Tombada no dia 13 de fevereiro de 2008 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Casa de Chico Mendes permanece fechada à visitação pública desde 2018. Transformada em espaço de memórias, a moradia do líder seringueiro nos últimos anos da sua vida já havia sido tombada como patrimônio histórico do Acre, dois anos antes.
A pequena casa de madeira, localizada no número 10 da rua Dr. Batista de Moraes, Setor 1, Distrito 1, Lote 290, em Xapuri, é o local da tragédia que comoveu o mundo, em dezembro de 1988, e estabeleceu um novo período para a luta dos seringueiros e excluídos do Acre. O lugar acabou virando atração turística e já chegou a receber mais de dez mil visitantes por ano.
Mantida por meio de contrato de locação entre a família e o governo do estado durante as gestões petistas, o espaço foi fechado a partir do início do mandato de Gladson Cameli, que não se dispôs a dar continuidade na relação anterior. Desde lá, várias tentativas de um novo acordo foram ensaiadas, inclusive envolvendo uma ONG, mas sem nenhum resultado concreto até o momento.
A SOS Amazônia, que teve Chico Mendes como um de seus sócios fundadores, chegou a iniciar um diálogo com a família do seringueiro para um acordo de reabertura da casa. As conversas avançaram até certo ponto, mas cessaram após a administração do patrimônio ser transferida para o Instituto Viva Chico Mendes, segundo Miguel Scarcello, diretor-executivo da organização.
O presidente do Instituto Viva Chico Mendes, é Sandino, o filho mais novo do seringueiro. Segundo ele, foi realizada uma vistoria recente no patrimônio que detectou avarias na estrutura física do bem, que por ser de madeira é bastante suscetível à ação do tempo, motivo pelo qual a família dialoga com o IPHAN a respeito de uma nova restauração da casa.
“Com essa vistoria foi verificada a necessidade de se fazer essa restauração, pois fechada durante esse tempo, a casa deteriorou um pouco. Estamos em conversas com o IPHAN para a realização dessa pequena reforma, ainda esse ano, e apenas depois disso vamos retornar às conversas para a reabertura da casa”, explicou o herdeiro do líder sindical.
O ac24horas também procurou o IPHAN para falar a respeito do assunto. A reportagem enviou algumas perguntas à Assessoria de Comunicação do Instituto, que foram respondidas pela arquiteta da equipe técnica do Iphan/AC, Thais Possenti. Ele destacou o diálogo que o Instituto tem com a família de Chico Mendes e com órgãos voltados para a cultura e o patrimônio no Acre, mas explicou que por conta da pandemia as conversas foram reduzidas.
Ac24horas – O IPHAN tem dialogado com a família de Chico Mendes e com os órgãos voltados para a cultura e o patrimônio no Acre?
Thais Possenti – Sim. O IPHAN tem um diálogo com a família de Chico Mendes e com os órgãos voltados para a cultura e o patrimônio no Acre. No ano de 2020 foram realizadas algumas reuniões com a família de Chico Mendes, bem como com representantes do Instituto Viva Chico Mendes, da Prefeitura Municipal de Xapuri e da Fundação Elias Mansour – FEM. A proposta era criar estratégias sustentáveis para realizar a reabertura, manutenção e conservação do bem tombado. Por conta da pandemia, o diálogo foi reduzido.
Ac24horas – Representa uma preocupação (e qual o nível dela) para o IPHAN ter um patrimônio tão importante fechado, o que o torna mais suscetível à deterioração?
Thais Possenti – A preocupação de fato existe, não só por parte do IPHAN, mas por todos os interessados, incluindo a família do Chico Mendes. O IPHAN realiza periodicamente fiscalizações na Casa de Chico Mendes, em seu acervo interno e no seu entorno, como competência de verificar suas condições de conservação, existência de danos e possíveis intervenções que possam descaracterizar o bem. Ressaltamos que se trata de um bem tombado em madeira, onde as peculiaridades e a fragilidade do material determinam a situação estrutural da edificação. O imóvel em questão localiza-se numa área suscetível a alagações, com incidência de substâncias poluentes, principalmente poeira e queimadas; fortes chuvas e alto teor de umidade, o que contribui na deterioração da madeira, reduzindo a vida útil do material. O IPHAN sempre teve uma preocupação com a conservação do bem, em 2016 foi responsável pela obra de Restauro e Conservação da Casa de Chico Mendes. Após este período sempre acompanhou as manutenções realizadas pela Fundação Elias Mansour e pela família.
Ac24horas – Qual a autonomia do Instituto sobre decisões ou ações relacionadas ao patrimônio tombado, uma vez que ele é uma propriedade da família?
Thais Possenti – Dentre as competências do IPHAN é fomentar e promover a cultura, assim como realizar ações de cunho educativo e fiscalizar bens acautelados, destacando sua conservação, agindo na autorização de intervenções e quando da existência de danos. No tocante ao bem “Casa de Chico Mendes e seu acervo”, informa-se que as decisões e ações relacionadas àquele imóvel sempre foram pautadas no alinhamento entre este Instituto, demais entes e a família. Em que pese a Casa de Chico Mendes seja um bem tombado e passível de fruição social, cabe aqui ressaltar que por se tratar de uma propriedade privada, este IPHAN entende que os direitos da família do Chico Mendes devem ser respeitados a todo momento.
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