Pesquisadores britânicos vão testar pela primeira vez em pacientes se a aspirina pode ajudar a combater o câncer de mama agressivo, tornando os tumores difíceis de tratar mais responsivos a medicamentos contra o câncer.
O teste clínico, realizado em mulheres com câncer de mama triplo-negativo, está sendo conduzido por uma equipe da Christie NHS Foundation Trust, em Manchester, no Reino Unido.
Os médicos suspeitam que são as propriedades anti-inflamatórias da aspirina, e não seu efeito analgésico, que auxiliam no tratamento.
Os estudos em animais já mostraram resultados encorajadores.
MULHERES MAIS JOVENS
Há algumas evidências de que a aspirina pode ajudar a prevenir alguns outros tipos de câncer e diminuir o risco de propagação da doença.
Mas é muito cedo para recomendar que as pessoas comecem a tomar o medicamento. Mais pesquisas a respeito são necessárias.
Cerca de oito mil mulheres são diagnosticadas com câncer de mama triplo-negativo no Reino Unido a cada ano — um tipo de câncer de mama menos comum, mas geralmente mais agressivo, que afeta desproporcionalmente mulheres mais jovens e negras.
Esses tumores não possuem os receptores que alguns outros cânceres de mama têm, o que significa que certos tratamentos, como o herceptin, não vão funcionar. Embora outros medicamentos e tratamentos possam ajudar
‘PARTICULARMENTE EXTENUANTE’
No teste, financiado por um programa de pesquisa administrado pela instituição Breast Cancer Now, algumas pacientes vão tomar aspirina, assim como o medicamento avelumabe de imunoterapia, antes de serem submetidas à cirurgia e quimioterapia.
Se o teste for bem-sucedido, pode haver mais ensaios clínicos com aspirina e avelumabe para combater o câncer de mama triplo-negativo secundário, incurável — quando as células cancerosas que começaram na mama se espalham para outras partes do corpo.
Beth Bramall, de 44 anos, de Hampshire, na Inglaterra, foi diagnosticada com câncer de mama triplo-negativo em 2019.
“Não há câncer fácil, mas o triplo negativo é particularmente extenuante, com poucas opções de tratamento e um plano de tratamento longo e debilitante”, diz ela.
“Fiquei devastada, com efeitos colaterais como perda de cabelo, náuseas, dores nas articulações e músculos, diarreia e constipação, queimação nas palmas das mãos e nos pés, enxaquecas, suores noturnos e fadiga como eu nunca tinha sentido antes.”
“Fui abençoada por ter tido uma resposta patológica completa ao tratamento.”
“Mas foram os 18 meses mais difíceis para mim e minha família.”
“E tenho mais dois anos de tratamentos e exames pela frente.”
NOVA OPÇÃO
“Nem todos os cânceres de mama respondem bem à imunoterapia”, diz a pesquisadora Anne Armstrong, líder do estudo.
“Testar o uso de uma droga como a aspirina é empolgante porque ela está amplamente disponível e é barata de produzir.”
“Esperamos que nosso estudo mostre que, quando combinada com a imunoterapia, a aspirina pode aumentar seus efeitos e, em última análise, fornecer uma nova maneira segura de tratar o câncer de mama.”
Rebecca Lee, que também participou da pesquisa, disse que as descobertas em laboratório sugeriram que a aspirina pode tornar certos tipos de imunoterapia mais eficazes, evitando que o câncer produza substâncias que enfraquecem a resposta imunológica.
“Esperamos que a aspirina possa atenuar a inflamação ruim para que o sistema imunológico possa prosseguir com o trabalho de matar as células cancerosas”, afirma.
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