Observando que existe uma diferença metodológica entre os dados do CAGED com os do IBGE.
O IBGE considera o desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados. Os dados apresentados pelo Ministério da Economia, com base no CAGED, são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada. Vamos aos resultados do IBGE para o segundo trimestre de 2021.
A taxa de desemprego no Acre caiu para 15,9% no segundo trimestre, uma redução de 0,9 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre (16,8%). Na comparação com o período de abril a junho do ano passado, houve alta de 1,7 ponto percentual (14,2%). Apesar da diminuição na taxa, o estado ainda soma 62 mil pessoas na fila em busca de um trabalho. O número representa estabilidade em relação ao primeiro trimestre do ano (61 mil pessoas), mas aumentou 29,2% (mais 14 mil pessoas) na comparação com o segundo trimestre de 2020 (48 mil pessoas).
De acordo com o IBGE, a queda na taxa de desemprego foi influenciada pelo aumento no número de pessoas ocupadas (325 mil), que avançou 7,9%, com mais 24 mil no período em relação ao trimestre anterior. Com isso, o nível de ocupação subiu 2,4 pontos percentuais para 46,4%, o que indica, contudo, que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no estado.
Os trabalhadores informais, que incluem aqueles sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração, somaram 159 mil pessoas e uma taxa de 48,9%. No Brasil essa taxa é de 40,6%. No trimestre anterior, a taxa foi de 46,5%, com 140 mil informais. Há um ano esse contingente era também de 140 mil e uma taxa de 48,3%.
No caso dos desalentados (45 mil), pessoas que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, houve redução de 16,8% em relação ao primeiro trimestre. Mas esse contingente permanece estável na comparação com o segundo trimestre de 2020 (46 mil).
O destaque no aumento da ocupação foi o trabalho por conta própria, que atingiu o patamar recorde de 102 mil pessoas, um crescimento de 8,7% na comparação com o trimestre anterior. Em um ano, o contingente avançou 15 mil, alta de 16,3%. Inclusive, no trimestre, 92,2% dos trabalhadores por conta própria estão no setor informal, ou seja, não possuem CNPJ.
O aumento da ocupação no segundo trimestre foi gerado, principalmente, por atividades relacionadas aos Serviços domésticos (46,5%), Indústria Geral (37,8%), Construção (26,5%), Serviços de Transporte, armazenagem e correio 23%, outros serviços (12,1%), alojamento e alimentação (9,1%), construção (5,7%), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (8,3%) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços pessoais (5,7%).
O trabalho doméstico (21 mil) teve variação significativa frente ao primeiro trimestre do ano (31,3%) e em relação ao segundo trimestre de 2020 (23,5%). A categoria dos empregadores (14 mil) aumentou 55,6% nas duas comparações. Já o setor público (77 mil) registrou um leve aumento de 5,5% (mais 4 mil pessoas) em relação ao trimestre passado.
A PNAD mostra ainda que os trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas —aqueles que trabalham menos horas do que poderiam trabalhar— chegou a um número recorde de 29 mil pessoas, um aumento de 23,3%, com mais 5 mil pessoas. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o indicador subiu 176,5%, quando havia no estado somente 11 mil pessoas subocupadas.
O contingente de pessoas subutilizadas —aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial— foi de 173 mil, um aumento de 1,2% em relação ao primeiro trimestre (171 mil). A taxa composta de subutilização foi de 37%, enquanto no Brasil a taxa ficou em 28,6%.
Mesmo com a redução na taxa de desemprego e o bom resultados para a geração dos empregos com carteira assinada, indicados pelos dados do CAGED, continuamos com uma alta taxa de desemprego e uma preocupante alta da inflação. É bom lembrar que o ritmo de recuperação dos postos de trabalho depende diretamente de quanto o país e o estado irão crescer este ano e nos próximos. Vamos esperar mais investimentos públicos e que os avanços na vacinação tragam alguma esperança para a recuperação do mercado de trabalho.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas
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