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Casal constrói a maior rede de maquiagens do Acre

Por
Thais Farias

O que era para ser apenas um negócio paliativo enquanto um jovem casal tentava se manter com um filho recém-nascido, acabou se tornando a maior rede de maquiagens do Acre. O sucesso adquirido por meio das redes sociais fez a antiga, pequena e despretensiosa Delly Store dar origem a um grupo empresarial consolidado, composto por oito lojas e três marcas genuinamente acreanas.


A Delly Store se transformou na Casa Make, atualmente presente em diversos bairros da capital acreana. Dos mesmos proprietários vieram as lojas de assistência técnica Ifix e, por último, o mais novo formato de empreendimento do casal, a Casa Mix. Delly Costa, de 28 anos, e Mateus Castro, de 27, eram apenas sonhadores quando se propuseram a abrir uma loja online para sobreviver financeiramente, em meados de 2014. Hoje, já planejam expandir a marca para todos os estados da Região Norte.



“Começamos para sobreviver. Nunca achamos que iríamos chegar a tantas lojas e que o grupo iria ficar tão grande para o estado. Nosso filho era recém-nascido quando decidimos abrir uma loja que começou com assistência técnica. Quando percebi, a Delly já estava colocando maquiagem, bijuteria, e ela foi meio que me expulsando da loja”, disse aos risos o esposo e sócio, Mateus. “Foi aí que a gente decidiu formatar, deixar a assistência técnica de lado e focar na venda de bijuteria, maquiagem e acessórios femininos. Isso já faz 7 anos”, relembra.


Delly revela que a criação da empresa nunca foi algo de caso pensado. “Foi um negócio de sobrevivência mesmo. Começamos em casa, a loja física só veio depois. Aproveitamos o sucesso do Facebook e dos grupos dessa rede social na época, que até então eram confiáveis. A gente fazia entrega às 22 horas na Sobral. Era uma realidade muito boa e que hoje não existe mais”, diz a empresária.


O pontapé inicial

Quando decidiram deixar de ser uma loja online para abrir um ponto fixo, o trabalho ainda era bem amador. A loja não possuía fachada e frequentemente faltava estoque. Os únicos funcionários eram o casal, que trabalhavam com o filho o dia inteiro até altas horas da noite dentro do pequeno estabelecimento. “O primeiro ponto foi na Avenida Ceará. Depois, em 2016, mudamos para a Nações Unidas. Nesse segundo ponto a gente já estava decidido de que a loja seria para venda de acessórios femininos”, contam.



Nesse momento eles já tinham um público fiel de clientes que haviam sido conquistados através das vendas nas redes sociais. “Naquela época o Facebook atingia muita gente e conseguimos uma clientela muito boa. A gente até se assustava com isso, porque nós começamos totalmente online”, explica Mateus, que saiu de Sena Madureira para “fazer a vida” em Rio Branco.


O casal chegou à capital praticamente à deriva, sem conhecer ninguém do ramo empresarial, sem amigos próximos, sem nem mesmo saber por onde começar. Por isso a ideia de abrir a loja no meio virtual. “Quando abrimos a primeira loja física, chegamos lá só com o dinheiro do aluguel, mas também sempre priorizamos ter mercadoria”, afirmam Delly e Mateus.


Trabalho de formiguinha

O projeto deu certo e o casal percebeu que o que estava dando retorno naquele momento era o ramo de maquiagens e acessórios femininos. “E fomos agradando nosso pequeno público. A gente começou a fazer um trabalho de formiguinha lá na loja. Após o expediente, depois de passar o dia inteiro na loja, ainda íamos fazer entrega até às 23 horas. E foi assim que começamos a ter nossos clientes”. Depois disso, já em 2018, os dois ampliaram para uma loja maior, no bairro Bosque.



“Ficamos lá e a partir dessa época tivemos a ideia de fazer uma ruptura para algo muito maior. Trabalhávamos muito com maquiagem e outros objetos, então foi um desafio muito grande querer focar só nesse nicho. Foi mais uma questão de visão a longo prazo, de se posicionar no mercado, em ser bom só numa área”, relata Mateus.


Delly lembra que sempre tiveram de lidar com os concorrentes, que sempre foram muitos, mas nunca se preocuparam com isso. “Só que nessa época não tinha ninguém que era focado só em maquiagem”, aponta. Para o esposo e sócio, esse foi o diferencial da aposta do casal. “Nossa ‘expertise’ foi focar num só segmento, que era a maquiagem. Porque até então todo mundo tinha tudo e não tinha nada ao mesmo tempo. A gente queria ser referência”.


Preço fixo a R$ 10

Com o sucesso consolidado no ramo das maquiagens e acessórios, Delly e Mateus toparam enfrentar um novo desafio no ano de 2019: tornar o empreendimento com preço fixo de R$ 10. Delly foi extremamente relutante, achou que não daria certo, mas Mateus estava convicto de que o plano teria de ir adiante. “Ela [Delly] achava loucura, meu pai, que é empresário, também achou loucura, mas eu tive a visão de que ia dar muito certo. Iríamos entregar um produto barato, mas com qualidade”, explica.



