O Amazonas confirmou mais 11 casos de rabdomiólise, nesta segunda-feira (30), e chegou ao total de 44 casos confirmados. A síndrome está associada à Doença de Haff, conhecida como “doença da urina preta”.
De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Itacoatiara registra a maioria dos casos (34), e uma mulher de 51 anos morreu com a doença na cidade.
Também há quatro casos em Silves, dois em Manaus, dois em Parintins, um em Caapiranga e um em Autazes.
Nesta segunda-feira (30), seguem internadas 10 pessoas, todas de Itacoatiara (10 adultos). Os demais pacientes receberam alta hospitalar.
De acordo com o infectologista Antônio Magela, da Fundação de Medicina Tropical (FMT), este é o terceiro surto da condição no Amazonas.
Nesta segunda-feira, o infectologista da FMT, Antônio Magela, informou que não há indicação para a suspensão do consumo de peixes no Amazonas, por causa dos casos de rabdomiólise em investigação.
Os pacientes relatam que consumiram peixes antes de apresentarem sintomas, mas a contaminação do pescado ainda não foi confirmada.
O infectologista da FMT explica que a síndrome de rabdomiólise é uma condição caracterizada por lesão muscular aguda. Quando relacionada à ingestão de peixes, ela é chamada de Doença de Haff.
“O importante é entender que se formos comparar o nível de consumo de peixe com o número de casos, a gente vê que é uma relação mínima, porém, não menos preocupante. Qualquer situação que coloque em risco a saúde das pessoas deve ser avaliada com cuidado, as pessoas devem ser tratadas da maneira mais adequada possível e temos que ter preocupação também com o aspecto econômico e nutricional”, disse o infectologista.
Segundo a FVS, a rabdomiólise pode ser desencadeada por múltiplas causas. Pode ser por um medicamento, por um metal pesado, uma atividade física extenuante, após convulsões ou pela ingesta de toxinas.
O médico afirma que uma característica comum das pessoas com a condição é que desenvolveram um quadro que iniciou com dores de cabeça e musculares.
“São dores nos grupos musculares que nós temos controle sobre eles, que nós chamamos de musculatura esquelética. A isso se associa fraqueza e dificuldade nos movimentos. Nós sabemos que nesta situação, havendo a ingesta prévia de peixe, a equipe de saúde já está ciente que está ocorrendo isso, e lança mão de alguns exames de laboratório, que podem confirmar ou descartar essa possibilidade. No caso de confirmação, se encaminha a pessoa para o tratamento adequado”, explica o infectologista.
O tratamento depende da gravidade do caso, pode ser feito em internação hospitalar ou no domicílio do paciente. Qualquer unidade hospitalar do estado pode tratar pacientes com essa condição.
Apesar de poucos casos agravarem, Antonio Magela destaca que há essa possibilidade.
“O grande risco é que estamos falando de uma condição que é ocasionada por destruição muscular. Tanto a destruição de musculatura de caixa torácica, abdominal, membros, mas nós podemos falar também em musculatura cardíaca, além da toxicidade para o rim, fazendo com que o paciente possa evoluir para insuficiência renal”, disse.
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