O IBGE divulgou no último dia 23/6, os Indicadores Sociais de Moradia no Contexto da Pré-Pandemia de Covid-19. O estudo aprofunda a análise das condições de vida da população brasileira, com foco em características dos domicílios: abastecimento de água; adensamento domiciliar; existência de banheiro e rendimento domiciliar. Os indicadores foram gerados a partir da PNAD Contínua 2019. Nosso objetivo de hoje é destacar os dados do Acre no referido estudo.
Enquanto no Brasil, quase 62,2% da população moravam em domicílio com abastecimento diário e com estrutura para armazenamento de água, no Acre esse contingente era de somente 19,3%, ou seja, o restante (80,7%), mais de 690 mil pessoas, tinham alguma dificuldade de acesso à agua, o que poderia dificultar a higienização das mãos e de objetos em 2019. No Brasil, enquanto 12,2% moravam em domicílio com abastecimento diário e sem estrutura para armazenamento de água no Acre, somente 1,2% tinham esse benefício. Os domicílios com frequência de abastecimento inferior à diária, no Brasil eram 10,2%, no Acre eram 34,0%.
Dispor de água oriunda de rede geral de distribuição, com abastecimento diário e com estrutura de armazenamento em seu domicílio, significa melhores condições de cumprir as recomendações de higienização, estabelecidas pelas autoridades sanitárias. No Brasil, 11,9% das pessoas eram abastecidas por outra forma que não a rede geral e no Acre eram 33%. Além disso, no Acre, 12,4% dos domicílios que não estavam ligados à rede geral de água não contavam com canalização enquanto no Brasil essa proporção era de somente 3,4%. Ainda no Acre, 79,5% das pessoas moravam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água. No Brasil, essa proporção era de 25,6%.
Era com esses indicadores sociais que as autoridades sanitárias iriam enfrentar a pandemia do novo coronavírus, onde o hábito de lavar as mãos corriqueiramente passaria a ser tão relevante para a manutenção da saúde das pessoas e prevenção da covid-19. Portanto, o mínimo que se podia fazer era disponibilizar a água para que as pessoas, pelo menos, conseguissem lavar as mãos. As máscaras também precisavam ser lavadas. Evitar a aglomeração também era outra recomendação para evitar o colapso do sistema de saúde.
Os indicadores sociais de moradia no contexto da pré-pandemia de Covid-19, trazidos pelo IBGE mostram dados de uma triste realidade brasileira. Infelizmente os dados do Acre são ainda mais dramáticos que os nacionais. É inquestionável que esses indicadores contribuíram para termos vividos momentos dramáticos no enfrentamento da doença, com o estrangulamento da rede pública e privada em função do crescimento da demanda e por busca de atendimento médico-hospitalar por aqueles que foram acometidos gravemente pela doença. Nos dados do dia 29/6, no Acre, para uma população de 881.935 pessoas, o número de casos era de 85.463, com 1.736 mortes. O quadro atual é de desaceleração de mortes e de novos casos. Tudo indica que estamos vencendo a guerra. Mas não podemos baixar a guarda. Não obstante, existe muito trabalho pela frente para melhorarmos os indicadores sociais.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.
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