A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) sugeriu que o intervalo entre as doses da AstraZeneca deve ser encurtado em razão da predominância das novas variantes no continente. Desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca, a vacina tem outro nome na União Europeia, Vaxzevria. O espaço de tempo sugerido entre a primeira e a segunda vacinações é de três meses.
O chefe do Escritório de Ameaças à Saúde Biológica e Estratégia de Vacinas da EMA, Marco Cavaleri, disse em entrevista nesta quinta-feira, 17, que, com base em dados do Reino Unido, a primeira dose da AstraZeneca é eficaz contra a variante Delta, mas uma segunda dose aumentou a proteção de maneira significativa. “Visto que a proteção com a primeira dose é baixa no confronto com a variante Alpha, que estamos vendo circular muito na Europa, seria importante que o intervalo entre as duas doses fosse encurtado”, disse ele.
A cepa Alpha do coronavírus Sars-CoV-2 foi detectada primeiramente no Reino Unido, sendo também conhecida como B.1.1.7; já a Delta foi localizada pela primeira vez na Índia e também pode ser chamada de B.1.167.2. Atualmente, diversos países prorrogaram o prazo de aplicação entre as duas doses para três meses, mas os testes iniciais previam a administração da segunda dose após 28 dias.
Também na entrevista, Cavaleri foi questionado sobre o “mix” de imunizantes diferentes, em prática que vem sendo adotada por alguns países europeus por conta de temores sobre a AstraZeneca. Segundo o especialista, “com base em experiências do passado, essa pode ser uma estratégia a ser implementada, mas no caso da Covid-19 as provas são limitadas e é importante colher mais dados e monitorar com atenção”.
Até por terem mais doses disponíveis de outras vacinas, diversos governos optaram por fazer o mix entre a vacina da AstraZeneca e uma outra de RNA mensageiro. No entanto, não há estudos robustos sobre o tema. “Mas, assim que tivermos os dados, por exemplo, do estudo britânico que está sendo feito, analisaremos as recomendações sobre a mistura”, acrescentou.
A EMA também recomendou que a Vaxzevria não seja aplicada em pessoas que tenham histórico de Síndrome de Extravasamento Capilar Sistêmico, também conhecida como Doença de Clarkson. Trata-se de uma síndrome rara, provocada pelo aumento da permeabilidade capilar. Com isso, há uma espécie de “vazamento” de fluídos de pequenos vasos sanguíneos.
De acordo com o órgão, a recomendação deve constar em bula como um novo efeito colateral raro e deve ser feito o alerta para que os profissionais de saúde questionem as pessoas acerca do problema. É apenas uma precaução, já que, até o dia 27 de maio, data da análise, mais de 78 milhões de doses já haviam sido administradas e apenas seis casos foram registrados. “A maior parte ocorreu com mulheres, dentro de quatro dias de vacinação. Três das afetadas tinham um histórico da síndrome e uma delas morreu”, informou a entidade.
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