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Livre de aftosa, Acre volta a registrar casos de raiva animal em bovinos

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Estado tem registrado casos da zoonose em bovinos e equídeos; Idaf recomenda vacinação de rebanhos

Casos de raiva, doença infecciosa que atinge mamíferos, inclusive o homem, causando distúrbios no Sistema Nervoso Central, vêm sendo registrados periodicamente em propriedades rurais no Acre afetando, principalmente, bovinos, mas também atingindo espécies como os equídeos.


A confirmação recente de novos casos no estado preocupa as autoridades sanitárias, pois a doença não tem cura e caso não seja controlada pode se tornar um sério problema para a saúde animal e humana. Sem tratamento possível, a única forma de combater a raiva é vacinando os rebanhos.


Neste ano, de acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf/Ac), foram registrados casos de raiva bovina em Feijó, Tarauacá e Xapuri. Neste último município, a doença foi confirmada em um cavalo entre cinco animais que morreram em uma propriedade no seringal São Francisco do Iracema.

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Xapuri havia registrado outro caso de raiva bovina, como na colocação Samaúma, uma comunidade do seringal São Francisco do Espalha, no início de 2019, quando o Idaf impediu a proliferação da doença com ações de Saúde Única, que envolve medidas preventivas voltadas para animais e seres humanos.


De acordo com a médica veterinária Ane Gabrielle Cardoso, chefe da unidade do Idaf em Xapuri, no casos dos cavalos mortos no município não foi verificada a espoliação recente (sinal de mordidas) por morcegos nos animais afetados, assim como nos bovinos da propriedade.


“Minha recomendação é para que os produtores vacinem os equídeos e os bovinos contra a raiva, que é uma zoonose, ou seja, ela pode ser transmitida aos humanos, não esquecendo de declarar a vacinação na unidade do Idaf no seu município. Mesmo que a vacinação não seja obrigatória, é essencial vacinar”, explicou.


Do ponto de vista da Saúde Única, o Idaf se responsabiliza pelas medidas de prevenção relacionadas aos animais de produção e as secretarias municipais de Saúde se ocupam das providências relacionadas a cães e gatos, além dos humanos, que também podem ser contaminados.


No que diz respeito à preocupação com a sanidade do rebanho bovino, em um momento em que o Acre acaba de obter o status de livre de febre aftosa sem vacinação em âmbito internacional, o ac24horas consultou o Idaf sobre se os casos de raiva confirmados recentemente colocam o estado em nível de alerta contra a doença.


“Não, não coloca o estado em nível de alerta, mas a vigilância contra a raiva tem que ser contínua e o Idaf faz isso todo ano. A cada aparecimento de casos de raiva em determinada localidade, o órgão vai lá e faz controle e prevenção da doença”, diz o coordenador de Educação em Saúde do órgão, Everton Arruda.


De acordo com o Idaf, a raiva é considerada uma das zoonoses (doenças que podem ser transmitidas entre animais e humanos) de maior importância em termos de Saúde Pública no Brasil, não só por sua evolução drástica e letal, como também por seu elevado custo social e econômico.


Estima-se que a raiva bovina na América Latina cause prejuízos anuais de centenas de milhões de dólares, provocados pela morte de milhares de cabeças, além dos gastos indiretos que podem ocorrer com a vacinação de milhões de bovinos.


Vírus mortal

O vírus da raiva ataca o sistema nervoso central, causando inflamação grave no cérebro e pode ser transmitido por mordida, arranhão ou lambida de mamíferos contaminados, como morcegos, cães e gatos, que ficam agressivos quando infectados.


Raiva e Saúde Única

Por ser uma infecção que acomete todos os mamíferos, o Idaf trabalha em conjunto com as secretarias municipais de saúde, através da vigilância em saúde na busca de solução para o controle e prevenção da raiva nas localidades.


Raiva humana

Segundo uma revisão recente, entre os anos 2000 e 2017, ocorreram 188 casos de raiva humana no Brasil, sendo a maioria em homens (66,5%) e em moradores de áreas rurais (67%). No Acre, os casos mais recentes da doença em seres humanos ocorreram nos municípios de Assis Brasil, em 2000, e Xapuri, em 2004.


Controlada no ambiente urbano por meio de campanhas de vacinação em massa de cães e gatos, a patologia tem feito registros na zona rural, afetando algumas espécies de mamíferos, entre os quais bovinos e equinos espoliados por morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue).

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*Essa matéria usou informações da dissertação de mestrado ‘Perfil Epidemiológico da Raiva Humana no Brasil, 2000-2017’, defendida por Alexander Vargas junto ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, em 13 de julho de 2018.


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