Se fosse uma pessoa em carne e osso, o Estado do Acre estaria às vésperas de se tornar, matematicamente, um idoso.
Chegamos aos 59 anos, mas com os ouvidos zunindo pela surdez causada em razão do intermitente barulho de tantas promessas de avanços socioeconômicos.
A impressão é que fraquejamos antes dos 60.
Nesses anos todos, avançamos muito pouco. Em alguns aspectos, até regredimos.
De Wanderley Dantas, que abriu as porteiras para os “sulistas”, a Geraldo Mesquita, que pisou no freio dessa ocupação, passando por Nabor Júnior, que fez a extraordinária e difícil transição democrática, Flaviano Melo, Edmundo Pinto, Orleir Cameli, Jorge Viana, Binho Marque, Tião Viana e o atual Gladson Cameli, ainda estamos aguardando o progresso, o tão prometido desenvolvimento econômico.
Com 30 meses no mandato, Gladson tem seu governo marcado pelo enfrentamento da maior crise sanitária mundial, onde o objetivo do povo é sair vivo.
Nosso vizinho Rondônia, 20 anos mais novo, é destaque nacional na produção de diversos grãos e terceiro produtor brasileiro de gado.
Exceto “Dantinha”, que prometera “um marco de progresso na vida do Acre”, em nenhum outro governo o sarrafo das expectativas eleitoreiras esteve tão elevado quanto nos períodos petistas.
Dos 38 anos que acompanhei, por fora e por dentro da política, mais da metade desses anos foram geridos pelos companheiros.
A florestania seria a escola mundial do uso sustentável dos recursos madeireiros e os povos da floresta uma casta com estilo de vida comparável aos finlandeses.
Por si, os indicadores refletem o fracasso do modelo e o dinheiro derramado fora.
Se governadores anteriores foram massacrados e algemados, tanto pela cultura inflacionária quanto pelo distanciamento do governo federal, o petista Jorge Viana surfou na onda do Plano Real e na simpatia dispensada ao Acre pelo presidente FHC.
Dinheiro chegou a rodo. E, na época de Lula, então, a enxurrada foi ainda maior.
Ainda que o Acre tenha recebido recursos federais subsidiados para vários programas, nada se compara ao momento de ouro de crescimento da economia brasileira, no qual perdemos de pegar carona no desenvolvimento nacional.
Ainda estamos na janela aguardando as filas de carretas rumo ao oceano Pacífico e os leitos da rede hoteleira prometidos alimentam pesadelos.
Às sucatas da Cila, Codisacre e Colonacre, por exemplo, se juntaram os elefantes brancos das fábricas de tacos, de camisinhas, fábricas de ração e frigorífico de peixes.
Do melhor lugar para se viver na Amazônia, do Estado que seria a referência em todas as atividades em que se aventurava, continuamos sendo a economia que se movimenta pela força dos salários de servidores, aposentados e pensionistas e programa Bolsa Família.
Precisamos urgentemente reunir nossas forças para espantar o fantasma desse envelhecimento precoce e recauchutar nossa autoestima.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com
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