Os anos de 2019 e 2020 foram de muita correria na vida do casal. A ideia de transformar a loja com preço fixo a R$ 10 surgiu acompanhada de muitas incertezas, principalmente com a instalação da pandemia do novo coronavírus em solo acreano. O projeto de expandir o grupo não contava com tamanha crise no meio do processo. Mesmo assim, os planos não foram abandonados.


Aliás, se 2020 foi um ano de muitas tragédias, também foi um ano de prosperidade para o casal. Muitos aconselhavam Mateus de que aquele não era o momento de investir, de abrir novas lojas. Porém, ele queria mais. Delly sempre atuou no setor financeiro da empresa e alimentava o desejo de lucrar cada vez mais. Já Mateus visava o volume, a grande quantidade de mercadorias.



“Sempre tive a visão de supermercado, de ter giro, movimento. Não queria abrir a loja para entrar duas pessoas somente. Eu queria um negócio revolucionário em Rio Branco, já que até mesmo a nível de Brasil esse modelo de preço fixo é bastante complicado”, salienta o empresário.


A criação de uma rede

A mudança ocasionou uma transformação profunda na vida dos sócios. O que era uma dúvida passou a virar certeza quando começou a faltar estoque na loja, tamanha a demanda dos clientes pelo preço fixo a R$ 10. “Foi aí que eu pensei: agora eu me lasquei”, brinca Mateus. A loja aberta na Travessa Guaporé foi a primeira a trabalhar com o preço fixo.



“Depois de muita loucura, correria e muita procura de clientes, vimos que era a nossa hora de crescer. Eu [Mateus] sempre quis fazer uma rede, planejei para sermos o que somos hoje, sempre quis estar onde estamos hoje”, pontua. A mudança de Delly Store para Casa Make ocorreu por questão estratégica no nome. Após isso, em outubro de 2019, foi aberta a primeira loja já com o nome de Casa Make. A do Bosque também teve o nome alterado. Delly relata que isso foi uma das dificuldades que enfrentaram porque “os clientes já tinham se acostumado com o nome antigo e quando a gente mudou, eles tiveram que se adaptar também ao modelo”.


A alteração no nome da loja foi mais para desvincular o Delly da linha de frente. O casal sempre trabalhou junto, mas enquanto Delly Store, a esposa era sempre muito procurada pelas clientes, que iam ao estabelecimento para comprar, conhecer e conversar com a famosa Delly. “Chegou num ponto que, quando ela não estava na loja, a gente não vendia. As pessoas sentiam a necessidade de estar perto. Isso é muito legal, mas começou a interferir no trabalho, uma vez que nosso intuito já era de fazer rede. Então a gente precisava desvincular esse nome”, conta. Os empresários já estão no final do processo para patentear o nome Casa Make.


Os negócios com a pandemia

A Casa Make está sendo trabalhada para ser uma marca e crescer para outros estados. “Ainda em 2020 fomos para o bairro Estação Experimental, foi quando o Acre decidiu fechar o comércio por conta da pandemia”, lamenta Delly, afirmando que para ela essa foi uma das partes mais difíceis que já passou na vida como empresária. “Mas também foi um ano muito especial para nós. Ficamos com medo, fechamos, mas a gente cresceu muito mesmo na pandemia”.


Mateus estava certo de que quando a situação da pandemia aliviasse, seria a largada de quais empresas seriam maiores. “Se eu empatasse [com as demais empresas], estava no lucro. Se eu não demitisse ninguém, era minha meta. A gente estava crescendo, reinvestindo no estoque, abrimos mais lojas e com a oportunidade de um ponto comercial que jamais iria estar disponível sem a pandemia. Vagou um ponto que nunca tinha vagado antes”, diz.



Para Delly, era a oportunidade que o casal tinha para ampliar o negócio de verdade. “Demos um jeito e fizemos. Antes disso, estávamos há uns três anos tentando uma vaga para abrir loja no shopping. Por conta da concorrência, nunca conseguimos. Já estávamos em negociação com outro estado, com contrato pronto, mas resolvi tentar um espaço no shopping mais uma vez”.


A tentativa deu certo e, com o advento da pandemia, muitos lojistas deixaram o shopping, o que permitiu que a Casa Make pudesse abrir no local. “Nos aceitaram e conseguimos abrir duas Casas Makes, uma no Centro e outra, em outubro, no shopping”.



Aliados ao sucesso da Casa Make, os empresários também investiram na Ifix e na Casa Mix. A primeira, com operações no bairro Bosque e também no shopping de Rio Branco, trabalha com assistência técnica e acessórios tecnológicos. A segunda vende um pouco de tudo, com foco em itens de decoração e cozinha, com preço fixo de R$ 10. Ao todo, são 2 Ifix’s, 5 Casa’s Make e 1 Casa Mix. “Durante a pandemia, abrimos 2 Casa Make, 1 Ifix e uma Casa Mix, só de 2020 para cá foram mais 4 lojas.


