Há uma máxima no meio da estatística que “para se saber o sabor de um bolo não é necessário comê-lo todo”. Desde que todos os ingredientes usados na receita tenham sido colocados na medida exata e batidos no ponto certo, uma “provinha” dele é o suficiente para se certificar ou não da gostosura da guloseima.
Este mesmo raciocínio vale para uma pesquisa quantitativa: se o universo dela for bem definido e representativo, uma pequena talhada deste expressará com fidelidade o pensamento majoritário da população naquele intervalo de tempo.
Nada garante, no entanto, que na próxima fotografia os sorrisos e lágrimas sejam os mesmos: quem está em cima pode despencar e quem está embaixo pode escalar.
É apenas um indicativo momentâneo e, ao que parece, a pesquisa divulgada atendeu às exigências da culinária matemática.
Pesquisa, no entanto, tem algo em comum: quem não aparece bem na fita sempre arranja um meio de questioná-la.
A pesquisa feita pela Federação da Indústria do Acre revela que, se a eleição fosse hoje, o governador Gladson Cameli daria uma lavada em seus concorrentes.
Isso foi o estopim para o disparo de diversas declarações acerca da credibilidade do Instituto e dos métodos utilizados.
O inusitado é que os resultados da aprovação do presidente Bolsonaro, na mesma pesquisa, não foram questionados.
No meu entendimento, o X dessa equação é que o personagem Gladson ainda se revela maior que os resultados de seu governo e os adversários dele não despertam qualquer empolgação nos eleitores.
Sua empatia com a população é inquestionável. O povo não enxerga nele alguém mal intencionado e de má vontade. Ao contrário: acredita que ele pode realizar.
Do meu conhecimento, poucos foram os governadores do Acre com capacidade de reconhecer os próprios erros, sem receio.
O comportamento solidário dele na gestão da pandemia e o respeito à ciência o formataram como alguém cujo desejo era salvar vidas.
Óbvio que a gestão de Gladson precisa melhorar e melhorar muito. Seus secretários precisam ser mais eficientes e ousados.
O setor mais empacado é exatamente o que tem como patrono o senador Márcio Bittar. Os projetos das obras não saem do papel. Aliás, boa parte ainda não está sequer no papel.
Alocar emendas no orçamento e sair cantando de galo nas redes sociais é algo que se faz no “piloto automático”.
A suadeira é elaborar, sem ter equipes de profissionais técnicos em números razoáveis, os projetos básicos bem feitos, orçamentos das obras, obter licenciamentos, licitar e toda espécie da burocracia legal etc.
Os possíveis adversários na reeleição devem muito mais explicações que necessariamente a credibilidade para apontar o dedo para cobranças.
E isso se deve aos seguintes motivos: o PT carrega, amarrado no tornozelo, a bola de ferro forjada durante os 20 anos de perseguição, corrupção e intolerância. Os ex-aliados de Gladson tiveram o privilégio de indicar nomes para ocupar setores estratégicos na administração e os resultados apresentados são vergonhosos.
No mais, as reclamações fazem parte daquilo que os juristas chamam, data venia, de “ o jus sperniandi”, ou seja: o direito de espernear.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com