A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) registrou queda de 1,98% em julho no recebimento de cacau dos Estados produtores. Contudo, em entrevista exclusiva ao ac24horas, a diretora-executiva da AIPC, Anna Paula Losi, disse que as perdas não estão relacionadas à emergência fitossanitária imposta ao Estado -junto com Rondônia e Amazonas -por causa do foco de monolíase detectado em Cruzeiro do Sul.
“O bloqueio fitossanitário ao Acre por conta do primeiro caso de monilíase, em julho, não teve efeito sobre os recebimentos de cacau das indústrias. Isso porque o volume de cacau oriundo não só do Acre, mas também de Amazonas e Rondônia, ainda é pequeno diante do total recebido pelas associadas da AIPC”, disse Anna Paula.
Com a queda no recebimento nacional, a indústria precisou elevar as importações de amêndoas para atender os clientes estrangeiros. As compras de cacau no exterior em julho chegaram a 2.002 toneladas, somando no ano um total de 40.007 toneladas, uma alta de 73,76% em relação às 23.023 toneladas obtidas no mesmo período do ano passado. No entanto, ao analisar os dados, é preciso levar em conta que em 2020 não só o setor cacaueiro, mas a economia global, sofreu fortes impactos com a pandemia da Covid-19, que causou fechamentos do comércio e resultou em grande retração no consumo, especialmente em bares e restaurantes.
Como as importações de cacau têm como objetivo atender à venda de derivados no mercado externo, as amêndoas são importadas pelo regime de drawback, o qual possibilita a importação de insumos industriais com suspensão de tributos para que a indústria nacional seja mais competitiva no mercado internacional e não exporte tributos.
Essa queda na produção de amêndoas na Bahia e no Pará se deve principalmente às oscilações climáticas que afetaram o desempenho da safra principal, que terminou em abril. A safra temporã, que teve início em maio, apresentava perspectivas melhores, mas ao analisar os dados já é possível notar que os números deverão ficar aquém do esperado. “Além disso, no mês de julho o setor entrou em alerta por causa da monilíase, doença que ataca os pés de cacau e que já vem gerando prejuízos aos produtores em outros países”, diz a AIPC, em texto publicado em seu portal.
No Brasil, lembra a associação, até o momento, houve a notificação de apenas um caso no Acre, em área urbana, monitorado pelas autoridades sanitárias locais e nacionais, que já editaram diversas medidas de contingenciamento. Com o intuito de levar informações e dicas de cuidados para os produtores, a AIPC lançou no início de agosto um podcast com dicas e orientações sobre a prevenção da doença e o link das cartilhas e materiais oficiais do Ministério da Agricultura e da Ceplac para auxiliar os produtores.