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Em Xapuri, católicos retomam romaria de São João do Guarani

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Há mais de 100 anos, o dia 24 de junho é marcado em Xapuri por uma das maiores manifestações religiosas do município. No dia de São João Batista, a comunidade católica local também celebra uma alma milagrosa conhecida como São João do Guarani, cuja fama é conhecida até mesmo em outros estados da federação, atraindo devotos de diversas localidades.


João do Guarani foi, segundo relatos orais, um seringueiro que morreu sozinho no meio da floresta no começo do século 20, possivelmente vítima de malária. Encontrado e sepultado por vizinhos, algum tempo depois teria passado a atender pedidos feitos por moradores da região, que eram adeptos de forte religiosidade, ganhando fama de milagreiro.

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Anualmente, é realizada uma romaria que leva centenas de pessoas à localidade distante cerca de 40 quilômetros de Xapuri – hoje uma estrada de chão dá acesso ao local. Geralmente é realizada uma grande festa na comunidade, com o apoio da prefeitura e da igreja católica, cuja programação reúne atividades religiosas, esportivas e culturais.


No ano passado, a pandemia impediu que o evento fosse realizado, talvez pela primeira vez desde a sua origem, o que não impediu que muitas pessoas se dirigissem à localidade, mas o momento vivido em razão do novo coronavírus fez com que, no entanto, pela primeira vez em tantos anos a grande festa não acontecesse como de costume.


Neste ano, o empresário e músico Almir Ribeiro, xapuriense radicado em Rio Branco, pagou a sua promessa de fazer uma reforma completa no santuário de João do Guarani, que estava com a aparência bastante desgastada. No caso do cruzeiro, a peça de bronze foi totalmente lixada e pintada na sua cor original, segundo Ribeiro, que relatou a motivação de sua promessa.



Segundo ele, o cruzeiro que está diante da capela de João do Guarani foi construído em Belém (PA) e instalado no local pelo seringalista Valdemar Teles Brilhante, popularmente conhecido como Nenê França, como pagamento de uma promessa que fez quando seus negócios começaram a desandar. Com a graça alcançada, o seringalista cumpriu o prometido.


“Eu acabei de me criar a 20 minutos dali e meu pai, nessa época, era quem cuidava de tudo lá. Muito tempo depois, quando meus negócios começaram a dar errado, me inspirei na história do Nenê França e fiz uma promessa de reformar o santuário e devolver o cruzeiro ao estado original caso as coisas se resolvessem. E foi isso o que aconteceu”, contou Almir Ribeiro.


A história

As origens do culto ao “santo seringueiro” de Xapuri não são muito claras, mas acredita-se que as manifestações relacionadas a João do Guarani começaram a ocorrer por volta do ano de 1906, depois que um homem se perdeu nas matas daquela região ao desviar de uma cruz, seu objeto de medo, que havia avistado ao longo do varadouro.


Para encontrar o caminho de volta, o homem teria recorrido a uma “promessa” ao seringueiro falecido e, assim, encontrado a saída, avistando novamente a cruz, e atribuindo o fato à alma de João. A partir daí a tradição foi ganhando força com o passar dos anos e o seringueiro de fim trágico se tornou uma das mais conhecidas almas milagrosas do Acre.



Outro relato interessante é o de que João não residiria na colocação Guarani, como muitos pensam, mas sim em uma outra localidade, no seringal Recife, na região do Rio Iaco. O Guarani seria apenas um local de passagem para Xapuri e o seringueiro, que seria pernambucano, teria morrido ali, na beira do varadouro, onde foi levantada a capela em sua homenagem.

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É importante ressaltar que não há uma história “oficial” a respeito da alma milagrosa de São João do Guarani. Os relatos são orais e contados de diversas maneiras através dos anos. No entanto, a essência das informações que foram sendo transmitidas de geração em geração é sempre a mesma: a morte de um seringueiro em condições de abandono e sofrimento no meio da floresta.


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