Mais de 40 funcionários atuam nos três empreendimentos do casal. Com a Covid-19, a preocupação também era continuar mantendo os colaboradores com seus salários. “Alcançamos a nossa meta, que era não demitir ninguém por conta da pandemia. Trabalhamos muito com delivery na pandemia. Nesse tempo todo, mais de um ano, apenas uma colaboradora da nossa equipe de mais de 40 pessoas foi infectada. E foi numa semana que ela estava afastada do serviço. Para não demitir, fizemos banco de horas. Mais ninguém nesse mais de um ano se infectou”, asseguram Mateus e Delly.



Ambos se dizem sempre muito rigorosos quanto às medidas sanitárias contra o coronavírus. “Priorizamos o emprego, a saúde, e exigimos que todos sigam as normas. A gente não podia parar, mas precisávamos da ajuda deles, que tinham que se prevenir da mesma forma que a gente estava se prevenindo. Tanto que até hoje não fomos diagnosticados com a doença. Quando formos abrir a Casa Mix, procuramos os órgãos fiscalizadores para saber como deveríamos fazer. A fiscalização foi até nós e nos garantiu que estávamos dentro do padrão”.


Expectativas para o futuro

O objetivo do casal é expandir para fora do estado. “Queremos que até o final deste ano possamos abrir mais operações para outras capitais. Estamos analisando se vai ser em Porto Velho (Rondônia) ou Manaus (Amazonas). A nossa empresa é focada no Norte”, garante Mateus. Junto a Delly, ele possui um modelo de negócio que chama atenção de franqueadores. “Mas, hoje, não queremos franquia. Pretendemos abrir loja própria”.



O casal salienta que o próprio Grupo Saphyr tem o interesse de colocar a marca Casa Make em todos os shoppings geridos. “E vamos abraçar isso, claro com o pé no chão, da maneira do possível com caixa próprio, sempre visando o investimento a longo prazo. Queremos expandir para os municípios também, pois temos um público bem fiel no interior”.


A Casa Mix já é um formato que os proprietários não têm a intenção de distribuir pelos bairros, uma vez que requer uma estrutura bem maior. O formato desse empreendimento precisa de lugares espaçosos, de preferência em pontos centrais da cidade. “Pretendemos, em cada capital do Norte, colocar essa loja em operação”.


Visibilidade

O sucesso conquistado em pouco tempo fez com que o Grupo ganhasse o respeito dos colegas empresários. Atualmente, o casal é bastante procurado por outros empreendedores que também buscam um lugar de destaque no ramo. “Nós crescemos muito rápido. Por isso, temos um projeto que servirá para ajudar outras pessoas. Já fizemos mentoria, mas vamos montar um projeto para ajudar pessoas que estão começando ou até quem já está no ramo com cursos e mentorias”.


De 2019 para 2021, foram oito lojas abertas pelo casal, com isso, alguns ainda pensam que a marca se trata de um grupo de outro estado. “Acreditamos que nosso sucesso se deu porque nosso foco sempre foi o mesmo. Estamos 24 horas pensando no negócio. Chegamos a trabalhar 16 horas por dia. É a gente que sempre pensa em tudo, até na fachada das lojas. Pensamos muito como cliente”, afirmam.


Delly reforça que ela e o esposo sempre buscaram crescer. “Não tínhamos outras coisas paralelas, não tínhamos outro emprego, outra opção. Tínhamos que fazer essas empresas darem certo”. Para ela, esse fator fez a empresa dar um passo a frente. “Hoje as pessoas pensam mais em lucrar. A gente pensou nisso a longo prazo”. Mateus relembra ter pensado: “se a gente investisse tudo naquele momento, colheríamos os lucros depois”.


Até hoje, Delly e Mateus dizem ter um salário irrisório na empresa, pois sempre estão focados no desempenho das empresas, em contratar mais pessoas, aumentar o lucro e o poder de compra.


Diferencial

Outro diferencial do casal está em dar oportunidade sempre àqueles que estão em busca do primeiro emprego. Hoje, o grupo é conhecido por formar profissionais na área. “Temos ainda o projeto de fazer uma escola para preparar a pessoa a entrar no mercado de trabalho. Hoje nosso foco é formar pessoas. É daqui de Rio Branco vão sair nossos próximos gerentes que irão para fora do estado”.



Mateus não acredita na cultura de o funcionário chegar pronto à empresa. “A maioria dos nossos funcionários são do primeiro emprego. Temos gerentes que nunca haviam sido gerentes antes, gerentes que tiveram seu primeiro emprego com a gente. Achamos mais rápido formar uma pessoa no primeiro emprego do que mudar uma que já vem com vícios de outra empresa”.


Delly reconhece a importância de ter um funcionário bem capacitado. “Sabemos hoje que ter funcionários não é um problema, pelo contrário, eles nos ajudam a crescer. Precisamos ter funcionários ao nosso lado, sempre trocando experiências, para que possamos crescer juntos”, finaliza.


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