A Argentina derrotou o Brasil por 1 a 0, hoje (10), no Maracanã, e foi campeã da Copa América. O gol foi marcado por Ángel Di Maria aos 21 minutos do primeiro tempo, em falha de Renan Lodi. Foi o primeiro título relevante do astro Lionel Messi pela equipe principal de seu país, um feito perseguido há muito tempo.
A seleção brasileira não sofria uma derrota desde novembro de 2019, quando perdeu justamente para os argentinos em um amistoso na Arábia Saudita – foram 603 dias e 13 dias de espera. Em jogos oficiais, os números são ainda maiores e remontam para julho do ano anterior, na fatídica Copa do Mundo, contra a Bélgica. Outro dado que reforça o tamanho da vitória dos argentinos é que o Brasil não perdia em casa desde 2014.
O próximo compromisso das seleções sul-americanas será na semana do dia 2 de setembro, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar. Será uma rodada tripla, e provavelmente Brasil e Argentina se enfrentarão outra vez.
Escalado mais uma vez como falso 9, mas com liberdade para flutuar dos dois lados e buscar a bola no meio-campo, Neymar foi o jogador mais criativo da seleção brasileira no Maracanã. Empilhou dribles e movimentações que deram vantagem ao ataque, mas o desempenho irregular dos companheiros de ataque atrapalhou. Encerra a Copa América como o maior nome do Brasil, mas não o suficiente para ser campeão.
Brasil foi melhor sem Fred
Fred foi o jogador da posição que melhor aproveitou as chances ao longo da Copa América, mas teve um primeiro tempo fraco na final. Ele tomou cartão amarelo logo no segundo minuto de bola rolando por uma entrada em Montiel e precisou se segurar na marcação, tanto é que não venceu duelos pessoais ao longo do tempo em que esteve em campo. Na frente, foi bem marcado e não contribuiu nem no 4-3-3, nem no 4-2-4. Saiu no intervalo e foi justamente quando o Brasil começou a criar as melhores chances. É hora de repensar a titularidade no ciclo de 2022?
Brasil pressiona, Argentina controla
Escalado da mesma forma que na semifinal, o Brasil também começou com o mesmo sistema de jogo: Paquetá na armação com apoio de Cebolinha aberto pela direita, Richarlison do lado esquerdo e abrindo corredor para Renan Lodi e Neymar como um falso 9 livre para recuar e armar o time. O início até que foi bom, a melhor chance foi numa bola longa que Richarlison recebeu e desviou para Neymar, que foi travado. Era um jogo promissor, até a Argentina abrir o placar no seu primeiro ataque, com bobeada de Renan Lodi e categoria de Di Maria.
O Brasil passou os minutos seguintes tentando pressionar com uma posse de bola lenta até Tite decidir mudar o 4-3-3 para um 4-2-4, com Paquetá e Cebolinha nas pontas e Neymar e Richarlison por dentro. O volume e fluidez melhoraram, mas aí entrou o controle argentino, com marcação firme, inteligência na ocupação de espaços e na hora de desacelerar o Brasil e algumas esticadas para levar perigo. Apesar de tudo, o que resume é o primeiro tempo é que sem falhas individuais o placar seria 0 x 0.
Com Roberto Firmino no lugar de Fred, o Brasil se lançou para o ataque na etapa complementar. Teve um gol anulado logo no começo, em jogada de Paquetá e Richarlison, e uma boa chance logo depois, quando Neymar carregou a bola e passou para Richarlison obrigar Martinez a uma defesaça. Depois Tite veio com Vini Jr e Gabigol, enquanto Scaloni afundou o time na defesa com as entradas de Guido Rodríguez e Tagliafico. Era ataque contra defesa, mas a Argentina soube controlar, fazer cera, empilhar cartões amarelos e faltas e saiu do Maracanã campeã.
O gol que definiu o jogo
Di Maria balançou as redes aos 21 minutos do primeiro tempo na primeira finalização da Argentina. Rodrigo De Paul fez um lançamento para o camisa 11 em posição duvidosa, mas Renan Lodi não conseguiu o domínio e falhou feio, deixando o atacante livre. Na saída de Ederson, Di Maria deu um toque por cobertura para marcar um lindo gol.
Público de 5,5 mil pessoas
Foram distribuídos mais de 5 mil convites para a final no Maracanã, o que proporcionou um clima inédito até então na Copa América. Brasileiros ocuparam a Tribuna Norte e parte da Oeste e os argentinos estiveram em parte do Oeste e Sul, com o setor Leste adesivado pela Conmebol para a transmissão. Foi uma batalha de cantos como “Brasil, decime qué se siente tener en casa a tu papá” e “êta, êta, êta, o Messi não tem Copa, quem tem Copa é o Vampeta” e reações a cada lance plástico de Neymar ou Messi.
Aglomeração e testes falsificados
A iniciativa da Conmebol teve consequências que a entidade e os governos federal, estadual e municipal disseram que seriam evitadas no anúncio da mudança de sede para o Brasil, em maio. Diversos focos de aglomeração de pessoas foram registrados nos arredores do estádio, além de falsificação de testes de covid-19. Dos 5,5 mil convites foram 2,2 mil para cada federação nacional e mais 1,1 mil para patrocinadores e dirigentes. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi um dos presentes no Maracanã.