Por 14 a 2, a Câmara de Rio Branco rejeitou nesta semana a denúncia que poderia levar ao processo de impeachment do prefeito Tião Bocalom (Progressistas), protocolado pela advogada Joana D’arc Valente Santana que apontava para suposto crime político-administrativo com parecer emitido pela Procuradoria-Geral do parlamento, afirmando que o pedido atendia aos requisitos formais. Bocalom era acusado de proteger o secretário Frank Lima das acusações de assédio sexual, principalmente após demitir a Corregedora-Geral do município, Janice Ribeiro, responsável por instaurar o Processo Administrativo Disciplinar contra o gestor da saúde.
A denuncia tinha como fio condutor o fato de Bocalom afirmar a imprensa que demitiu a corregedora por ela não ter arquivado o procedimento após parecer da Procuradoria-Geral do Município alegar que cargo de confiança não deveria ser alvo de investigação como se fosse um servidor efetivo.
Da semana passada, dia em que o pedido foi protocolado na casa, até momentos antes da votação, o movimento de interlocutores da Prefeitura de Rio Branco representando Bocalom foi intenso. Tirando os vereadores Michelle Melo (PDT) e Emerson Jarude (MDB), todos os demais tiveram conversas particulares com assessores do executivo municipal. O intuito do diálogo era uma recomposição com o parlamento que estava abandonado por Bocalom, cuja centenas de demandas não eram atendidas pelo gestor. A promessa dos interlocutores é que a partir de setembro a forma de trabalho iria mudar, mas alguns parlamentares pediram um sinal: cargos.
Com a votação se aproximando, secretários próximos a Bocalom resolveram manobrar e encaixar os indicados em dois lugares que não chamassem tanta atenção do público e não passasse pelo Diário Oficial: A Empresa Municipal Urbanização de Rio Branco e uma empresa terceirizada de grande porte que presta serviços ao município.
Informes apurado pelo ac24horas apontam que nos últimos dias dezenas de pessoas chegaram na Emurb para trabalhar sob o manto da indicação de vereadores. Eram tantas pessoas que três trabalhadores da Emurb chegaram a ser demitidos para abrir vagas para encaixar as indicações.
A reportagem procurou José Assis Benvindo, diretor-presidente da Emurb, que negou que as contratações tenham sido ligadas a vereadores. “Não, não é verdade, as nomeações são feitas por necessidade de melhoria na administração da empresa, hoje temos contrato de manutenção nas vias urbanas nos níveis de drenagem, execução e recuperação de pavimento e demais atividades nesta linha. Temos contrato com a recuperação e abertura de tais de toda malha viária do município, para tanto preciso de uma equipe de colaboradores comprometidos.
Quanto a demitir alguém para criar espaço te garanto que não temos essa necessidade e nem seria mal caráter a ponto de fazer isso. Os funcionários desligados, foi motivado por não se enquadrarem na linha de trabalho da nova gestão da Emurb, uma empresa”, disse.
A reportagem foi informado que o Ministério Público deve notificar nós próximos dias a Emurb e empresas terceirizadas para que entreguem a lista de contratação e demissão dos últimos 45 dias. Com relação a isso, o gestor da Emurb afirmou que a empresa está de portas abertas para qualquer fiscalização.
Nas gestões do PT, a Emurb ficou conhecida do grande público por ser uma espécie de cabide de empregos, onde os administradores da época contratavam pessoas e muito deles não trabalhavam. A empresa também foi alvo de várias operações, batizada de Modas, patrocinadas pelo MP que investigava desvio de recursos públicos e o que gerou mais de 16 denuncias contra os dois ex-gestores.