Os bancos estão num forte embate com o Banco Central para que sejam impostos alguns limites nas movimentações pelo PIX. A justificativa é de que o revolucionário instrumento financeiro se transformou em uma importante arma para o crime organizado, estimulando roubos e sequestros-relâmpagos.
No entender das instituições financeiras, em vez de os limites para transferências serem totalmente liberados — na hora do assalto, o ladrão pode obrigar a vítima a ampliar os valores de movimentação —, seria importante colocar uma trava. Esses limites teriam de ser negociados diretamente com os bancos.
Outra proposição do sistema financeiro é que o PIX não fique visível quando o cliente acessar a conta-corrente. Hoje, mesmo as pessoas que não aderiram o PIX tem o serviço disponível para ser usado a qualquer momento. Portanto, num sequestro-relâmpago, pode ser usado livremente, basta que a vítima registre uma chave com seus dados.
“O PIX é um sucesso pela praticidade, mas o seu figurino liberou-geral tem gerado também crescente preocupação entre as autoridades de segurança, os bancos e os clientes, o que tem levado a uma série de reuniões entre as instituições financeiras”, diz um executivo de um grande banco.
Ele ressalta que, pelas determinações do Banco Central, os bancos não podem negociar os limites operacionais com os usuários. “A flexibilização chega ao ponto de permitir que o cliente possa ampliar o limite de transferência no momento da operação, fato amplamente conhecido, inclusive dos bandidos”, acrescenta.
O mesmo executivo destaca, ainda, que os bancos têm pedido a compreensão do BC para medidas de contenção e prudência para evitar dor de cabeça. “O objetivo é preservar o PIX e consolidá-lo como um instrumento seguro. Sem resposta do BC, o sistema continuará frágil e vulnerável para a festa dos criminosos”, frisa.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o delegado Tarcio Severo, da divisão antissequestro do Departamento de operações Especiais da Polícia de São Paulo (Dope-SP), disse que “o PIX é uma ferramenta ótima para o mercado, mas, para a atividade ilícita, é uma arma”.
O delegado Gilberto Tadeu Barreto, também à Folha, acrescenta: “O PIX é uma tecnologia fantástica, mas está sendo usado de forma totalmente indevida. Foi um mecanismo que os criminosos aprenderam a usar de forma muito rápida”.
Correio Braziliense
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